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Lúcio Quincio Cincinato, Uma Inspiração Romana

Imagine um governante que serve de verdade ao seu país ao invés de tirar proveito do seu cargo, como é tão comum em nosso tempo. Esse homem vive uma Vida muito simples, despojado de luxos, sem ambições pessoais, mas não é simplório, ao contrário, já chegou a ocupar os cargos mais altos e sempre que o país se vê envolto em uma emergência de guerra, ele é convocado para liderar os exércitos. Em atendimento ao chamado, abandona sua Vida e enfrenta os inimigos. Após a conquista, em vez de se valer dos louros da vitória, retorna à sua vida pacata, simples, modesta, em uma propriedade rural pequena, aonde vai arar a terra, cultivar suas plantações e criar seus animais.

Você acha que esse homem já existiu em carne e osso? Ou será que esse ideal de governante só existe nos sonhos da Humanidade, ou nos floreios poéticos dos escritores? Diante de tantas decepções com os usurpadores do poder, é difícil hoje acreditar na possibilidade de encarnação desse ideal, pois estamos em uma era de total descrença na Dignidade da Alma Humana. Entretanto, os estudiosos da história de Roma afirmam que existiu um homem com essas qualidades, o nome dele era Lúcio Quíncio Cincinato.

Há cerca de 2.500 anos, Roma era uma República governada por dois focos de poder, o Senado e o cônsul. O Senado era uma espécie de conselho formado por anciãos que fiscalizavam a atuação do cônsul, criavam as leis e decidiam sobre a política externa da república. Já o cônsul era uma espécie de presidente, o líder máximo. Lúcio Quíncio Cincinato foi general e cônsul, mas vivia uma vida muito simples e sempre que a República se via atacada por forças estrangeiras, o Senado o convocava para o serviço.

Por volta do ano 459 a.C, Roma se viu em uma situação muito crítica, pois dois povos inimigos, os volscos e os équos, atacaram violentamente a República prejudicando a comunicação e o comércio ao longo da Via Latina. Com dificuldades em liderar um contra-ataque, o Senado romano decidiu estabelecer uma espécie de estado de defesa, um período de seis meses em que todos os poderes de Roma seriam concentrados em um único homem, a fim de que comandasse uma forte operação de defesa. O homem escolhido para esse encargo teria que ser de muita confiança, já que toda a potência do Estado ficaria em suas mãos, e teria que ter muita habilidade, muita aceitação pelo povo e muita maestria. Cincinato foi o homem escolhido para esta missão. Dizem que quando ele foi procurado para receber a convocação, estava em sua humilde fazenda, arando a terra. Ele soltou o arado, mandou buscar sua toga, aceitou a convocação e foi investido no mais alto cargo que um romano poderia assumir, o de Pretor Máximo. Imediatamente convocou a cavalaria e a infantaria, e pessoalmente as conduziu para o campo de batalha. Venceu todos os inimigos e submeteu seus generais a julgamento em Roma. Por este feito, recebeu as honrarias do “triunfo romano”, que era um dos mais altos e mais raros tipos de honraria, concedida mediante cerimônias cívicas e religiosas somente quando Roma vencia batalhas muito desafiadoras.

Após receber todas essas honrarias máximas e ter sido restabelecida a paz romana, Cincinato deixa o cargo, sem usufruir de nenhuma vantagem pessoal, e retorna à sua vida simples no convívio com sua família e às tarefas de cultivo de sua pequena propriedade.

Cerca de 20 anos depois, Roma caiu em uma crise aguda, um período de muita fome levou milhares de romanos à morte, por doenças, por convulsões sociais e por suicídios. Era uma situação angustiante. Tirando proveito do momento, um cavaleiro rico, chamado Espúrio Mélio, começou a distribuir grãos para a população, para ganhar o apoio e a confiança de todos, e com isso assumiu o controle de uma cidade romana, estabelecendo um governo ilegítimo. Incapaz de vencer Mélio, o Senado mais uma vez convoca Cincinato para assumir o Pretório Máximo. Nesse momento ele já está com oitenta anos, mas não recusa a convocação. Assume a atribuição, vence Mélio, distribui grãos entre os populares, perdoa os outros envolvidos na conspiração e retoma mais uma vez a paz em Roma.

Cincinato é a encarnação de um ideal de servidor à causa pública. Um governante que estava pronto para servir, sem o menor interesse em usufruir de seu poder para benefícios pessoais. Um Estado só se torna forte se tiver homens com esse nível Moral. Platão diz em sua obra, “A República”, que uma cidade começa a se destruir quando seus governantes passam a governar para si mesmos, e não para o povo. Uma das piores doenças que pode existir em um Estado é o egoísmo de quem detém o poder. E não é apenas o poder político, mas também o poder militar, o poder jurídico, intelectual, de comunicação, econômico… Quando os centros de poder são colocados a serviço de interesses egoístas, o Estado começa a ruir. A salvação de uma sociedade vem de cidadãos como Cincinato, que estão prontos a renunciar tudo pelo bem coletivo, que são capazes de lutar até a morte pelo seu grupo, e que mesmo recebendo todas as honrarias possíveis, é capaz de abrir mão de todas, sem titubear.

Cincinato é uma inspiração histórica, infelizmente esquecida por muitos e ideologizada equivocadamente por alguns que o associam a uma ou outra corrente política que está em moda hoje em dia. A presença histórica autêntica desse herói tem mais a ver com o ideal de um Estado que serve ao povo, que atua com inteligência e força na salvação da população diante das adversidades, do que com qualquer corrente política em específico. Quando as treze colônias americanas lutaram na Guerra Revolucionária contra o exército britânico, buscaram inspiração na figura de Cincinato, daí que surgiu a Sociedade de Cincinato, que futuramente daria o nome à cidade de Cincinnati, no estado de Ohio.

Infelizmente, a modernidade rompeu com esses símbolos históricos, talvez é dessa ruptura que advém a nossa debilidade contemporânea diante do enfrentamento de ameaças graves do nosso tempo. Protagonizamos hoje um desmoronamento civilizatório que se reflete na corrupção generalizada, no desacordo dos países na condução de uma pandemia e principalmente na predominância de interesses mesquinhos e individualistas sobre a Virtude e a Honra. É urgente olharmos para a história Humana e verificarmos que nem sempre foi assim, que esse estado de letargia, de debilidade, não faz parte da essência do Homem. É fruto deste momento apenas. Esses personagens que, ao longo da história, encarnaram o ideal de toda uma nação, se tornaram símbolos de inspiração para cada cidadão. Isto não é utopia, é fato histórico.

Se existiram homens como Cincinato, então existe na Alma Humana essa capacidade de Servir, de ser Leal, de não se corromper. Esse ideal de líder existe em algum lugar da nossa Alma, só precisamos despertá-lo.

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