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Vocação: um chamado para o melhor de nós mesmos

Hoje, um dos maiores dilemas dos jovens é descobrir qual é a sua verdadeira Vocação. Por não encontrarem respostas dentro, buscam-nas fora, estando sempre insatisfeitos com a Vida. Alguns indivíduos apostam todas as suas energias em determinados projetos profissionais, sacrificam muitas vezes suas relações familiares e toda a sua vida social trabalhando duro por várias horas por acreditarem que isso faz parte ou é condicional à sua Vocação.

Entretanto, quando estão diante de uma adversidade, essas pessoas não sabem dar as respostas necessárias para superarem os seus desafios. Basta atentarmos para o número cada vez maior de diagnósticos e de enfermidades psíquicas, além da busca por tratamentos terapêuticos de todas as ordens. O problema é que, infelizmente, a maioria das pessoas se empenha em silenciar a voz da Vocação.

Todos nós temos uma Vocação. Comumente encontramos essa palavra junto com a escolha de nossas profissões. Provavelmente você já fez, por exemplo, um teste vocacional que indica qual a sua melhor área de atuação de acordo com suas características e habilidades. Entretanto, a Vocação não tem, necessariamente, uma relação direta com nosso trabalho ou habilidade que desenvolvemos ao longo da Vida. Seu sentido mais profundo, em verdade, relaciona-se com nossas motivações e como colocamos Vida em nossas ações. Visto isso, cabe-nos a pergunta: o que é, de fato, Vocação?

Se buscarmos sua etimologia chegaremos à palavra latina vocatio, que pode ser traduzida como “chamado” (daí também se origina o termo vocativo, utilizado no nosso idioma). Para a filosofia, especialmente para os filósofos clássicos do mundo grego, como Platão, o termo Vocação se traduziria como um “chamado da Alma”. Em resumo, podemos compreender que a Vocação seria uma forma de agir na qual colocamos a Vontade da Alma como nosso guia.

Para exemplificar podemos pensar em pessoas que atuam dessa maneira. Sua postura, em geral dedicada e entregue ao serviço, nos faz observá-la e dizer: “você tem Vocação para isso”. Como a pessoa, geralmente, executa com maestria suas tarefas e coloca Vida no que faz, tendemos a achar que ela está “na profissão certa” ou que “nasceu para aquele emprego”. Porém, não é a profissão ou a atividade em si que a faz ser tão dedicada, mas sim a forma que a própria pessoa atua no mundo. A Vocação, portanto, é uma competência do indivíduo que pode estar perceptível ou adormecida em cada um de nós. Essa competência Humana transcende a prática de atividades, os desejos de seguir determinado caminho ou a desenvoltura de algum talento para executar algo que nos dê prazer.

O chamado da Alma, em resumo, está em colocar suas melhores qualidades em torno de uma atividade. E não precisamos nos entregarmos de corpo e alma apenas em nossas profissões. Podemos agir dessa maneira em casa, com nossos amigos, no trânsito, enfim, em qualquer lugar. Nossa verdadeira Vocação, como diriam os antigos filósofos, está em guiar nossa Vida através das nossas Virtudes. Em palavras mais simples: agirmos com Boa Vontade, Gentileza, Disciplina e Entrega em tudo que fizermos.

Assim, nossa Alma poderá vibrar em nosso interior, sabendo que seguimos os seus comandos. Porém, nossa Alma, na grande maioria dos casos, está adormecida nesse aspecto. Quando olhamos, por exemplo, o modo que desempenhamos nossas tarefas podemos perceber que, na grande maioria das vezes, não estamos sendo comandados por Virtudes, mas por outros aspectos: a obrigação, o dinheiro, os desejos. Visto isso, como podemos alcançar uma ação verdadeiramente vocacionada?

De acordo com a tradição tibetana, o despertar da Alma significa o desabrochar da consciência Humana acerca de si e do mundo à sua volta. Logo, quanto mais “acordada” a consciência, mais sua Alma poderá libertar-se do estado de adormecimento que se encontra. Podemos compreender que nossa Alma independe da nossa condição social, do país no qual residimos ou mesmo da profissão que escolhemos.

Partindo de um ponto de vista filosófico, a Vocação nos ajuda a voltarmos para o nosso interior e ressignificarmos as nossas percepções acerca do mundo, além de nos permitir a possibilidade de expressar o que temos de melhor por meio das várias formas da nossa existência. Assim sendo, fica claro que o conceito de Vocação está mais relacionado com as nossas instâncias intrapessoais do que com as nossas habilidades mentais, intelectuais ou motoras.

Somos o que expressamos diariamente no mundo. Portanto, quanto mais conscientes estivermos do nosso papel, mais importante é o processo de nossa individualidade perante o mundo. Isso significa que a nossa Identidade, quem verdadeiramente somos, acaba por revelar-se por meio dos nossos pensamentos, dos nossos sentimentos e das nossas ações. A Vocação tem um papel fundamental nesse processo, uma vez que é o caminho que nos chama para viver de forma mais autêntica, longe de todos ou quaisquer esquemas sociais que nos paralisam e nos deixam longe do fluxo da Vida.

É preciso um trabalho constante para que possamos conhecer a nossa verdadeira Vocação. Esse é um caminho que nos exige esforço, uma vez que precisaremos refletir sobre quem somos e como podemos expressar as nossas Virtudes. A Vocação nos possibilita um método inteligente para esse processo, tendo em vista que, independente das habilidades que possuímos, a nossa Vocação enquanto indivíduos é sermos Seres Humanos. Nesse processo, à medida que o indivíduo vai se aproximando de sua Identidade original, vai se harmonizando e se revelando na sua existência, trazendo consigo o que há de melhor dentro de si e ajudando os demais.

No fim, a busca de nossa Identidade se converte na força e dedicação aos serviços que desempenhamos em todos os campos da nossa Vida. Por nos conhecermos, passamos a buscar a melhor forma de agir em todos os lugares. A Vocação, portanto, converte-se não em um trabalho ou habilidade, mas em um modo de vida consciente, com Princípios e Finalidades. Quem sabe não possamos, aos poucos, nos aproximarmos de nós mesmos e libertarmos a nossa Alma, que jaz adormecida em nossa essência? Esse é um caminho que vale a pena trilharmos.

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