Quem não gosta de tomar um café ao longo do dia? Sabemos que esse é um dos hábitos mais presentes na vida da maioria das pessoas e que, não por acaso, o Brasil ainda hoje é um dos maiores produtores de café do mundo. O consumo massivo desse grão no formato líquido atravessou todas as fronteiras, e podemos afirmar que o café é, sem dúvida, o motor do mundo do trabalho.
Dentro da história do Brasil, sabemos que o café marcou um grande período do tempo, principalmente pelo fato de ter se tornado o principal produto de exportação brasileira entre o início do século XIX até a segunda metade do século XX. Será que todo esse sucesso é fruto somente de uma boa inserção na cultura ocidental, ou os efeitos do café estão diretamente associados a benefícios importantes no mundo em que vivemos?
O uso diverso do café
Antes de adentrarmos ao terreno dos efeitos do café em nosso organismo, é necessário saber para o que bebemos o “ouro negro”, como ficou conhecido essa bebida no Brasil oitocentista. Talvez o mais óbvio uso do café esteja associado ao despertar do corpo. Nas primeiras horas após o despertar, como todos podem comprovar, nosso organismo ainda não está em pleno funcionamento devido ao tempo em que esteve dormindo.
Nossos reflexos, pensamentos e até mesmo o movimento mais básico são feitos com esforço e preguiça. Assim, para ajudar o corpo em seu despertar, o café é amplamente consumido pouco tempo após acordar. Para alguns, por exemplo, é a primeira refeição do dia, apesar de ser, na maior parte das vezes, consumido sozinho.
Dessa maneira, o primeiro e principal uso do café está em fazer nosso corpo despertar, ficar mais atento. É nítido seus efeitos, afinal, para grande parte dos trabalhadores, a longa jornada de trabalho precisa ser suportada após tomar algumas xícaras de café. Até que ponto, entretanto, esse efeito é real? Sabemos que, mesmo sem café, nosso corpo voltará a atuar de maneira plena ao longo do dia e que, gostemos ou não, após nosso despertar, cada minuto de olhos abertos nos leva ao patamar comum de atenção em nosso estado de Vigília. Logo, será que o café nos mantém acordado, ou não percebemos que, no fundo, é apenas um processo natural do corpo que ainda está acordando?
Em parte, ambas as posições estão corretas. Do ponto de vista científico, o corpo ao acordar começa a liberar um hormônio chamado cortisol. O cortisol tem como função regular o metabolismo e fazer com que o nosso organismo esteja apto a atuar em suas funções. Logo, tomar café assim que acorda não é uma boa estratégia, pois acaba inibindo o funcionamento desse hormônio em virtude da cafeína liberada no corpo.
Como o despertar já seria um processo natural, acaba-se por realizar uma troca “inútil” ao ingerir café tão cedo. Entretanto, após quatro horas, os níveis de cortisol voltam ao normal, afinal, o corpo já despertou, e é nesse momento que um cafézinho é um grande aliado. A cafeína volta a estimular o corpo e o mantém ativo. O vídeo abaixo explica a ciência por trás do café e as substâncias que ajudam nesse processo de maior energia e concentração da nossa mente.
Café: aliado ou vilão?
Um antigo ditado diz que a diferença do remédio para o veneno é somente a dosagem. De fato, tudo que excede um limite acaba por nos prejudicar, não importa o que seja. Desse modo, devemos refletir se o café é um poderoso aliado para a vida do ser humano ou se seu uso acaba gerando mais malefícios do que benefícios. Como já apontamos, a curto prazo, os benefícios do café são visíveis: maior foco e atenção, mais energia para executar tarefas.
Como energético, o café é uma poderosa ferramenta que auxilia a manter o ritmo cada vez mais intenso em que somos exigidos. Por isso, não é incomum observarmos que muitas pessoas usam o café como forma de conseguir aumentar a energia e o foco em uma atividade, uma vez que suas substâncias podem produzir esse efeito.
Entretanto, o uso abusivo do café, porém, também resulta em doenças complexas como gastrite e, quando não tratada, úlceras. Além disso, os efeitos psicológicos do café podem ser devastadores ao gerar quadros de ansiedade e insônia. Assim, quando tomamos café para estudar, por exemplo, podemos acabar caindo em uma armadilha e perder de vez nosso descanso noturno. Em níveis mais elevados, o café deixa o corpo viciado e acaba por prejudicá-lo quando não ingerido em doses suficientes. Sintomas de abstinência são visíveis em viciados em café. Por isso, é extremamente importante pensar o quanto vale a pena adquirir esse hábito.
Mesmo aqueles que entendem os benefícios práticos do café devem estar atentos às quantidades que são ingeridas. Pela facilidade da tecnologia, hoje não tomamos cafeína apenas por meio da tradicional bebida, mas também a encontramos em cápsulas concentradas, energéticos, refrigerantes e afins. Como estamos cercados desses estimulantes, não é raro ultrapassarmos esse limite diário e entrarmos em uma dependência velada, silenciosa e extremamente eficaz.
Por fim, não nos resta dúvidas de que o café é um ótimo companheiro para quem fica estudando até tarde, para quem ficou fazendo hora extra no trabalho até tarde ou para quem simplesmente não dormiu bem à noite e agora está caindo de sono. Em todos esses casos, uma xícara de café funciona bem, porém, vale mais uma vez o alerta: não tomemos soluções temporárias como eternas.
O café nesses casos deve ter um uso pontual, pois a solução ideal parte somente do indivíduo: podemos dormir mais cedo e levantar mais dispostos, desenvolver nossa concentração por meio de exercícios de psicologia e, a partir dessas vivências, conseguir manter-se focado mesmo sem o uso do café. Enquanto não chegamos a esse nível, continuemos tomando nossos cafezinhos e nos mantendo no domínio do nosso próprio corpo quando este começa a querer sucumbir pelo sono.