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A Nossa Parcela de Responsabilidade

No momento em que vivemos, é difícil alguém estar plenamente satisfeito com a realidade que nos circunda, com a inversão de Valores na sociedade, o egoísmo e o individualismo, a desordem nas estruturas que deveriam nos fazer chegar ao melhor de nós mesmos, como a educação, a política ou a religião. Ficam realmente parecendo muito utópicos aqueles filósofos que propõem ideias para viver numa sociedade mais Harmônica e Justa. Mas, apesar de toda esta insatisfação, é importante refletirmos que esta sociedade que tanto criticamos é formada por cada um de nós. Culpamos o governo, a educação, a escola, os pais…. Sempre são os outros os responsáveis por nossas dificuldades e, em última instância, por nossa infelicidade. Mas este “outro” nunca somos nós mesmos. Qual a responsabilidade que nos cabe?

No seu livro “A República”, Platão nos conta um mito que elucida bem o que é a Responsabilidade com nossa própria conduta, o que poderíamos também chamar de Ética: Em época remota, um pastor de nome Giges encontrou um anel de ouro no dedo de um esqueleto humano gigante, após um terremoto, dentro de uma fenda que abriu no solo, próximo ao local onde ele pastoreava ovelhas. O anel possuía o poder de tornar invisível quem o utilizasse e, de acordo com a fábula, Giges, que até então era considerado por todos um homem muito Honesto, começou a fazer mal uso de seu novo poder, e perpetrou atos infames, até mesmo abusar de mulheres, assassinar o rei da Lídia e ocupar seu lugar no trono.

Neste Mito, Platão trás a ideia de que muitos de nós não buscamos ser realmente éticos, ou seja, responsáveis por nossas ações no mundo. Atuamos na Vida em sociedade através de uma espécie de acordo tácito. Cumprimos as leis estabelecidas enquanto elas nos são convenientes, assim como Giges, que ignora toda a moralidade e começa a agir somente em benefício próprio porque ninguém estava vendo, fugindo portanto da Responsabilidade pelos seus atos.

É interessante notar que qualquer um de nós é capaz de perceber a importância da Responsabilidade. Sempre admiramos alguém que cumpre seus compromissos, que responde por seus atos. Sempre nos aproximamos e queremos nos relacionar com pessoas em quem podemos contar e confiar, que sejam responsáveis. Nenhum de nós, seja na Vida particular ou na Vida em sociedade, aprecia um comportamento de alguém que foge dos seus compromissos, que diz que irá fazer e não cumpre, que apresenta falhas e não se responsabiliza por elas. Porém, quando se refere a nós mesmos, preferimos colocar a Responsabilidade na conta do outro.

Enquanto não percebermos que somos uma célula desse imenso corpo que chamamos de Humanidade, não saberemos nos responsabilizar por nossas ações, sentimentos e pensamentos, e por consequência não poderemos atuar naquilo que nos cabe para que a sociedade seja mais Justa. A verdadeira Justiça, não essa que podemos nos enganar como uma convenção social, mas a que tão bem nos elucida Platão no seu livro, pode ser entendida como uma espécie de Harmonia, cada coisa em seu lugar, cumprindo com sua função da melhor forma possível, contribuindo para o Todo, como em uma composição musical onde cada instrumento é responsável para que aconteça a música, como em um organismo saudável, em que cada órgão e cada célula recebem o que lhes é próprio e cumprem com sua função, cada um com sua própria Responsabilidade.

Então, antes de simplesmente nos queixarmos dos males do mundo e da sociedade, deveríamos refletir sobre qual é o nosso papel nessa imensa orquestra da Vida. O primeiro passo para mudar o mundo é mudar a nós mesmos.

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