Você acredita na Lei da Atração?

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Acho que todos nós já passamos por situações diversas na vida em que um dos conselhos que mais ouvimos foi “pense positivo”, “vai dar certo”, “olhe o lado bom”, não é mesmo? É como se existisse uma sabedoria popular que nos ensina algo, similar ao que os filósofos antigos deixaram para nós como legado: não são necessariamente os fatos que nos abalam, mas o que pensamos deles. Daí a importância de entender como funciona nossa mente nos faz perceber que tudo que pensamos, de alguma forma, atraímos como uma necessidade de experiência. É o que muitos chamam de lei da atração.

A lei da atração nos foi apresentada nos últimos anos como uma possibilidade de pensar naquilo que desejamos para que assim este objeto de desejo seja atraído para nossas vidas. Porém, para além de buscar realizar desejos pessoais, a lei da atração nos mostra também a possibilidade de aprendermos a dominar a nossa mente para construirmos a nós mesmos e também o mundo que almejamos. Assim, é interessante se aprofundar no que dizem as tradições da humanidade, e até mesmo na ciência atual, sobre o que é essa lei, que faz atrair o que está na nossa mente.

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Na tradição egípcia, encontramos ensinamentos sobre esse tema no Caibalion, uma obra antiga profunda que traz o conjunto das 7 leis fundamentais sobre o Universo. O primeiro princípio diz que o Universo é mental. Ou seja, que tudo começa na mente, nas ideias, antes de se concretizar, se materializar. É semelhante ao que Platão nos ensina, a teoria dos arquétipos. De forma resumida, Platão explica que tudo que existe no mundo só existe porque é anterior àquilo, existe uma ideia que a isso deu origem. Um exemplo simples para entendermos: a cadeira. Existem a ideia de uma cadeira perfeita e a cadeira construída pelo marceneiro. A cadeira precisou antes ser pensada e depois, construída. Assim, estas duas tradições, egípcia e grega, nos ensinam que todos os fatos que agora vivemos um dia tiveram que ser pensados. 

Não sabemos controlar nossa mente, não sabemos educá-la; por isso, quem nos garante que realmente tudo que pensamos tem origem na nossa própria mente? Será que não “pegamos” pensamentos da sociedade e do mundo em que vivemos sem ao menos perceber se o que pensamos é realmente válido? De acordo com o princípio do mentalismo do Caibalion, se tudo é mental, a nossa mente faz parte desse todo, como se estivéssemos numa piscina mental e cada uma das nossas mentes fosse uma gota. Ou seja, se não sabemos quem somos, se não temos identidade, é fácil admitir que o pensamento de outra pessoa é o nosso próprio pensamento. Assim, não vivemos, somos vividos. Não pensamos, somos pensados.

Os filósofos estoicos, Marco Aurélio, Sêneca e Epicteto, contribuem para esta nossa reflexão quando nos ensinam que não são os fatos da vida em si que nos afetam, mas a opinião que temos sobre eles. Ou seja, como nos diz Epicteto, as circunstâncias da vida são neutras, algumas pessoas responderão da pior forma possível, outras verão como uma oportunidade de crescimento, de superação, de adaptação. Percebemos isto na vida a todo momento. Em tempos difíceis, há pessoas que crescem muito, encontram respostas e se tornam mais elas mesmas, se realizam mais; outras, em circunstâncias muito parecidas, acabam por sucumbir. 

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Isto nos mostra que nós, seres humanos, não somos determinados pelas circunstâncias externas; elas nos influenciam, claro, mas não determinam. Parece que existe um algo de vida interior que faz toda a diferença na lida com a vida. Sêneca nos ensina a ter serenidade, tranquilidade diante das circunstâncias. O filósofo estoico discorre sobre este estado interior de dar as melhores respostas à vida, a partir de seus valores, e não se deixar abalar pelos resultados externos. Esta vida interior é obtida através do domínio da mente.

Ou seja, um certo domínio da mente e o entendimento de que os fatos da vida são neutros nos ajudam a viver aquilo que almejamos e que está de acordo com nossos valores, assim nos sentiremos como se estivéssemos sempre ajustando nossas velas para navegar em qualquer mar. Desta forma, qualquer experiência é válida, nos ensina e nos leva aonde queremos chegar.

O fundador da psicologia analítica Carl Jung, em seu livro Sincronicidade, compartilha um estudo que fez depois que percebeu o quanto eventos que pareciam ser acaso aconteciam com seus pacientes. Ele chegou à conclusão que não existe acaso na natureza, “até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino”. Ou seja, nossos pensamentos, sendo conscientes ou não, em algum momento irão se materializar, atraindo situações e pessoas afins para isto, de tal maneira que o que vivemos hoje é fruto de algum pensamento do passado. E isto é o que faz diferença entre pessoas que tiram o melhor de suas experiências e outras que são levadas pela correnteza.

Na ciência, inúmeras pesquisas já foram feitas comprovando que pacientes que têm mais depressão, ansiedade, raiva, estresse adoecem com mais facilidade; em contrapartida pessoas com mais autodomínio são no geral mais saudáveis, pois quando adoecem, se curam rapidamente. 

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O Centro Médico da Universidade de Duke, nos EUA, fez uma pesquisa monitorando um grupo de 2.618 pessoas, dentre eles homens e mulheres, que passariam por uma angiografia — exame que revela como o sangue flui pelas artérias que nutrem o coração. Na ocasião, os voluntários responderam a uma pesquisa sobre o que esperavam do futuro e como estaria sua saúde nele. Quinze anos depois, o estudo concluiu que os voluntários com as melhores expectativas possuíam 24% a menos de chance de morrer por complicações cardíacas. Depois de alguns anos, um outro estudo comprovou algo semelhante com um grupo de homens. Os pesquisadores analisaram, durante 12 anos, a capacidade que os voluntários tinham de dominar as emoções. De acordo com o resultado, entre os que tinham mais autocontrole, apenas 6% sofreram um ataque cardíaco ou morreram por doenças cardiovasculares, contra 14% de vítimas entre os homens incapazes de controlar suas emoções.

Um outro estudo divulgado pela Universidade de Toronto, mostra que o humor de alguém altera a forma como a pessoa enxerga, modificando até mesmo funções da parte do cérebro responsável pelo processamento de informações visuais. Os pesquisadores exibiam para os voluntários algumas imagens capazes de despertar diferentes humores, enquanto suas atividades cerebrais eram captadas em um exame de ressonância magnética. Constatou-se que pessoas de mau humor não enxergavam as imagens do plano de fundo, que cercavam a face, enquanto que quando o humor do voluntário estava melhor, a pessoa reconhecia todos os detalhes em segundo plano da figura. O pesquisador Taylor Schmitz percebeu que o tamanho da janela pela qual enxergamos o mundo aumenta quando temos controle emocional, e isto passa também pelo domínio da nossa mente, da nossa vida interior.

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Chegando a nossa conclusão, podemos observar que, tanto para as tradições da Antiguidade como para a ciência, a lei da atração não é um fenômeno para mentalizar o que desejamos, mas é uma compreensão sobre a vida. A lei da atração nos remete a um domínio sobre o que passa na nossa mente, sobre uma construção de identidade e sobre uma persistência para continuar dando passos constantes rumo à pessoa que queremos ser e ao mundo que queremos construir. Uma pessoa que tem muita clareza do seu sentido de vida e muita vontade de chegar lá não verá uma pedra como algo que impede seu caminho, mas sim como uma forma de subir e enxergar um pouco mais do alto o seu alvo de vida.

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