No antigo livro de sabedoria egípcia, o Caibalion, fala-se da lei do mentalismo que, em síntese, explica que todo universo é mental. Num primeiro momento, essa frase parece ser absurda, beirando a loucura, afinal, como um celular, um computador, uma xícara de café podem ser mentais? O universo, em todas as suas formas, é concreto! Podemos tocá-las, senti-las e modificá-las, correto?
Sim, isso é correto. Porém, precisamos aprofundar um pouco e entender como, de fato, a causa de toda manifestação, desde o grão de areia até um planeta, pode surgir do que chama-se “mente”.
Compreendendo os mistérios da mente
Atribuímos a palavra “mente” a toda atividade cerebral que exercitamos. Esse é o conceito mais comum que empregamos no mundo atual, entretanto, essa não é uma definição sustentável dentro da filosofia antiga. Para os antigos, a mente não era apenas a expressão de pensamentos nem estava limitada ao cérebro, mas também era uma verdadeira dimensão em que era possível se conectar a partir da nossa razão.
Para Platão, por exemplo, esse universo mental era chamado de “mundo das ideias”, uma dimensão sutil em que, através da razão, era possível captar os arquétipos e, a partir disso, plasmá-los na vida. Logo, na perspectiva do filósofo grego, o mundo concreto e objetivo em que vivemos nada mais é do que uma sombra imperfeita desse outro mundo ideal.
Se pararmos para refletir sobre essa ideia, poderemos entender que, de fato, antes de qualquer objeto, ação ou forma existir no mundo real, ela existiu primeiro através de um pensamento.
Sem dúvida, meu caro leitor, olhe ao seu redor: provavelmente você verá um computador, um celular, uma cadeira, uma mesa ou outros objetos. Antes de existir qualquer um deles, foi preciso, como um passo fundamental, que alguém o tenha imaginado, refletido, pensado acerca de sua finalidade e princípios, correto? Assim, o que hoje é uma cadeira, um notebook, um relógio ou qualquer outro objeto foi, em seus primórdios, uma ideia.
Agora podemos entender um pouco melhor do que se trata a “Mente” nos escritos do Caibalion e em toda filosofia antiga. Não falamos de um cérebro, mas sim dessa dimensão em que nosso órgão cerebral é apenas um instrumento que capta tais vibrações, assim como uma antena que recebe e emite ondas.
Dentro dessa perspectiva, quando se fala acerca do universo ser mental, isso nada mais é do que entender que as vibrações e pensamentos possuem um efeito prático e real no mundo físico e, não apenas isso, é a verdadeira causa de toda manifestação.
Sidarta Gautama, mestre de sabedoria que ficou conhecido como Buda, fala que “A lei da mente é implacável. O que você pensa, você cria; o que você sente, você atrai; o que você acredita, torna-se realidade”.
Não precisamos ir tão longe para reconhecer a verdade nas palavras desse grande sábio. Quantas vezes não criamos uma imagem de uma pessoa e ficamos presa a ela? Nossa mente nos convence ao ponto de distorcer situações, frases e acontecimentos que reforçam nossa visão pré-concebida de alguém. Esse processo ocorre de forma inconsciente, e por isso afirmamos que “não vamos com a cara de fulano” ou que “o santo não bateu”.
No fundo, o que ocorre é apenas uma maneira de nossa mente nos burlar, transformando nossos dogmas e crenças em realidade, distorcendo nossa percepção do real.
O poder da mente na prática
O tempo todo, estamos pensando; acordados ou dormindo, estamos sempre formando um tipo de pensamento. Será que temos consciência do poder que os pensamentos têm? Será que não pensaríamos diferente se enxergássemos os efeitos do mundo mental?
A frase egípcia nos ensina que antes dos acontecimentos se formarem materialmente, eles começam na mente, tudo começa e termina na mente, como vimos. Desse modo, não seria importante observar o que se passa na sua mente? Que tipo de ideias alimentamos ao longo do dia? O que reforçamos em nossa mente é positivo ou negativo?
Se por um lado é possível acreditar que tais perguntas não passam de especulações vazias, uma vez que não se pode comprovar fisicamente o valor de um ou outro pensamento, é nítido que quanto mais reforçamos aspectos negativos em nossa psique, mais adoecidos nesse mundo psicológico ficamos. Nos tornamos críticos, rígidos e, na maioria das vezes, tristes com a condição em que nossa mente se encontra.
Baseado nesses ensinamentos, imaginemos a vida de uma pessoa que tem um padrão de pensamento fixo. Um pessimista, por exemplo, que sempre vê o lado ruim das coisas, sempre à procura de críticas, e não busca extrair nada de bom das situações. Será que a vida dele não vai ser um reflexo de como ele vê tudo à sua volta? Qual a maior probabilidade, de que ele tenha uma vida negativa como tudo que vê, ou que sua vida seja alto astral e positiva? É difícil que sua vida seja diferente da sua forma de pensar.
E nem precisamos imaginar um exemplo contrário, porque, com certeza, conhecemos alguém assim. Alguém tão positivo, otimista, que sempre procura o lado bom das situações, procura o aprendizado e a reflexão e, assim, tudo em sua vida acaba acontecendo de maneiras surpreendentes! Essa pessoa tem que nos servir de exemplo, pois precisamos de uma mente leve, saudável, disposta e bem-humorada para lidar com a vida.
Dicas práticas para uma mente saudável
Sendo assim, que tal começar a utilizar esse grande poder ao seu favor? O primeiro passo para viver essa ideia é conseguir filtrar tudo que passa em nossa cabeça ao longo do dia. Essa “higiene mental”, falemos assim, é um pré-requisito para todos que desejam ter mais controle sobre esse mundo invisível que nos cerca e nos comanda.
Outra dica de ouro é ser capaz de controlar o fluxo de pensamentos que nos atacam diariamente. Significa, em termos práticos, conseguir mudar de pensamento sem voltar ao anterior.
Sabemos que todos os dias muitos pensamentos vem e vão em nossa mente. Uns são fundamentais, como lembretes da nossa memória para atuarmos no mundo; entretanto, outros pensamentos são apenas especulações, dúvidas, críticas e causam um impacto negativo em nossa atuação no mundo. Frente a isso, ao perceber um pensamento de crítica, por exemplo, tomando espaço em nosso cérebro, deveríamos ser capaz de expulsá-lo.
Podemos fazer isso ao escutar uma música, decidindo pensar algo diferente ou enxergar aquela crítica a partir de outro ponto de vista. Os caminhos são distintos e todos devem, no fundo, nos levar a uma nova forma de atuar sobre enxergar a vida.
Por isso, temos que exercitar diariamente o controle sobre nossos pensamentos, afinal, eles definirão nossos sentimentos, e por consequência nossas ações. Se a vida não está sendo muito gentil com você, se tudo está dando errado, tente mudar a forma de pensar, tente ver a Beleza à sua volta, refletir sobre o que se passa, procurar soluções.
Quem sabe isso não ajuda? Pode ser difícil acreditar que mudar a forma de pensar gera tantos resultados, mas será que as diversas tradições antigas que afirmavam isto estavam erradas? Vale a pena fazer o teste!