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Estresse e resiliência: como agimos diante de situações extremas?

Somos seres adaptáveis. É possível que você já tenha escutado frases desse tipo e não tenha se dado conta do quão verdadeira ela é. Os Seres Humanos, desde a pré-história, apresentam uma capacidade adaptativa incomparável. Não por acaso somos a espécie dominante do Planeta Terra, mas a que se deve nossa capacidade de solucionar problemas e vencer obstáculos?

Quando lidamos com situações adversas, sejam elas físicas ou psicológicas, nossa mente busca saídas para resistir e superar as dificuldades. O nosso cérebro, em especial, tem uma maneira própria de lidar com momentos de tensão, que podemos resumir em duas palavras: Estresse e Resiliência. Ambas são formas de reação produzidas a partir da captação e interpretação do nosso cérebro a um evento externo. Mas o que significa, de fato, cada um desses mecanismos?

Provavelmente você já ouviu falar do estresse. É comum falarmos que estamos “estressados”, ou que hoje tivemos um dia “estressante”, seja com alguém que nos roubou a paciência ou com uma situação que não fomos capazes de resolver sem perder a calma. Por causa desses momentos do cotidiano, temos a tendência de pensar no estresse como uma reação pontual, ocasionada devido a um contexto específico e que eventualmente resolve-se. Entretanto, o estresse, segundo a biologia, é um processo contínuo em nosso organismo. Ou seja, sempre haverá esse tipo de reação por nossa parte, uma vez que os cenários e contextos em que vivemos estão em constante mudança. O estresse é a nossa reação para nos adaptarmos a um cenário ainda não conhecido. Esse aumento da atividade corporal, que nos deixa agitados e em uma postura “defensiva”, é uma expressão do nosso instinto de sobrevivência.

Os animais, assim como nós, também usam esse mecanismo como método para sobreviver e adaptar-se a diferentes situações. Podemos ver, por exemplo, como nossos animais de estimação reagem quando expostos a um ambiente diferente do qual estão acostumados. Se tornam mais agressivos, esquivos ou até mesmo escondem-se até compreenderem que está “tudo bem”. De igual maneira, agimos similarmente em situações desconfortáveis em que nosso cérebro assimila como “estressante”. Apesar de ser um movimento instintivo, o Ser Humano tem como diferencial o atributo de ser autoconsciente, ou seja, perceber-se nas situações e poder decidir como irá agir frente aos cenários que se deparam. É nesse ponto que entra nossa segunda reação: a resiliência.

Resiliência é uma palavra que vem do latim resilientia, que pode ser traduzida como “voltar ao estado que era.” A Física utiliza o conceito de resiliência como uma capacidade de um corpo de deformar-se e voltar ao seu estado natural. Partindo dessas duas percepções, podemos pensar na resiliência como a nossa capacidade de enfrentar adversidades e superá-las. Pensemos, por exemplo, nos problemas que enfrentamos ou em situações de difícil resolução. Elas nos causam, certamente, um tipo de deformidade, seja física ou psicológica: fisicamente pode ser uma dor ou desconforto, que nos obriga a nos reposicionar diante da situação, mas nossas principais deformidades ocorrem em nossa mente. Alguns desafios nos causam tristeza, angústia e desconfortos psíquicos que nem sempre são visíveis, mas iguais ou mais dolorosos que os físicos. A partir desses desconfortos nos movimentamos de maneira inteligente para retomarmos nosso estado natural. Assim age a resiliência em nós, sendo a capacidade de vencermos as situações que a Vida nos coloca.

Podemos pensar, portanto, que nossa mente tem dois caminhos quando se depara com situações extremas: podemos nos render ao estresse e agir instintivamente ou sermos resilientes e recuperarmos nosso estado psíquico saudável. Quando escolhemos, inconscientemente, o estresse e somos controlados por ele acabamos, na grande maioria dos casos, sacrificando a convivência com colegas de trabalho, familiares e amigos. Quem de nós nunca “explodiu” com um familiar ou amigo quando estava sob pressão? Ou se isolou no trabalho buscando resolver um problema? Esse modo de agir acaba por afastar as pessoas, e mesmo que consigamos achar uma solução para o nosso problema já teremos outros a resolver, que será a conciliação com as outras pessoas.

