Medo: Inimigo ou Ferramenta de Crescimento?

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Medo? Pânico? Frio na barriga? Com certeza você já se deparou com esses sentimentos e sensações em algum momento da sua vida, estou certo? Mas, se é tão desagradável, por que sentimos isso? Como poderíamos nos livrar desse terrível monstro que nos acompanha? Bem, primeira notícia que podemos dar é que você nunca irá se livrar dele! E, como colocá-lo para fora da nossa vida é impossível, só nos resta aprender a conviver com ele.

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O medo é um elemento que faz parte da vida de todo ser humano, desde que o homem surgiu. Mas, você deve estar se perguntando: Por que existem pessoas que parecem não ter medo de nada? E até dizem não ter medo mesmo? Pois bem, realmente vemos isso em algumas pessoas, e isso se dá porque existem duas situações em que o ser humano não admite ou não reconhece o medo: quando ele é inconsciente desse sentimento, ou seja, nem sabe que isso existe dentro dele, ou quando ele acha que pode tudo, e por vaidade, não admite-o.

Entretanto, em ambos os casos, o medo não deixa de existir, apenas encontra-se encoberto dentro do homem, o que nos leva a conclusão de que realmente não temos escapatória, ele será nosso companheiro de vida.

Contudo, será que é possível conviver com algo tão negativo para nós? A primeira coisa que devemos fazer é refletir se ele é realmente tão negativo como o encaramos, pois podemos estar tratando como um monstro algo que, na verdade, pode ser uma ferramenta muito importante para nossa proteção e nosso crescimento. Porém, seus poderosos efeitos só poderão ser vistos quando aprendermos a usá-lo corretamente.

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A raiz do medo encontra-se no nosso corpo físico, pois se trata de uma reação instintiva, ligada a nossa sobrevivência. Tanto é que compartilhamos desse mesmo sentimento com os animais. Tanto o homem quanto o animal possuem medo, e isso é o que, muitas vezes, lhes protege do perigo e garante uma vida mais prolongada. Porém, o ser humano tem um agravante, pois como ele possui, além das emoções, uma mente, que estão conectados com o seu físico, esses campos também terminam sendo afetados e aí é que está a complexidade do problema.

Quando o medo nos invade, ele tende a gerar a paralisação do corpo e da mente, por isso dizemos que o medo é irracional, pois ele bloqueia o nosso raciocínio, nos deixando totalmente desestabilizados emocionalmente.

Podemos ver claramente isso em uma situação de assalto, por exemplo, quando a vítima, por estar com muito medo, toma uma atitude impensada de reagir quando o assaltante encontra-se com uma arma apontada para a sua cabeça, e aí, muitas vezes, termina acontecendo o pior. Porém, essa paralisação só ocorre porque não sabemos lidar com esse sentimento, e o reflexo disso é o aparecimento de muitas doenças na sociedade ligadas ao medo, como por exemplo, a síndrome do pânico.

Podemos dividir os principais medos da sociedade em 3 grandes grupos: Medo do fracasso, medo do desconhecido e medo da mudança.

  • Comecemos pelo medo do fracasso: medo de não conseguir realizar uma tarefa, de não passar em uma prova, de não conseguir ganhar dinheiro, de não conseguir casar, são alguns exemplos dessa modalidade de medo. Mas, antes de entrarmos na essência desse sentimento, devemos refletir: Será que o fracasso absoluto realmente existe? Não somos perfeitos, estamos na vida para aprender a viver e só aprendemos através dos nossos erros e acertos. O erro é próprio de quem age, e para crescermos precisamos agir a todo momento. Por isso, podemos dizer que não existe fracasso absoluto, existe sim o erro, e esse faz parte da vida. Desidentificar o medo dessa ideia errada de fracasso é essencial para aprender a lidar com ele.

    Além disso, outro ponto muito importante que devemos ficar alertas e nos perguntarmos é: Fracassei em relação a quê? E se respondermos essa pergunta com sinceridade, vamos ver que usamos como parâmetro para medir o nosso fracasso ou o nosso sucesso, a expectativa que as pessoas têm sobre nós, o que nossa família ou nossos amigos esperam da gente. E assim, chegamos a conclusão de que deixamos de realizar nossos verdadeiros sonhos para buscar atingir os sonhos dos outros. E ainda, nos achamos fracassados por não conseguirmos atingir padrões externos, que não condizem em nada com quem verdadeiramente somos e queremos chegar a ser.

    Isso tudo nos leva a paralisar, pois a soma desses pequenos “fracassos” vão nos tolhendo e nos tiram toda a esperança, entusiasmo e capacidade de aprender, nos transformando em pessoas “velhas” por dentro. Buscar entender quem verdadeiramente somos e quais são nossos sonhos, é um bom começo para trilharmos de forma ativa o nosso caminho de luta contra esse poderoso instinto, sem esquecer nunca que os erros são essenciais e servem como um trampolim para nos impulsionar ao crescimento.
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  • Já o medo do desconhecido engloba tanto medos externos, como medo de passar por uma experiência nunca vivida, de conhecer uma pessoa nova, de conhecer um lugar novo, como também medo de coisas que desconhecemos dentro de nós mesmos e não conseguimos controlar. Nesses casos, podemos dizer que o medo torna-se sinônimo de ignorância, porque se estou diante de uma situação nova, por exemplo, e me conheço bem, sei minhas reações, minhas ações diante daquele fato, não tem porque ter medo. Mas, se não me conheço bem e não sei como reagirei diante do fato, aí surge o medo.

