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Série “Os 12 trabalhos de Hércules”: Os Estábulos de Augias e as aves do lago Estínfalo

Bem-vindos a mais um texto da nossa série “Os 12 trabalhos de Hércules”! Estamos conhecendo a saga desse grande herói grego para alcançar o Olimpo por meio de doze provas que forjam o seu caráter e o transformam em uma divindade. Lembramos a todos que essa saga percorrida por Hércules é, no fundo, a grande saga humana representada com símbolos. Para os gregos, as ideias vividas em cada prova são, no fundo, uma realidade humana que precisamos superar se quisermos compreender profundamente a vida e chegar nesse patamar divino.

Dito isso, conhecer o mito de Hércules vai além de uma curiosidade intelectual: se transforma em valiosas lições para aplicarmos em nosso dia a dia. Todas essas ideias foram explicadas em nosso texto de introdução, que embasa nossa série e nos dá explicações gerais de como viver esse mito. Por isso, recomendamos fortemente aos leitores que ainda não conhecem nossa série que façam a leitura do texto, pois assim as ideias que vamos desenvolver ao longo dessas páginas se tornarão mais acessíveis.

Visto isso, hoje falaremos de outras duas provas enfrentadas pelo semideus grego: a limpeza dos estábulos do rei Augias e as terríveis aves do lago Estínfalo, que são, respectivamente, o 5° e o 6° trabalho de Hércules. Vamos a eles?

Os estábulos de Augias: a importância da purificação

Como explicamos ao final do terceiro texto desta série, as provas de Hércules começam a se diferenciar à medida que ele avança em sua saga. Os primeiros trabalhos estavam diretamente ligados à sua personalidade, afetando apenas a si próprio, e foram necessárias para desenvolver a coragem e a vontade de começar essa jornada. Entretanto, as próximas provas já apresentam um caráter distinto: Hércules já não deve fazê-las para si, mas sim para ajudar os outros. A ideia é começar a se desidentificar de sua própria personalidade em prol do bem comum, do bem coletivo.

estábulos de Augias sujo com um fazendeiro tentando limpar enquanto o Hércules não chega
Estábulos de Augias sujo

A mudança nessa natureza das provas é a própria mudança humana, que começa pensando apenas em si e vai expandindo seus horizontes e abarcando o bem coletivo e não somente o individual. Visto isso, Hércules passa por sua quinta prova que consiste em limpar os estábulos do rei Augias, um poderoso rei da antiga Hélade. Augias possuía milhares de cavalos e, pela quantidade enorme de animais, a sujeira nos seus estábulos era constante e limpá-los era uma tarefa árdua. Hércules recebeu a missão com humildade e precisou, mais uma vez, da inteligência para conseguir solucionar esse dilema: como limpar algo que está sujo a tanto tempo?

Após pensar um pouco, o semideus encontrou a solução. Primeiramente retirou todos os cavalos do estábulo, deixando-os em outro espaço e, em seguida, foi até o rio mais próximo. Com sua força sobre-humana, Hércules desviou o curso do rio e o direcionou para os estábulos, fazendo com que a água corrente do rio o ajudasse a levar embora toda a sujeira feita pelos cavalos ao longo dos anos. 

Hércules desviando o rio para limpar os estábulos de Augias.
A engenhosidade de Hércules ao usar o rio para purificar os estábulos.

Solução engenhosa, não é mesmo? Mas o que podemos refletir sobre essa singela prova? A primeira ideia que nos marca é justamente a humildade. Um dos motivos pelo qual o estábulo de Augias estava sujo era o fato de ninguém aceitar o desafio por achar tal tarefa indigna. Muitas vezes, assumimos essa mesma postura em nossa vida diária. Quantas tarefas de limpeza deixamos de lado e preferimos contratar uma pessoa do que realizá-la nós mesmos? Por vezes, fazemos isso por preguiça, mas também por achar que nosso tempo não é digno de ser gasto com tarefas dessa natureza. 

Assim, a humildade é a primeira valiosa lição que podemos levar dessa prova, afinal, não há tarefas indignas ou desonrosas. Tudo é válido, desde que seja para o nosso crescimento interno. E aí chegamos ao cerne da prova enfrentada por Hércules: a purificação.

Só podemos crescer na vida se estivermos puros internamente. Para quem busca um caminho espiritual não há atalhos e muito menos se aceita nesse mundo celeste o grosseiro barro do material. Frente a isso, a limpeza dos estábulos é, no fundo, uma prova de purificar toda e qualquer sujeira que nossa personalidade tenha deixado em nosso ser. Essas máculas que carregamos na vida, tanto a nível físico e, principalmente, a nível psicológico, nos impedem de enxergar a beleza que há abaixo do sujo.

Filósofo refletindo sobre questões existenciais.
A busca por respostas é uma jornada em direção à Verdade.

