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Maudie: O poder transformador da Arte

A arte transforma vidas. Essa frase pode parecer um tanto quanto tendenciosa, mas pense em sua própria vida, meu caro leitor: há alguma música que lhe marcou profundamente? Um filme ou fotografia que até hoje não saem de sua memória e que, vez por outra, você relembra com entusiasmo? Alguma estátua que marcou algum momento da sua trajetória? É provável que algum tipo de arte tenha feito você repensar ideias, valores e até mesmo o modo que vive. 

A arte pode nos salvar por nos dar a possibilidade de não somente criar algo novo, mas também de conseguir captar ideias e sentimentos e traduzi-lo de diferentes formas. O artista, nesse sentido, serve como uma ponte que conduz tais percepções para o seu público. Muitas vezes, infelizmente, a arte é pouco compreendida pelo senso comum e passamos a associá-la a um tipo de hobby ou algo que deve ser feito apenas nos horários vagos de nossa rotina. Muitas vezes,  ser artista não é visto como uma profissão, tão importante quanto um médico, professor ou outro ofício tão necessário para a nossa sociedade. A arte, portanto, precisa voltar a ser vista como fundamental para a nossa vida humana.

Esse discurso não é atual, afinal, diferentes grupos e indivíduos já nos apontam essa necessidade. Porém, às vezes, uma imagem vale mais do que mil palavras. Assim, para revivermos o valor da arte na vida cotidiana, indicamos o filme “Maudie”, uma história real de uma artista americana que salvou sua vida a partir de suas obras.

Lançado em 2016, “Maudie” não é só um drama autobiográfico da artista plástica Maudie Lewis, mas também um filme que fala da força de uma mulher que venceu os limites do próprio corpo para pintar o mundo sob sua perspectiva. Com cores vivas e alegres, a pintora acaba revelando toda a Beleza dos elementos do seu cotidiano. Apesar das adversidades que enfrentou, essa artista ensinou a todos como a Doçura e a Bondade são importantes para a superação de qualquer dificuldade, pois, melhor do que ninguém, foi uma mestra ao lidar com muita Leveza e Humor com as suas dores físicas, e, principalmente, com as dores psicológicas que a vida lhe trouxe.

Considerando esse aspecto, podemos falar que, no caso de Maudie, foi a arte que salvou a sua vida, uma vez que devido à sua doença a pintora era vista como uma pessoa que precisaria ser cuidada (não apenas fisicamente, mas em todos os aspectos) até o fim da sua existência. A arte lhe possibilitou ganhar seu próprio dinheiro, conseguiu transformar sua vida e lhe dar um ofício no que antes seria impensável.

Para entendermos bem a história de Maudie é preciso conhecer um pouco de sua trajetória. Desde a sua infância, a canadense sofreu de artrite reumatoide, o que lhe causou deformações em todo o seu corpo e acabou limitando-a para determinadas atividades. Devido a essas limitações, Maudie se tornou uma pessoa desacreditada por parte do seu irmão e da sua tia, que a tratavam como uma deficiente mental. Entretanto, diferentemente do que acreditavam seus parentes, Maudie era uma mulher incrível, que, por trás da aparência frágil e deformada, era possuidora de uma força e de um poder interior transformadores.

A prova disso são as pessoas que cruzaram o seu caminho. Uma dessas pessoas foi o seu esposo Everett Lewis, um vendedor de peixe que foi abandonado pelos pais ainda muito jovem e acabou se tornando um adulto amargurado.

O encontro de Maudie e Everett é uma história romântica própria do seu tempo. O romantismo, apesar de existir, perde espaço para a necessidade e a busca de duas pessoas com problemas que tentam superar juntos seus dilemas. Ele conheceu Maudie após colocar um anúncio de emprego para trabalhos domésticos na sua casa. Buscando fugir da difícil relação com o irmão e a tia, Maudie se candidata à vaga de emprego e logo é subestimada por Everett devido ao seu aspecto frágil. Porém, ao passar do tempo, os papéis não só se invertem, mas se harmonizam, revelando o que há de mais bonito na Alma Humana: a capacidade e a plasticidade de Amar profundamente alguém para além da sua aparência.

Nesse ponto, revela-se a união entre o amor entre Maudie e Everett, e também o amor da pintora por suas obras. Maudie começa a decorar a casa de Everett com seus desenhos, depois passa a fazer cartões de agradecimento, e aquela simples arte passa a ser uma verdadeira fonte de renda para o casal. A arte passa a ser a salvação de Maudie quando ela encontra sentido no que faz e na ajuda que dá às pessoas. 

Se considerarmos esse mesmo aspecto para a nossa vida, quantas vezes podemos dizer que a arte nos salvou? Não em um sentido dramático, mas de ter nos colocado ideias e perspectivas que até então não estavam ao nosso alcance? De nos levar a um ponto de percepção interior que abriu novas possibilidades em nossa mente? A arte não é apenas uma técnica, mas um verdadeiro canal de expressão de ideias e ideais que somente os seres humanos conseguem fazer. Não se trata, afinal, de ter uma qualidade técnica rebuscada tal qual os renascentistas, mas de conseguir expressar ideias e beleza de forma simples e autêntica.

É aí que reside toda a magia do filme, pois mostra como Maudie, mesmo com suas limitações, não apenas aprende a lidar com a sua deficiência, mas também como consegue superar o preconceito que sofria por parte da sua família e de toda a comunidade local. Durante todo o desenvolvimento do filme, o que se percebe é uma mulher forte e consciente das suas limitações, mas que, ao mesmo tempo, não usava sua condição para estimular compaixão no outro nem muito menos vivia a se lamentar. Nada distorcia ou contaminava a sua forma de olhar o mundo e de valorizar as coisas mais simples da vida, como o cantar de um pássaro, uma flor desabrochando ou uma paisagem enquadrada da sua janela. Utilizando pincel e tinta, Maudie conseguiu colorir o mundo cinza e triste de Lewis. Do mesmo modo, felizmente, o filme transmite a força da artista canadense e também nos ajuda a ver um pouco dessas Belezas pela fresta da sua Alma. 

Para aqueles que gostam de filmes emocionantes do começo ao fim, esse drama é uma linda e inteligente opção. Sally Hawkins interpreta, de maneira brilhante, Maudie Lewis, trazendo todo o impacto da Doçura, da Sensibilidade e do Humor da pintora, que são algumas das suas armas para superar os olhares atravessados, as piadas de mau gosto e as humilhações sociais com que conviveu desde a infância.

O filme foi dirigido por Aisling Walsh e teve como roteirista Sherry White, que revela um pouco do estilo da “folk art” (arte folclórica) canadense como pano de fundo durante todo o longa. Vale ressaltar que Maudie se tornou uma das artistas canadenses mais amadas no século XX. E, à medida que o mundo vai conhecendo a sua história de vida e a sua Arte, a Admiração e o Amor por ela só tem aumentado. 

Maudie morreu aos 67 anos, em 1970, e a pequena casa onde viveu com seu marido fica numa exibição permanente em Halifax, numa galeria de arte da Nova Escócia. A sua maior obra, entretanto, foi a maneira da qual viveu. Por seu exemplo e Força diante da Vida não podemos deixar de exaltar essa grande pintora, que serve como referência para todos nós. Por esses motivos, indicamos “Maudie” como uma sugestão de filme, pois sua capacidade de se aceitar e de superar suas limitações são exemplos de como o Valor Humano está para além das circunstâncias.

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