A empatia é uma das grandes virtudes humanas. Essencial para uma boa convivência, define-se “empatia”, de maneira geral, como a capacidade de observar o ponto de vista alheio e colocar-se em seu lugar. Num mundo em que a todo momento surgem novos pontos de vista, feito esse graças à liberdade de expressão e à rápida troca de informações, é essencial aprendermos a desenvolver essa virtude para não somente melhorar nossas relações, mas para também exercitar a tolerância, a bondade e a solidariedade.
O fato é que a empatia não caminha sozinha. Ao buscarmos vivê-la também somamos ao nosso arsenal de virtudes todas as outras citadas acima. Assim, ter um olhar empático não é uma questão de estar “na moda” ou ser querido por diferentes grupos, mas uma busca real para conseguir conjugar diferentes pontos de vista. Sabemos, entretanto, que nem sempre a empatia é fácil de ser colocada em prática, uma vez que nos cercamos com nossas opiniões e crenças, muitas vezes não aceitando a forma de viver que outras pessoas adquirem. Frente a essa questão, é possível desenvolver a empatia?
A necessidade da empatia em nosso mundo
Dizem que desejamos tudo aquilo que não temos. Assim, quando sentimos fome, desejamos fervorosamente nos alimentar; quando estamos com sede, desejamos um copo d’água. E no mundo em que vivemos, desejamos fortemente a empatia. Dentro dessa lógica – e não precisamos ir longe para encontrá-la –, nos parece que o mundo em que vivemos cada vez mais esquece dessa importante virtude.
Cresce cotidianamente os crimes por intolerância, o silenciamento das opiniões divergentes e, não raro, observamos grupos chegarem a extremos por não aceitar a forma de vida alheia. Em um momento histórico em que a quantidade de informações é abundante, ironicamente mergulhamos cada vez mais na intolerância e no extremismo. Dessa perspectiva, entende-se o clamor que fazemos pela empatia estar presente em nossas relações. Ao buscar pela palavra “empatia” no Youtube, por exemplo, surgem diversos vídeos sobre o tema, seja uma palestra ou um curta animado, reforçando a poderosa mensagem de que se faz urgente viver de maneira empática. Como podemos fazer isso?
Como afirmamos, empatia é a capacidade de colocar-se no ponto de vista alheio. Assim, exige de nós uma postura ativa, capaz de nos deslocarmos até assumir a perspectiva do outro. E talvez aqui esteja o grande empecilho para vivermos a empatia: a necessidade de sair do nosso mundo de crenças.
Muitas pessoas acreditam que ao assumir o ponto de vista alheio, mesmo por alguns momentos, isso fará com que sua identidade se perca. Pior que isso, há quem realmente acredite que tentar enxergar o mundo sob uma ótica distinta faça com que seus valores sejam perdidos. Precisamos afirmar categoricamente, porém, que isso não ocorre. Empatia não significa concordar e validar tudo que o outro faz, muito menos anular suas próprias convicções para agradar o outro. No fundo, a empatia é o exercício de compreensão dos outros para entender os motivos profundos que levam uma ou outra pessoa a agir de um modo específico. Muitas vezes até tentamos assumir essa postura, mas acabamos caindo na crítica e no julgamento, duas fortes tendências que nos arrastam quando passamos a conviver uns com os outros. Como evitar esse processo?
A mágica de viver e deixar viver
Uma antiga frase filosófica nos diz que é importante viver e deixar viver. O que isso significa? Nada mais do que deixar cada pessoa ser aquilo que deseja ser. Não devemos impor estilos de vida, formas de falar, vestir ou sentir para ninguém, afinal, o ser humano é capaz de exercer sua liberdade através das suas escolhas. É evidente que essa não é uma liberdade total, visto que devemos seguir as leis e regras do nosso tempo, logo, dentro desses limites é possível exercitar a forma de vida que bem entender, sem viver sob a égide do julgamento.
Sabemos que isso não é fácil, principalmente quando defendemos ferozmente nosso estilo de vida e nossos ideais. Em nossa perspectiva – que é sempre parcial e limitada –, vamos afirmar que o outro está errado, que não deve viver desta ou daquela maneira, e, no fim, acabamos presos nessa roda de críticas.
No fundo, devemos nos perguntar: qual a diferença se alguém vive ou não do modo em que eu acredito? Perceberemos que não podemos mudar a ninguém, a não ser a nós mesmos, e não deveríamos desejar a mudança alheia apenas por nossos gostos. Mudar em si não é valoroso, afinal, podemos mudar para pior. Devemos desejar que todos, independente da maneira que estão vivendo suas vidas, evoluam, pois esse é o caminho natural do ser humano.
Assim, a máxima de “viver e deixar viver” se converte em um mantra para quem quer viver a empatia. Quando nos colocarmos nessa postura, perceberemos que as dificuldades e as facilidades de cada um estão ligadas com a própria história e passamos a compreender melhor os desafios que o outro enfrenta.
Foi pensando nesse tema que gravamos o podcast abaixo. Nele você poderá conferir algumas reflexões sobre a empatia e a possibilidade de vivermos essa virtude em sua máxima expressão. Não deixe de conferir nosso episódio!