Nós dormimos, em média, oito horas por dia. No entanto, não dedicamos ao sono a mesma atenção que damos ao trabalho ou ao lazer, por exemplo, responsáveis pelo tempo restante. Paremos para pensar: quando vamos ao trabalho, colocamos roupas adequadas, escolhemos o melhor trajeto, e tentamos transformar o ambiente no mais adequado possível às nossas necessidades. Com o lazer não é diferente. Se vamos ao cinema, escolhemos o filme com antecedência, pensamos nas melhores opções de lanches, desligamos nossos celulares, e aproveitamos a experiência. Então, por que não nos preparamos tão bem assim para dormir? Talvez achemos que estar deitado ali, no escuro, não mereça tanta atenção, mas a verdade é que existe um Mundo inteiro, do outro lado, quando nossos olhos se fecham.
O sono é o descanso necessário para nossa Mente e nosso Corpo, não apenas para a reposição de energias, mas, especialmente, para processar e usufruir de muito do que vivenciamos quando estamos acordados. Tudo que aprendemos, por exemplo, precisa de uma boa noite de sono para se tornar proveitoso para o cérebro. Fazendo uma analogia, assim como um computador precisa ser reiniciado, após uma atualização, para que as mudanças possam surtir efeito e fazer parte da programação, o mesmo acontece conosco.
No entanto, dormir não atende a uma necessidade apenas biológica e vai muito além de atualizar nossos sistemas orgânicos, pois ele também é capaz de nos colocar diante de grandes Mistérios, como o Universo dos Sonhos e outros tipos de experiências oníricas. Todos conhecemos alguém que já relatou ter passado por uma experiência difícil de compreender, ou até de acreditar ter vivenciado. Às vezes, nós mesmos já estivemos em situações que não conseguimos explicar, e que não encontramos respostas claras a respeito dela na literatura, ou junto a especialistas: seja a experiência de sonhar que está presente em algum lugar onde nunca esteve (e depois confirmar que o local se assemelha com outro que existe de verdade); ou receber uma notícia surpreendente; ou ainda, enxergar um evento que, mais tarde, se confirmaria. Tudo isso não sabemos bem como definir. Mas se não entendemos, ao menos, não podemos ignorar que sim, essas coisas realmente acontecem.
A Ciência ainda não trata de se aprofundar nessas experiências, mas a Parapsicologia – uma corrente que estuda fenômenos psicológicos que não têm origem física diretamente no ser Humano, ou que não respeitam as limitações dos cinco sentidos conhecidos -, apresenta algumas hipóteses que podem ser transformadoras. Um exemplo dessa limitação é o estudo feito pelo Instituto do Cérebro de Paris que testou a prática utilizada por nomes conhecidos, como Salvador Dalí, Einstein e Thomas Edison, para alcançar o estado hipnagógico, essa sonolência que vem antes do adormecimento profundo e que consiste em ser despertado por um ruído alto quando estivesse prestes a adormecer. O método era bem simples: sentar-se numa cadeira, segurar um objeto pesado em uma das mãos, e colocar um prato ou bacia de metal embaixo do objeto. Assim que a pessoa adormecia, os músculos da mão relaxavam naturalmente, e deixavam o objeto cair, fazendo um grande barulho ao atingir o metal, impedindo que o sono chegasse a níveis mais profundos.
A pesquisa foi capaz de detectar o aumento da criatividade entre as pessoas testadas após a utilização do método, mas não conseguiu ir muito além e explicar porque isso acontece. Se buscarmos em outras fontes tão dedicadas quanto à ciência, a respeito dos mistérios do Universo, como a Filosofia e o Esoterismo, poderemos encontrar algumas hipóteses, que não são verdades absolutas, mas que nos fazem refletir sobre esse fenômeno.
Começando pela Filosofia. Uma das provas da grande importância do assunto, por exemplo, está na Mitologia Grega, que atribui papéis a todas as partes do sono, e que, como em toda construção Mitológica, guardam significados valiosos em cada um deles. Os Oniros, filhos de Nix, a Deusa da Noite, e irmãos de Hipnos, que representa o sono, são revelados como a representação mitológica dos Sonhos. Assim, os Sonhos entram em contato conosco à noite, através do sono, abrindo as portas de uma realidade superior e misteriosa que, de outra forma, não conheceríamos.
Segundo muitas Tradições antigas, a existência não acontece apenas no ambiente físico, esse em que vivemos a maior parte do tempo, mas também nos chamados planos sutis, ou seja, em camadas menos palpáveis, mais difíceis de percebermos a olho nu. Assim, para muitas dessas Tradições, o momento do sono seria o trânsito da consciência entre essas dimensões. Sendo assim, a oportunidade na qual o indivíduo poderia romper as limitações do corpo e atingir níveis mais elevados de experiência mental e emocional. Porém, nossas viagens oníricas ainda representam segredos para nós, em muitos aspectos.
Curiosamente, ao contrário de um computador, que quando desligado para de funcionar completamente e assume um estado de total adormecimento, nossa consciência migra do estado de vigília para o onírico quando dormimos, e nosso cérebro adota um ritmo de atividade tão acelerado que parece incoerente com a hipótese do mero descanso. A fase que nos conecta aos Sonhos, inclusive, é chamada de R.E.M., que é marcada por movimentos rápidos dos olhos e é responsável por grande comunicação neuronal, simulando um estado de vigília, como também um momento repleto de experiências.
Não é à toa que o estado hipnagógico desperta tanta curiosidade entre Artistas, Cientistas e grandes mentes da História, desde sempre. Ele tem a capacidade de nos alçar à uma espécie de limbo, onde deixamos para trás as amarras do Mundo concreto, que nos impedem de acreditar em tudo que sonhamos, mas, não nos deixa aportar completamente no Universo dos Sonhos, de onde voltamos frequentemente, dando pouco ou nenhum valor às magníficas e insólitas experiências que vivemos.
Vale a pena, portanto, investir mais tempo do nosso dia em planejar melhor nosso sono, para que nossas eventuais experiências astrais sejam proveitosas, e não sofram tanta interferência do Mundo material que insiste em nos atrair, a todo momento. Reduzir as luzes algumas horas antes do horário ideal de sono, que é por volta das 23h para a maioria, e deixar de consumir estimulantes à noite, seja cafeína, música alta, ou até séries ou filmes que despertam nossa mente, são bons exemplos de preparo para essa parte tão mística do nosso dia.
Ter uma boa noite de sono não apenas nos permite o tão merecido descanso, mas também permite que possamos entrar em contato com a parte mais sutil em nós, da qual nos distanciamos tanto, nos últimos séculos de nossa História. Dormir bem é uma expressão de Generosidade consigo mesmo, e se Você está Bem, nada o impedirá de fazer o Bem.