Assim como os estábulos retornaram ao seu estado natural após limpos, nós também, quando purificados, podemos retornar a esse estado natural, no qual nosso ser pode mais uma vez brilhar. Assim, ao longo da jornada humana, é imprescindível que haja purificação e, sabendo disso, sempre devemos nos perguntar: o que há de sujo em mim? O que preciso purificar?

Aqui a água corrente do rio se mostra como um símbolo importante. Para nos purificar, é preciso que haja movimento e energia. Não pensemos que, por exemplo, ao guardar um rancor esse irá se dissipar naturalmente, sem fazermos nada. É preciso movimento, ou seja, termos ações que nos levem à purificação. Seja perdoando o outro, pedindo desculpas ou mesmo se comprometendo em não errar novamente, todas essas formas implicam uma ação, um movimento que ajudará nesse processo. Logo, não pensemos que purificar algo em nós é se manter parado ou simplesmente não pensar no que ocorreu, mas sim aprender com a experiências e nos reposicionarmos.

Purificar, além de necessário, requer um grande controle de nossa personalidade e, principalmente, de nossa mente, que a todo momento nos suja com pensamentos circulares, críticas, e inflama nossas emoções. É por isso que o próximo desafio de Hércules são as terríveis aves do lago Estínfalo.

As aves do lago Estínfalo: quando os pensamentos nublam nossa visão

O lago Estínfalo era conhecido como uma região calma, serena e cujos habitantes viviam em harmonia. Porém, certa vez, chegaram aves gigantescas, com penas de aço, bico e garras afiadas e passaram a dominar a região. Suas longas asas faziam com que o Sol fosse bloqueado quando todas alçavam voos, e a região, outrora bela e pacífica, estava se transformando em um verdadeiro pântano, sem vida e energia.

Aves gigantes do lago Estínfalo bloqueando o sol.
As aves de Estínfalo: um símbolo de pensamentos perturbadores.

A missão de Hércules era espantar essas aves e fazer com que o lago voltasse a ser o que era. Ao chegar no seu destino, Hércules rapidamente começou seu trabalho, mas percebeu que seu machado e sua força não seriam suficientes para superar as aves. Seriam necessárias inteligência e experiência para vencer as terríveis criaturas aladas. Com seu arco e flecha, o semideus pensou na seguinte estratégia: envenenar a ponta de seus projéteis para que, ao entrarem em contato com as penas da ave, essas pudessem cair. O veneno recolhido do sangue da Hidra, a segunda prova enfrentada pelo herói, finalmente seria útil, e Hércules assim o fez.

Hércules usando flechas envenenadas contra as aves do lago Estínfalo.
Hércules supera as aves com inteligência e estratégia.

Uma a uma, suas flechas foram acertando o alvo, e as aves lentamente foram perdendo suas forças e caindo ao solo. Algumas foram derrubadas; outras, efetivamente mortas, e a maioria, ao ver o cenário de perigo, afastaram-se voando para longe. Assim, o Sol voltou a brilhar no lago Estínfalo e as pessoas retornaram para sua vida comum, graças a Hércules.

Quais os símbolos dessa prova? Comecemos pelo início. O lago Estínfalo representa a nossa mente, que, em geral, deve estar perfeitamente harmônica. Porém, o que faz essa paz ser roubada, transformando o belo lago em um terrível pântano? As aves nada mais são do que os pensamentos circulares e as críticas que toda hora voam em nossa cabeça. Por vezes, esses pensamentos são tão densos que acabam bloqueando o sol, que representa a sabedoria. 

Quantas vezes já fomos levados por um pensamento que, no fundo, não passava de uma fantasia? Imaginamos cenários, possibilidades, e ensaiamos o que poderíamos fazer em determinadas situações, mas que, no fundo, nada de concreto existiu? Nossa mente pode ser uma grande aliada na busca pela sabedoria e, a bem da verdade, é nossa principal ferramenta para decodificar as leis da natureza. Entretanto, quando somos dominados por ela, o que ocorre? Ficamos reféns dos seus caprichos e acabamos ganhando um perigoso rival, ao invés de um aliado.

É preciso, portanto, fazer como Hércules: espantar as aves para o lago e, mais uma vez, ser o que ele veio a ser. A mente, quando livre desses pensamentos circulares, que não nos levam a lugar algum, pode ocupar-se de refletir o divino e buscar a sabedoria. Assim, sempre que começarmos a pensar demais em um determinado assunto e este não nos levar para um caminho de paz, harmonia e unidade, devemos desconfiar que estamos alimentando uma ave que bloqueará nosso caminho em direção ao Sol.

Apontemos nossas flechas em sua direção e, tal qual Hércules, façamos as aves desaparecem. Assim, venceremos mais essa prova e, purificando nossa mente e coração, poderemos seguir adiante nessa bela e misteriosa saga humana rumo ao divino!

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