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Por Que nos Encantamos Tanto com o Fantasma da Ópera?

Provavelmente você, em algum momento da Vida, já se deparou com o encanto e o mistério da obra de Gaston Leroux de 1910, “O Fantasma da Ópera”. Seja através do próprio livro, da impactante trilha sonora, dos inúmeros filmes, ou do tão famoso musical, espetáculo da Broadway de maior tempo em exibição, a verdade é que todos nós nos comovemos, e nem sabemos ao certo por quê, com a história do misterioso gênio da música. Mas a resposta está no fato de “O Fantasma da Ópera” ser um Mito moderno, e como todo Mito, traz uma Bela mensagem sobre a trajetória Humana, para ser entendida com a Intuição.

A LINGUAGEM SIMBÓLICA DA HISTÓRIA E DA PRÓPRIA VIDA

A história nos é contada através de vários símbolos, linguagem que, embora não seja tão conhecida hoje em dia, é a forma como a própria Vida nos ensina sobre suas Leis e conversa conosco. Por exemplo, quando presenteamos alguém com uma flor, estamos demonstrando simbolicamente ter sentimentos profundos por ela. Ou quando saímos atrasados e estamos apressados para chegar em algum lugar, mas acabamos parando em todos os sinais vermelhos possíveis, é como se a Vida estivesse nos ensinando a respeitarmos mais o tempo. Até mesmo quando queremos entrar em contato com a ideia da Justiça, nos lembramos da famosa estátua com a balança e venda nos olhos, este símbolo nos comunica uma mensagem que somente as palavras não podem dizer. A estátua, na verdade é uma representação de Têmis, deusa grega dos juramentos. A balança é um símbolo do equilíbrio buscado pela Justiça, e a venda nos olhos indica que a aplicação da lei não pode ser motivada por preferências pessoais.

No Fantasma da Ópera, Gaston Leroux utiliza diversos destes símbolos presentes na Tradição da Humanidade para nos passar a mensagem de que, assim como Christine, durante a Vida, todos nós temos uma escolha a fazer: a de sermos nossa melhor versão, escutando a voz do nosso mestre interior, simbolizado pelo Fantasma, ou de ficarmos com Raul, o amigo de infância, que simboliza a vida comum, que já conhecemos, por isso é mais segura e confortável, mas não nos traz o sentimento de realização.

EXPLICANDO ALGUNS DOS SÍMBOLOS

A história se passa em um teatro parisiense do final do séc XIX, assombrado por um “fantasma” que dita todas as regras, desde as obras a serem encenadas, os atores, os bailarinos e os lugares na platéia, onde cada pessoa da sociedade deve se sentar. Apesar de escutarem a sua voz, ninguém vê esse fantasma. O seu nome verdadeiro é Erik, ele é um gênio da música e toma como aprendiz, Christine, uma das bailarinas, por perceber na moça um talento nato para o canto.

ÓPERA, SÍMBOLO DA VIDA

O símbolo do teatro nos convida a perceber que esta história acontece dentro de nós, como uma analogia à própria Vida. As peças são encenadas no palco, que é a parte que o mundo exterior pode ver, assim como os diversos papéis que assumimos na nossa atuação dentro da sociedade. Porém, a realidade está acontecendo nos bastidores, no lar do Erik, ou seja, no nosso inconsciente. É lá que nascem todas as decisões, de lá surgem as ideias e os sentimentos que dão Vida à esta obra de Arte que é a Vida Humana.

CHRISTINE SIMBOLIZA TODOS NÓS

Christine canta:

“Me trouxeste, onde as frases não valem mais

E as palavras derretem silêncio no fogo, fogo

Aqui estou eu, sem saber o que aqui me traz

Em meus sonhos eu vi e previ

Os dois corpos unidos e mudos e quietos

E agora eis-me então aqui

Eu quis assim, meu destino, destino…

Já não há retorno mais, nenhum desvio

O laço da paixão já deu seu nó

Já não mais o bem ou mal, mas eu pergunto

Quando é que juntos vamos ser um só?”

Christine é a jovem Bela, Pura e Talentosa que vai desabrochando em seu talento e se destacando na Ópera por causa das lições aprendidas com seu Mestre misterioso. Porém este grande Mestre é bastante exigente e cobra que Christine se dedique cada vez mais e que abra mão de alguns apegos do passado. Para fazer com que Christine alcance o seu auge como artista, o Fantasma não mede esforços e muitas vezes toma atitudes que nos parecem cruéis, chegando até a cometer assassinatos para remover do caminho da jovem aquilo que ele encara como empecilho.

“A arte sai dos porões imundos em que

vive somente se for amada pelo artista,

se for aceita e compartilhada por ele.”

