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As Leis da Vida na Mitologia Celta

A palavra “Celta” não é tão comum no nosso cotidiano. A não ser quando nos referimos a automóveis, é possível que raras vezes tenhamos escutado sobre os Celtas e o seu papel na história. Sendo um dos povos da Europa Antiga, os Celtas espalharam-se pelo velho continente: sua cultura esteve presente desde a grã-bretanha até a Alemanha e regiões da Ásia Menor. Devido a essa diversidade de regiões em que os Celtas habitaram, não existe apenas uma cultura única com elementos que a definam, isso porque em cada região se valorizou um aspecto dessa vasta e pouco explorada civilização. Apesar disso, há elementos similares entre elas, em maior e menor grau.

Entretanto, talvez seja na região da Grã-bretanha e Irlanda que tenhamos os maiores exemplos da cultura Celta. Isso porque elas foram representadas de maneira mais intensa por jogos, filmes e praticantes da religião Celta. Uma das principais figuras dos Celtas são os Druidas. Eles eram sábios que ensinavam o povo sobre a Vida, as Leis Naturais, a medicina, a história e a religião. Cumpriam um papel de conselheiros e professores, responsáveis por guardar a memória e difundir sua filosofia por gerações. Os Druidas usavam como símbolo o “triskelion”, que são três esferas interligadas que representam o Divino, o símbolo também traz a ideia de movimento, por isso é uma representação da evolução.

Além de todas essas funções, eram os Druidas que contavam os mitos à população. Assim, na Mitologia Celta os Deuses morrem, sentem dores e se aproximam dos Humanos pois demonstram ter emoções e reações que o Ser Humano comumente tem. O panteão Celta é composto por diversos Deuses, mas, assim como em outras civilizações, segue uma relação com as forças e aspectos da Natureza. É possível entender isso quando percebemos que as cerimônias e festivais do calendário Celta ocorriam em bosques e espaços abertos. Apenas quando os romanos dominaram e misturaram-se com os Celtas é que a construção de templos tornou-se comum na cultura Celta.

Quanto aos Deuses, podemos destacar alguns: Badb, a Deusa da guerra. Ela regeria a morte, a Sabedoria e a Transformação. Também temos Áine, a Deusa do Amor, da fertilidade e do verão. Ela comanda a terra e o sol, sendo uma Deusa solar, uma das principais do panteão. Outra divindade interessante é Dagda, o Deus da magia, da poesia e da música. Era conhecido por saber todos os ofícios e ser bom em tudo que fazia.

Poderíamos passar muitas páginas falando sobre o rico panteão Celta, mas se observarmos apenas esses três Deuses poderemos compreender algumas características importantes da sua mitologia. Primeiramente, percebe-se que na mitologia Celta a divindade solar é feminina. Quando observamos o panteão de algumas civilizações, percebemos que o “comum” era que o aspecto masculino estivesse ligado ao sol, enquanto o aspecto feminino estivesse relacionado com a lua. Na cultura grega, por exemplo, o Deus principal é Zeus, e até mesmo os Deuses solares (Apolo e Hélios) também são masculinos, enquanto que as deidades lunares (Ártemis e Selene) são femininas. Percebe-se então uma diferença interessante quanto ao gênero destes. Talvez por esse aspecto de valorização do papel feminino é que vários grupos neopagãos busquem elementos da mitologia Celta para se representarem.

Quanto ao aspecto dos Deuses, há similaridades de significado quanto a seus símbolos. Badb, por exemplo, sendo um Deus ligado à guerra e à morte, aspectos negativos num primeiro momento, também é o Deus da Sabedoria e da Transformação. É interessante pois em várias mitologias a morte está ligada à transformação e isso também está ligado a Sabedoria. Na mitologia grega, o aspecto da guerra se liga ao da Sabedoria na figura da Deusa Atena, representante da guerra sábia. Talvez essas divindades representem uma guerra interior, e não apenas a guerra externa. Já que também carregam o sentido de transformação, estes símbolos talvez queiram nos ensinar que, para que algo velho dê lugar ao novo dentro de nós, é necessário travar uma guerra. Para desenvolvermos a Disciplina, precisamos lutar contra a preguiça. Para conquistar a paciência, a ansiedade precisa ser vencida. Em outras palavras, podemos dizer que para alcançar a Sabedoria, a síntese de todas as Virtudes, precisamos travar uma guerra contra a ignorância, contra os vícios e os defeitos que existem dentro de nós.

Se observarmos, os mitos não são apenas histórias para explicar a cultura de um povo, mas são chaves que buscam entender o Ser Humano e como funciona a nossa evolução. Não a toa, como já citado, o símbolo dos sábios Celtas, os Druidas, representava o movimento e a evolução: para evoluir precisa-se de ação, de movimento. Nada evolui de forma estática. Ao observarem a Natureza eles chegaram a essa percepção Universal. Que possamos aprender então a nos movimentar e a ler na Vida essa Sabedoria que inspirou por séculos e, até os dias atuais, mantém-se viva através de releituras e do surgimento de novos grupos.

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