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Filme “13 Vidas – O Resgate”: A Força da União

Mesmo em tempos tão adversos como nós vivemos, surgem histórias que de tão inspiradoras e misteriosas parecem ser inventadas, é o caso do filme “13 vidas – o resgate”, baseado no acontecimento de 2018 na Tailândia, no qual 13 participantes de um time de futebol local ficaram presos dentro de uma caverna, inundada pela chuva à espera do resgate. O filme lançado em 2022, que pode ser assistido na plataforma de streaming Amazon Prime Video, relata os angustiantes dias em que o mundo inteiro acompanhou no noticiário como retirar os garotos e o treinador de dentro da caverna. Foram mais de 17 países envolvidos, com mais de 5 mil pessoas de diferentes expertises, numa força tarefa que nos faz recobrar a esperança na humanidade. 

O que era para ser um passeio trivial tornou-se um grande drama quando as chuvas na região chegaram antes do esperado, deixando o time inteiro preso a pelo menos 5 km caverna adentro, separados por muita água e cavernas submersas. Os doze garotos e seu treinador foram dados como desaparecidos poucas horas depois. As operações de busca começaram imediatamente, mas o nível da água dificultava o acesso das equipes de resgate. Isolados e sem comida por 9 dias, foram encontrados em 2 de julho por mergulhadores ingleses. Debilitados e com muita fome, eles estavam a 4 km da entrada da caverna e a aproximadamente 1 km de profundidade.

Apesar de todos nós já sabermos o final, o filme ainda nos toca, pois nos mostra o quanto foi importante desde o início da tragédia a solidariedade das pessoas, os pés nos chão para pensar nas possibilidades de respostas para a situação, mas também a imaginação para propor soluções nunca antes vista. Ou seja, o filme nos mostra a jornada, não somente das crianças que tiveram que passar também pela incerteza, o que pra nós já é muito inspirador, mas principalmente para aqueles que diante de uma situação adversa, diante da compaixão pelo outro, tiveram que dar tudo que tinham e um pouco mais para superar aquele drama e salvar aquelas vidas. Acompanhamos no filme pessoas orando, se apegando à sua fé e à justiça divina e o quanto isso em certa altura foi transmitido para os garotos lá dentro da caverna de tal maneira que transmitiu força para eles continuarem acreditando na saída daquela situação e suportando a fome, o frio, a escuridão e a incerteza.

Alguns moradores locais fizeram um esforço coletivo para desviar a rota da água da chuva para que ela não inundasse ainda mais a caverna onde os meninos estavam. Um esforço enorme e que contou com várias pessoas que abriram mão de seus próprios afazeres para ajudar o outro, um exemplo de união e doação. E na continuidade desse esforço, ficamos sabendo que muitos também abriram mão de suas plantações e lucros para ampliar um pouco mais a possibilidade daqueles meninos sobreviverem.

Também houve o esforço notável dos mergulhadores, não só dos que vieram de outros países, mas dos próprios mergulhadores tailandeses que encontraram pela frente uma tarefa que nunca tinham feito antes, já que não eram mergulhadores de caverna e, por causa disso, tiveram que ser humildes para reconhecer suas limitações, pedir ajuda, e mesmo assim se colocarem prontos para superarem a si mesmos, uns até perdendo a vida.

No filme fica notória a necessidade de se manter realista diante das possibilidades de resgate dos garotos, representado pelo personagem de Viggo Mortensen, mas ter esperança para tentar alguma coisa, representado pelo personagem de Colin Farrell. Todos nós, diante de situações difíceis, situações que nunca passamos na vida, temos que ter esperança, prudência e coragem. Precisamos contar com algumas virtudes que nos ajudarão a encontrar a resposta adequada a cada situação que se apresenta.

Percebemos que esses fatores foram decisivos para o posicionamento dos mergulhadores que salvaram os meninos. De um lado, eles sabiam que precisavam tentar algo, já que se não tentassem os meninos morreriam dentro da caverna. Por outro lado, sabiam que o mergulho naquele tipo de ambiente cavernoso, escuro e cheio de obstáculos era arriscado até para eles, já acostumados a esse tipo de atividade. Se nessas condições era difícil para eles, imagine para crianças que nunca tinham mergulhado, algumas até nem sabiam nadar. Isso tornou difícil garantir que o resgate seria bem-sucedido. O salvamento em si, pela água, durou 3 dias. Cada garoto foi conduzido por mergulhadores durante o percurso, que durou em média 6 horas do ponto onde estavam até a entrada da caverna; e todos saíram com vida, feito surpreendente para todos os envolvidos, já que foi uma manobra bastante arriscada e cheia de imprevistos.

Saman Kunan, mergulhador tailândes que perdeu a vida no resgate

Daí surge a virtude da prudência, como nos diz Platão no livro A República, a capacidade de tomar uma decisão justa e ter discernimento baseado na experiência e no autodomínio. Ou seja, era importante que os mergulhadores mais experientes naquela situação propusessem uma solução, avaliando seus riscos e suas possibilidades. 

Outra virtude importante durante o resgate foi a da esperança, que levou todos a confiarem que poderiam fazer algo e se colocarem em ação para realizar o plano, de tal maneira que nada era garantido, mas a esperança era suficiente para que todos dessem seu melhor, tanto os que desviaram o curso das águas da chuva, quanto os pais orando e sendo pacientes, quanto os governantes buscando ajuda e ouvindo as propostas. Além disso, a esperança dos mergulhadores, tensionados pelo risco, que colocaram sua experiência a serviço da solução encontrada.

Acima de tudo, foi muito importante a virtude da coragem, pois é relevante saber o que temer e enfrentar, mesmo diante do medo em nome dos nossos valores. Como abrir mão de tentar algo, mesmo que arriscando a própria vida, e passar a vida sabendo que você poderia ao menos ter tentado resgatar aquelas crianças? Diante dessa situação, todos precisaram ser corajosos para não ceder diante das incertezas, diante do perigo, diante do medo, pois eram vidas que estavam do outro lado precisando de ajuda. Aqui cabe um questionamento: O que somos nós, seres humanos, se não agentes da bondade, da justiça e do amor do mundo? Quem somos nós se não estes que sentem empatia pelo outro, que sentem compaixão e se colocam a serviço, superando nossas próprias limitações?

Nesses tempos de tanta dificuldade de comunicação e convivência entre nações, entre povos, entre vizinhos, pessoas de diferentes cores, credos, crenças e línguas se uniram para achar uma maneira de salvar aquelas crianças e seu treinador. Isso nos faz refletir que no fundo somos todos seres humanos acima de tudo, para além de todas as diferenças. Somos capazes de abrir mão daquilo que aparentemente nos separa – nossas opiniões, nossos gostos pessoais – em prol daquilo que nos une, que é nossa humanidade, nosso anseio pelo bem, nossa noção de justiça.

O filme pareceria ser de outro tempo se não soubéssemos que é baseado num fato ocorrido em 2018, pois atualmente nos vemos tão descrentes da bondade, do altruísmo, da própria humanidade, que é difícil acreditarmos que ainda temos pulsante em nossos corações essa vontade de servir ao outro, de construir um mundo melhor. Esta é a principal mensagem do filme, ainda somos humanos! Ainda somos capazes de superar nossas diferenças e se unir em nome de algo maior que nós, que é a própria fraternidade. Somos todos seres humanos e estamos aqui, e todas as experiências que vivemos, desde um mergulho em caverna por curiosidade até a nossa expertise na plantação de arroz, servem unicamente para sermos cada vez mais humanos e fator de soma na construção de uma humanidade mais fraterna.

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