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Filme “Um sonho de liberdade”: uma reflexão sobre quem somos verdadeiramente 

Muito se fala sobre a Liberdade. Queremos ser livres, questionamos todo e qualquer tipo de limite ou regra e nos perguntamos o que de fato é Liberdade. Neste contexto, o filme “Um sonho de liberdade” nos apresenta uma história que gera várias reflexões, pois apresenta uma Amizade entre dois homens que cumprem a pena de prisão perpétua.

Durante o filme, lançado em 1994, vamos conhecendo a história da Amizade de Red e Andy, contada pelo ponto de vista do primeiro personagem, um veterano no local. Aos poucos, Andy se revela atônito, desde o momento em que ele chega a cadeia, diante da circunstância que o levou até ali, e isso perdura até o momento derradeiro de sua saída da instituição. Para Red, Andy sempre foi um enigma, ele não entendia o que o movia e o que ele pensava, porque ele parecia não se encaixar naquele ambiente. A medida que ele vai compreendendo, nós também vamos percebendo que Andy era diferente, destacando-se da massa de prisioneiros, pois continuava muito leal a quem ele era, adaptou-se aos poucos a prisão, mas nunca deixou de ser diferente, de ter seus próprios valores e de buscar agir de tal modo.

Andy buscou fazer amigos em que ele via algum grau de humanidade, buscou ser leal e generoso com eles e se contentava em ver a Felicidade em seus rostos. Era persistente quando via valor em suas ideias, como por exemplo, quando passou anos escrevendo cartas pedindo mais recursos para a biblioteca dos presos. Continuou sensível à beleza da vida, mesmo num lugar improvável de encontrá-la. Outro exemplo é quando vemos a cena da música que toca a sua alma e ele, mesmo correndo risco de ser punido, compartilha com os demais prisioneiros.

A verdadeira felicidade é apreciar o presente, sem uma ansiosa dependência do futuro, não para nos divertir com esperanças ou medos, mas para ficar satisfeito com o que temos, o que é suficiente, pois aquele que é, não deseja nada. (Sêneca)

É interessante notarmos como as situações adversas na vida são definidoras de quem nós somos, de quais valores carregamos e de até onde estamos dispostos a abrir mão de nossos sonhos e daquilo que acreditamos. 

Querias ser livre. Para esta liberdade só há um caminho: o desprezo das coisas que não dependem de nós. (Epíteto)

Atualmente, a ideia mais comum sobre liberdade é o fazer o que quisermos, quando quisermos. Partindo disso, uma pessoa presa, encarcerada, não poderia ser livre, já que não pode ir onde deseja, nem fazer o que bem entende. Mas será que estar com limitações de locomoção nos torna prisioneiros? Será que, rodeados de situações complexas, quando o meio nos influencia a deixarmos de lado nossos valores, e ninguém mais acredita em nós ou em nossos sonhos, continuarmos leais a nós mesmos e aos nossos valores não é liberdade? Será que isso não é um sonho de liberdade tão belo e profundo que irradia, contagiando aos demais, que nos dá força e que se mostra um mistério para aqueles que não entendem de onde essa liberdade vem?

Para os filósofos Estóicos, como Marco Aurélio, Sêneca e Epíteto, a liberdade vai na contramão da ação por instinto, por desejo, por vícios. O homem livre é aquele que não se deixa levar pelas circunstâncias, mas sim escolhe, conscientemente, seguir seus valores e virtudes, mesmo em contexto desfavoráveis.

As nossas opiniões dependem de nós e nossos impulsos, desejos, aversões, em resumo; tudo o que é nosso próprio fazer. Nossos corpos não dependem de nós, nem nossos bens, nossas reputações ou nossos cargos públicos, ou, isto é; tudo o que não é nosso próprio fazer. (Epíteto)

Os três filósofos viveram em um momento muito complexo da história da humanidade. Por volta de IV a.C e V d.C, os valores do mundo greco-romano estavam em decadência e a corrupção e o caos se estabeleciam. De fato, o Estoicismo é conhecido como uma filosofia para tempos de crise, justamente porque para dar respostas a período tão complexo de suas vidas, grandes seres humanos se voltaram para entender melhor a vida, a natureza humana e sua própria realização como indivíduos.

Os Estóicos nos ensinam muito sobre como ter uma vida plena e realizada, independente das adversidades que estamos passando na vida. Epíteto nos ensina sobre basear nossa felicidade naquilo que depende de nós, e não em circunstâncias que não estão sob nosso controle, como vemos no filme, com trocas genuínas de amizade, companheirismo, alegria e generosidade, independente dos limites dos muros da prisão, ou da crueldade e desumanidade de alguns que já esqueceram e que já abriram mão de quem são.

Se você trabalhar com dificuldade em relação a você, seguindo a razão correta seriamente, vigorosamente, com calma e sem deixar nada mais distraí-lo, mas mantendo o seu divino puro, como se fosse obrigado a devolvê-lo imediatamente; se você segurar isso, não esperando nada, não temendo nada más satisfeito com a atividade do seu presente de acordo com a natureza e com verdade heroica em cada palavra e som que você diz, você viverá feliz. E não há homem capaz de evitar isso. (Marco Aurélio)

Ao longo do filme, entramos em contato com histórias de personagens que perdem essa capacidade de perceber que a vida está para além de ter prazer, de fazer só o que queremos, de obter vantagens. O contraste entre esses personagens, que têm fins trágicos, e os nossos protagonistas, é justamente o que nos faz entender a reflexão do filme. Para além de fazer o que quisermos, a Liberdade é uma consequência de ser quem somos e agir conforme nossos valores, de persistir quando percebemos um sentido profundo e humano para nossas ações e acima de tudo, partilhar com os demais todas as nossas conquistas com Felicidade.

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