Jordan Sanders é uma empresária bem-sucedida, profissionalmente, mas incapaz de manter vínculos afetivos sustentáveis com as pessoas à sua volta. Tudo isso devido aos traumas vividos na sua infância. Assim, a personagem Sanders representa uma mulher de meia-idade que vive cansada da sua rotina, quando de repente, a Vida lhe oferece, magicamente, a oportunidade de voltar no tempo e ser jovem novamente. Esse fenômeno muda completamente a Vida de Sanders, pois possibilita que ela revisite suas experiências e as ressignifique. Passo importante para superar o seu passado e alcançar o amadurecimento.
Essa é a história por trás do filme “A Chefinha”. O filme é um prato cheio para falarmos sobre temas pertinentes como, por exemplo, o bullying na infância, a necessidade do autoconhecimento, a auto responsabilidade e a importância de ressignificar as nossas experiências e aprender com elas. Mas, para além de todos esses temas, há uma questão muito relevante que perpassa, ao longo de todo o longa metragem, que é o “como lidamos com o processo de amadurecimento”. Pois, em geral, vemos a maturidade apenas como um processo biológico e, por vezes, associamos ao processo de envelhecimento. O amadurecimento não pode ser restringido a uma única fase da Vida, mas a um processo contínuo e consciente, a partir dos eventos que nos acontecem e nos ajudam a evoluir.
O longa aborda a imaturidade da “Chefinha” de maneira leve e, às vezes, até muito engraçada, embora, não deixa de alertar sobre os riscos que podemos sofrer quando não aprendemos com as adversidades. A poderosa chefinha, no primeiro momento, aparece como uma mulher frustrada, arrogante e uma chefe insuportável, passando a colecionar relações sustentadas pelo desprezo e pelo medo. Parece-nos que quem tomava as rédeas da sua Vida era a criança magoada do passado, que ficou cristalizada no tempo e na psique de Jordan Sanders.
E o que seria então, amadurecer? Envelhecer é um processo, uma fase da Vida que todos nós vamos passar. Entretanto, ser idoso depende dos critérios que cada sociedade irá dar para o indivíduo. Já o que concerne ao conceito de maturidade, pode ser entendido de um conjunto de qualidades ou habilidades necessárias que o indivíduo possui para lidar com os desafios da Vida. Dessa forma, nem sempre, ao chegar aos 50 anos, pode-se dizer que se tem uma maturidade correspondente, como a exemplo da personagem principal do filme. A oportunidade que Jordan Sanders tem de reviver os estados de consciências do passado, faz com que ela perceba até que ponto é real ou fantasiosa a sua dor, para assim, superá-la e se posicionar diante da Vida, libertando-se das ataduras do rancor que a limitava.
Por fim, podemos aproveitar o filme em questão para refletir sobre o nosso amadurecimento. Ele só acontece se houver consciência, se estivermos atentos aos aprendizados que os fatos nos trazem. O caminho é individual, cada um terá que percorrer o seu, mas um dos grandes segredos é saber equilibrar as perdas e os ganhos. O difícil equilíbrio entre vantagens e limitações que a Vida nos oferece o tempo todo. Quando tomamos consciência disso, imprimimos um novo olhar para nós e para o mundo que nos cerca.