Ao mesmo tempo que Christine hesita, teme o misterioso fantasma Erik, um amigo de infância retorna à sua Vida como patrocinador de todo o teatro, o Raul. E junto com ele, surgem em Christine lembranças da sua infância, como a Alegria, a Pureza, a Inocência, a Segurança, o Conforto e a Estabilidade, fazendo com que ela fique presa a uma imagem dela mesma do passado, de momentos de Felicidade que gostaria de reviver. Abrindo espaço para estas memórias, Raul vai tornando-se então cada vez mais presente e influente na Vida dela, afastando-a do seu Mestre e do caminho da excelência na música.

A CHAVE PSICOLÓGICA, TODOS PERSONAGENS SÃO ELEMENTOS DENTRO DE NÓS

“O Fantasma da Ópera está aí,

dentro da sua mente.”

Os personagens desta história são representações dos diversos elementos que existem dentro de todos nós. Assim como na obra, dentro de nós também existe: uma vaidade quando fazemos algo e esperamos que os outros valorizem, como está presente na cantora principal da Ópera; Uma descrença que nos deixa presos em pensamentos pequenos e egoístas, como a amiga que nega a existência do fantasma; Um medo de encarar a Vida como ela é, simbolizado pelo senhor que manipula as cortinas do palco… Esses são alguns entre tantos outros elementos presentes na obra e que são muito profundos e ricos de significados.

ERIK, O FANTASMA QUE REPRESENTA A MELHOR VERSÃO DE NÓS MESMOS

Se pensarmos na mensagem profunda que este “Mito moderno” quer nos passar, percebemos que nas nossas Vidas, constantemente nos vemos diante de uma escolha que exige de nós Crescimento, Comprometimento e que nos desafia a abandonarmos os prazeres do passado, que são coisas boas e nos trazem conforto, mas que nos impedem de continuar nossa jornada. Porém, temos dificuldade em abrir mão de elementos que já estamos familiarizados, temos medo das críticas e opiniões alheias, pois, para a maioria das pessoas, é uma loucura seguir o caminho que essa voz nos pede. Por isso, acabamos olhando para estes chamados mais elevados da Vida como algo monstruoso, equivocado, difícil, assim como Christine enxergava Erik. Mas lá no fundo, mesmo que todos pensassem o contrário, Christine sabia que ela só conseguiria deixar a sua mensagem no mundo, só conseguiria tocar a Alma das pessoas, se ela se unisse ao Fantasma, pois ele a conduziria até que ela se tornasse a melhor versão de si mesma, e só assim ela cumpriria o seu Propósito de Vida. Nós também somos assim, quando abandonamos uma missão, ou um sonho, para obedecer as vozes externas que nos mandam seguir o confortável, seguir as modas ou os padrões da sociedade, dentro de nós permanece presente a voz do Fantasma, que nos lembra o que nós poderíamos ter sido.

Christine canta:

“Aqueles que viram seu rosto

recuaram com medo

Eu sou a máscara que você usa…”

RAUL, NOSSA ZONA DE CONFORTO

Muitas vezes na Vida nos apegamos a uma memória, a uma lembrança, à nostalgia de um passado em que fomos felizes. Queremos voltar a este tempo, porque ao menos lá nós conhecemos tudo, nos sentimos seguros e confortáveis, assim como Christine sente-se com o Raul.

Raul canta:

“Não fale mais sobre trevas

Esqueça os seus medos

Eu estou aqui, nada pode machucá-la

Minhas palavras aquecerão e acalmarão você

Permita-me ser sua liberdade.

Permita que a luz do sol seque suas lágrimas.

Eu estou aqui, com você, ao seu lado

Para guardá-la e guiá-la”

SERÁ QUE É POR ISSO QUE GOSTAMOS TANTO DESTA HISTÓRIA?

Porque ela nos lembra o quanto podemos ser grandes Seres Humanos, se não nos deixarmos levar pelo nosso medo? Nos mostra o quanto poderíamos tocar outras Almas Humanas, e cumprir com o nosso papel no mundo, se parássemos de enxergar os desafios e dificuldades da Vida como monstros que querem nos fazer mal, quando na verdade, estes fantasmas só querem nos fazer crescer?

Quantas vezes, no nosso dia-a-dia, escolhemos aquilo que é mais seguro e confortável, simbolizado pelo Raul, em troca daquilo que exigiria de nós Superação e Crescimento? Quantas vezes abrimos mão de nosso Fantasma?

É como se, ao revisitarmos esta história, ouvindo a trilha sonora, relendo o livro, assistindo ao filme, entrássemos em contato, ao menos por aqueles instantes, novamente com este potencial elevado que todos temos dentro de nós, mas que nem sempre escolhemos vivê-lo. Porém, uma coisa é certa, o Fantasma nunca desiste, por isso, assim como no final da obra, ele sempre deixa uma rosa vermelha para nos lembrar de sua presença e de nossa possibilidade de escolha.

“Quando achar

Aquilo que tanto deseja

Venha buscar o seu coração

E fique livre

E se você tiver um momento

Pensa um pouco em mim”

PARA QUEM QUER SE APROFUNDAR NAS OBRAS

O livro de Gaston Leroux de 1910 numa nova edição da L&PM
Filme de 2005, inspirado no musical de Andrew Lloyd Webber

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