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O Deus Janus e a magia dos inícios

Já perceberam como todo início é especial? Não importa o que seja, nos parece que há uma mágica que ocorre quando começamos qualquer coisa que verdadeiramente queremos. Pensem no início de um namoro, por exemplo. Há uma energia especial, única, e que pode reverberar sempre que lembrarmos desses momentos. Outro exemplo é a empolgação com um trabalho novo, com novos desafios, novos colegas de equipe e as possibilidades que passam a existir nessa nova realidade. 

Do mesmo modo, sempre que iniciamos um novo ano, sentimos essa mesma energia. Não por acaso, fazemos votos, promessas e nos comprometemos a cumprir novas metas a cada novo ciclo. Essa energia, geralmente, vai sendo dissipada ao longo do ano e perdemos essa força quando caímos novamente na rotina e nas atividades que fazemos de forma corriqueira. Porém, será possível que consigamos canalizar essa energia dos inícios de maneira mais contínua? 

Essa não é uma dúvida nova para o ser humano. Diversas civilizações perceberam que existia, de fato, quase uma força mágica nesses momentos da natureza em que se iniciam novos ciclos e, assim, cada um à sua maneira, representou essa ideia a partir de uma divindade ou mito. A natureza, afinal, sempre foi a solução encontrada pelos antigos para as respostas que mais eram desejadas, pois esses já entendiam que somos partícipes desse Mistério e, portanto, seguimos suas mesmas Leis. Considerando isso, foi através de sua observação e vivência que conseguimos, ao longo da história, ir desvelando um pouco das suas ocultas forças que atuam sobre nós, mas que ainda pouco compreendemos. 

Partindo dessas ideias, hoje conheceremos uma Divindade que canaliza muito bem a Lei dos Ciclos na Natureza: o Deus Janus. Antes de falarmos sobre essa Divindade Romana, porém, vale ressaltar que os mitos e Deuses para as antigas civilizações representam muito mais do que fenômenos da natureza, como costumamos pensar. Além disso, eles são símbolos de uma ideia ou Lei Natural. Sendo assim, para compreendê-los é fundamental sabermos enxergar os símbolos que eles guardam. Sobre esse assunto, recomendamos a leitura do nosso texto sobre mitologia, pois assim poderemos entender de maneira mais profunda o papel e a utilidade dos mitos, tanto para os nossos dias atuais como para os homens e mulheres do passado.

Primeiramente, devemos entender que Janus é considerado o Deus dos inícios. É do seu nome, por exemplo, que vem o nome janeiro, “por acaso” o primeiro mês do ano em nosso calendário. Para os romanos, ele é representado como um homem de duas faces: uma voltada para o passado e outra para o futuro. O rosto que olha para trás lembra um homem velho, com barba longa e um rosto marcado pelo tempo. Já a face voltada para a frente lembra um homem jovem e representa, naturalmente, o futuro. Devido a essa característica na sua representação, Janus também foi associado, astrologicamente, ao signo de gêmeos, sendo um representante da dualidade em seus mais distintos aspectos. Se pararmos para pensar sobre isso, poderemos enxergar que, de fato, o símbolo do Deus da mudança deve marcar uma dualidade, afinal, só existe mudança quando há contraste. Por exemplo, para sabermos as mudanças ao longo de um dia, precisamos comparar o dia e a noite, assim como comparamos estações do ano e até mesmo nossas próprias mudanças só se revelam a partir da comparação de momentos distintos. Dessa maneira, Janus engloba a ideia da dualidade a partir da mudança e do contraste, porém essa Divindade não nasceu na civilização Romana. Há representações de Janus ainda mais antigas, advindas da civilização Etrusca, que habitaram a península Itálica antes da formação do povo Romano. Assim, provavelmente esse foi um Deus absorvido quando as duas sociedades – Etruscos e Romanos – uniram-se, ainda no início da monarquia de Roma.