O estresse, portanto, nos faz trilhar um caminho duro e vicioso, uma vez que é resultado do nosso instinto de sobrevivência. Visto a necessidade de nos preservarmos, o estresse acaba causando os danos necessários (e desnecessários) aos que estão ao nosso redor. Visto isso, não consideramos a melhor reação perante as situações extremas. Pensemos, agora, como a resiliência pode nos ser útil como modo de agir frente às dificuldades.

A resiliência nos permite suportar os traumas e momentos difíceis, sobrevivendo (psiquicamente falando) a eles. Um fator fundamental para a construção da resiliência é ter um Sentido e Objetivo de Vida. Nos momentos mais cruciais são eles que nos impulsionam para superação de estados psicológicos ou situações traumáticas. Por exemplo: quando perdemos um emprego e sentimos uma frustração por não correspondermos à expectativa que haviam depositado em nós, essa ferida psicológica pode levar anos para curar, além de poder desenvolver, com o tempo, doenças psíquicas. A resiliência é a reação que nos faz superar esses estados e nos coloca em movimento. Buscamos então um novo emprego, renovamos nossos objetivos e a Vida, mais uma vez, segue seu curso.

Resiliência não se trata de ser indiferente às feridas e problemas que aparecem em nosso caminho, mas sim de não nos rendermos a eles. Seu atributo de conseguir voltar ao seu estado natural depois de sofrer uma deformidade, como apresenta a física, é uma qualidade importante para nós. Também devemos compreender que a resiliência, por mais que seja uma reação do nosso cérebro, se distingue do estresse. Enquanto o estresse será uma reação voltada para preservação, automática e inconsciente, a resiliência, em geral, não causa danos à nossa convivência, muito menos surge de uma ação não pensada. Ao contrário, ela é fruto de um estado mental que vê além da situação, uma vez que nos leva a caminhar em direção a um objetivo maior do que o problema que estamos vivenciando.

Essa força que advém da resiliência nos faz superar obstáculos e desenvolver Virtudes. Acaba por nos colocar de pé nos momentos difíceis, nos fazendo seguir em frente e não desistir. Por mais dura que seja a trilha, ela nos coloca em um estado mental positivo, que nos dá forças, tanto físicas como psicológicas, para resolução dos nossos problemas. E por mais que esta seja uma palavra da “moda”, os antigos já a compreendiam nesse aspecto de conseguir manter-se firme frente aos desafios.

Os Filósofos Estóicos, por exemplo, compreendiam que as adversidades causadas pela Vida não deveriam, em hipótese alguma, nos roubar a capacidade de nos mantermos serenos por dentro. Eles chamavam isso de ataraxia, a tranquilidade da Alma. De maneira similar, podemos compreender que para se alcançar esse estado mental seria preciso, primeiramente, desenvolver a resiliência. Ela nos faria crescer com as experiências, tanto boas quanto más, e nos tornaria mais fortes e vivos perante o mundo. Para os antigos filósofos esse era um caminho para conectar-se de maneira profunda com a Vida e as experiências.

Talvez, em nossos tempos atribulados e cada vez mais “estressantes”, não consigamos viver a ataraxia proposta pelos Estóicos. Entretanto, certamente poderemos vivenciar a resiliência como uma resposta para os momentos difíceis. Busquemos, através dessa Virtude, nos relacionarmos de maneira Humana com os nossos desafios. Não vejamos neles, por exemplo, apenas motivos de queixa e desânimo. Que possamos, acima disso, aprender com essas experiências e utilizá-las como um meio de alcançar nosso Sentido de Vida.

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