    Como ignorância é falta de visão, podemos exterminar esse monstro através do conhecimento de nós mesmos. Mas, como fazer isso? Simples, testando na vida, agindo diante das situações que lhe aparecem, só assim você vai passar a conhecer melhor suas potencialidades e suas fraquezas. Por isso, podemos dizer que toda situação nova, todo problema que passamos, é uma oportunidade de crescimento para desenvolvermos capacidades, habilidades e virtudes, além de nos permitir conhecer nossas realidades internas. Lembre-se: Não há pior inimigo do que aquele que desconhecemos.
  • E, por último, o medo da mudança. Medo de ser diferente, medo do que os outros vão pensar, medo do novo ser pior do que o antigo, medo de se abrir para novas ideias, pois essas irão lhe exigir fazer mudanças que você não está disposto a fazer ou tem medo de fazer, medo de abandonar um sentimento de raiva por alguém, entre tantos outros que poderíamos elencar. Talvez esse seja o medo mais comum entre as pessoas, pois a base desse medo está em buscar apoios externos para justificar ou embasar as ações.

    Agir com a motivação de agradar as pessoas, de se manter em determinado grupo ou de conquistar apenas bens materiais, são exemplos dessa modalidade de medo. Acontece que, quando fazemos isso, apoiamos nossas ações e a nossa vida em elementos que não podemos dominar: nos outros, nas circunstâncias, nos bens materiais, e isso é o que gera mais medo. Porém, se o ponto de apoio e segurança está dentro do homem, menos medo existe. Por isso a importância de nos conhecermos bem para que possamos confiar em nossas habilidades e desenvolver as que precisam ser afloradas, e assim, sermos capazes de construir dentro de nós a fortaleza e a motivação que precisamos para viver.
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Agora que conhecemos um pouco melhor os nossos medos, surge a pergunta essencial: Como podemos vencê-los? A primeira dica de ouro é: dar um passo à frente. Se sentir aquele frio na barriga, se sentir que ficou paralisado, aja! Enfrente a situação! Sempre dê um passo à frente e nunca para trás. Mas, por que devemos fazer isso? O medo é uma potência, uma força da natureza que permite manter a vida, e como toda potência, possui em seu centro, na sua origem, a capacidade de superação.

Por isso, podemos dizer que no próprio medo vamos encontrar a força necessária para a nossa superação, ou seja, para enfrentarmos o problema. Vamos perceber isso à medida que caminhamos, pois a cada passo que damos conquistamos mais confiança e mais seguros ficamos de nós mesmos.

A segunda dica essencial é a Coragem. A raiz da palavra Coragem vem de “agir com o coração”, por isso podemos dizer que ela está intimamente ligada ao Amor. O medo é atávico, nos faz preservar a nós mesmos, estando ligado ao egoísmo, já o Amor, é justamente o oposto, ele faz com que a gente rompa as barreiras do medo, o Amor é expansão, União, Generosidade, por isso, ele é o grande motor para que possamos destravar e vencermos essa luta.

Podemos ver isso claramente em uma relação de mãe e filho, quando, por exemplo, a criança está na iminência da morte, e nesse momento, a mãe arranca forças de dentro dela, que ela nem sabia que tinha, desenvolve habilidades inimagináveis, e rompe com esse instinto poderosíssimo que é o medo, para salvar o seu filho.

Esse sentimento de Amor faz com que pensemos mais no outro do que em nós mesmos, e por isso, fazemos coisas que por nós mesmos não faríamos, mas pelo outro, nós nos tornamos capazes de fazer. Quanto mais Amor, mais Coragem e menos medo, pois esse sentimento mais profundo, mais amplo, que nos conecta com a inteligência divina faz com que a gente vá vencendo o instinto em função de um Valor, um Princípio Humano.

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Desta forma, podemos concluir que o medo é uma realidade do ser humano, que pode paralisá-lo, trazendo consequências negativas, ou pode servir como uma ferramenta de alerta para o perigo, tanto no aspecto físico, quanto psicológico e mental, sendo desta forma, uma arma poderosa para o homem. Usar ou não está arma que está ao nosso dispor é uma escolha de cada um.

Os medos sempre vão existir e quando nos livrarmos de um, aparecerá outro, e outro, e outro, pois os medos são reflexos dos nossos apegos na vida. Quanto mais apegos temos aos nossos bens materiais, a nossa vida terrena, ao nossos filhos, as nossas ideias, aos nossos sentimentos, mais medos vamos ter de perdê-los. Por isso, a grande sacada para fazermos bom uso dessa ferramenta é gostar de batalhar contra o medo, de enfrentá-lo e de ultrapassá-lo.

Esta emoção é símbolo de uma barreira nossa e quando a superamos, essa vitória nos gera um tipo de prazer, sem dúvida, muito mais preenchedor do que os prazeres que estamos acostumados, e que traz a verdadeira Felicidade para o homem, a alegria de sentir que está crescendo.

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No fundo, só ficamos com aquilo que tivemos a capacidade de aprender, por isso, treine suas habilidades e desenvolva o Amor, sem nunca parar, com ou sem medo. Sempre que sentir medo, siga em frente, esse é um sinal da vida para que você enfrente a situação e cresça. É no mistério dessa experiência que está escondida a pérola da sabedoria que você precisa desenvolver nesse momento.

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