Muito associado às mudanças, conta o mito que Janus não nasceu como uma Divindade. Antes de ser divinizado, ele foi um grande rei do Lácio, sendo responsável por desenvolver a agricultura nos primórdios dessa região. Ele também teria sido o primeiro a construir barcos para navegar no rio Jano (nome dado justamente em homenagem a ele) e no Mediterrâneo, o que explica a face do Deus está representado em algumas embarcações. Seu culto também voltava-se para as colheitas, uma vez que marcava um novo ciclo para a vida agrícola. Para além disso, Janus ainda tinha sua face representada em portas de casas, instituições e até mesmo nos portões principais das  cidades, simbolizando as passagens entre um momento e outro. Em seus templos, costumava-se fechar as portas em tempos de paz, para que essa não escapasse; já nos momentos de guerra, sempre ficavam abertas, para que o conflito chegasse ao fim rapidamente.

Quanto a isso, é interessante refletirmos sobre a importância dada a essa ideia na antiga civilização Romana. Como sabemos, a História Romana é marcada por conflitos e diversas mudanças em seu território, além da forte presença da agricultura em sua economia. Assim, Janus estava diretamente associado aos dois principais aspectos da civilização, tendo uma importância fundamental na vida religiosa e cotidiana dos Romanos. Não por acaso, o tempo e suas mudanças de modo cíclico estavam no cerne de seus ritos religiosos, sendo celebrado em festivais para cada estação do ano e no início e no fim dos anos no Calendário Romano. Dentro dessa perspectiva, cultuar o Deus Janus se mostrava fundamental para o bom andamento destes novos ciclos, sendo uma Divindade que canaliza essa energia dos inícios para gerar novas oportunidades e bons frutos àqueles que dedicavam-se corretamente aos seus ritos.

Levando para a nossa vida prática, pensemos o quão importante são as mudanças de ciclos e, principalmente, seus inícios. São neles em que depositamos nossas perspectivas e vislumbramos o que desejamos. Claro que, como tudo na vida, à medida que caminhamos pela jornada que traçamos, nossas perspectivas tendem a mudar, exigindo um novo reposicionamento. Essa transição natural não invalida, entretanto, a mentalidade que se estabelece quando colocamos essa energia dos inícios em marcha. Assim, podemos sempre (re)começar e vibrar com os novos rumos que a vida vai abrindo para nós. Todos os dias podemos pensar no Deus Janus e perceber as oportunidades que ele irá nos apresentar. 

Por isso sua face jovem volta-se para a frente: é a juventude que enxerga o caminho que está por vir, pois o passado já passou, está velho e precisa renovar-se. Janus, portanto, não é apenas uma Divindade que abre ou fecha portas, mas, principalmente, nos mostra que a vida é repleta de começos, fins e recomeços. Essa é, sem dúvida, uma das maneiras mais belas de enxergarmos a vida e seus ciclos: tudo está em movimento, desde a mais simples forma de vida até as grandes galáxias que movem-se no Cosmos. Todos estão, em seus ritmos próprios, vivendo as mudanças que a Natureza rege.

Dito isso, não deveria ser natural percebermos que com o ser humano acontece o mesmo? Que a cada ciclo, seja de um dia, uma semana, ano ou mesmo uma vida inteira, essas mudanças estão a todo momento agindo? Se estivermos atentos ao nosso redor, poderemos, certamente, perceber esse fluxo da vida e enxergar oportunidades únicas em nosso dia a dia. Não estamos falando necessariamente de oportunidades objetivas, no sentido de recebermos algum benefício físico disso, mas principalmente de percepções acerca da vida ao nosso redor. Esses momentos alimentam nosso Espírito e são capazes de mudar nossa visão de mundo, nos reposicionando frente a uma experiência.

Portanto, Janus não é apenas uma Divindade que foi cultuada no passado, mas uma ideia presente a todo momento da Natureza. Tendo isso em mente, poderemos nos relacionar com essa percepção não de maneira religiosa, ou seja, fazendo oferendas e cultos para estátuas, mas sim entendendo que os ciclos e as mudanças são uma Lei Natural e estamos a todo momento sob seus efeitos. Tal qual como a gravidade, ela nos impulsiona a um novo momento e, mesmo que não a desejemos, continuará a nos influenciar. Visto isso, devemos aprender a nos relacionar com os ciclos e retirar o melhor desse fluxo da vida. Devemos aproveitar os momentos, pois assim poderemos enxergar as oportunidades que a vida nos apresenta a todo instante. Que possamos, então, refletir sobre essas ideias e aproveitar cada início de ciclo para, assim como Janus, olharmos com um positivo entusiasmo ao que nos aguarda em mais um trecho dessa misteriosa jornada que chamamos de Vida.

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