Filme “Imparável”: A História Real de Anthony Robles e a Força da Superação Humana

Algumas histórias parecem ter sido escritas não apenas para emocionar, mas para despertar nossas virtudes. Elas nos lembram da potência que existe dentro de cada ser humano, independentemente de suas limitações, seja ela no campo físico, psicológico ou social. Em um mundo em que muitas vezes se valoriza somente o ideal de perfeição, existem histórias, como a que vamos conhecer, que nos mostram o real valor do ser humano quando colocado diante dos seus objetivos.

Estamos falando do longa-metragem “Imparável” (“Unstoppable”, no original). O filme surge como um poderoso contraponto a essa mentalidade de perfeição física: uma narrativa real, inspiradora e profundamente humana sobre o que significa lutar contra estigmas, inseguranças e a própria dúvida interior.

Lançado em 2024, o filme retrata a jornada do lutador norte-americano Anthony Robles, que nasceu com apenas uma perna, mas contrariou todas as estatísticas ao se tornar campeão nacional de luta livre nos Estados Unidos. A fascinante história de Robles é um grande exemplo de como não há impossível, mas sim impossibilitados, ou seja, que não importa o tamanho do desafio, mesmo que seja improvável, é valoroso nos colocarmos no campo de batalha e não deixarmos de lutar. Nesse sentido, “Imparável” não é um simples relato esportivo; é uma obra que nos leva a refletir sobre valores como resiliência, propósito e superação.

No coração da trama está uma verdade que inspira qualquer espectador: o verdadeiro adversário raramente está fora de nós. Nosso maior desafio é combater nossas próprias crenças, medos e angústias que acabam por nos paralisar em meio a tantos desafios. E é justamente por isso que esse filme impacta de forma tão profunda, pois ele não apenas nos diz “você pode vencer”, mas também mostra como é possível reconstruir a própria forma de enxergarmos a vida, mesmo quando o mundo insiste em colocar um ponto final onde você enxerga apenas uma vírgula.

Quem foi Anthony Robles

Para entender um pouco mais sobre o filme é necessário mergulharmos um pouco na história de Anthony Robles, a grande inspiração e motivo pelo qual o filme existe. Anthony Robles nasceu com apenas uma perna, uma condição para a qual, na época, não havia uma explicação clara. A surpresa da família foi o primeiro impacto, pois sabiam que Robles não teria uma jornada fácil pela frente.

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Crescendo no Arizona, Anthony aprendeu desde cedo a nunca aceitar a pena dos outros como padrão de vida. Em vez de estimular a acomodação, sua mãe sempre o incentivou a superar seus limites. Essa forma de educação, num primeiro momento um tanto quanto rígida ou mesmo com pouca empatia, foi o que criou em Anthony uma das grandes virtudes humanas: a resiliência. A capacidade, enfim, de não desistir jamais. Sua mãe, para incentivá-lo a nunca desistir, reforçava para o pequeno Anthony que ele não era uma vítima, mas sim um guerreiro. E os guerreiros precisam combater.

Anthony, como um guerreiro, teve muitos combates desde cedo. Na escola, por exemplo, enfrentou o bullying feito por outras crianças. Mesmo assim, se destacou como aluno e demonstrava uma inquietude interior, uma vontade de provar seu valor diante dos demais. Assim, aos 14 anos, tomou uma decisão que mudaria sua vida: queria ser lutador. O esporte, tradicionalmente visto como brutal, exige resistência física, equilíbrio, técnica e agilidade , ou seja, exatamente o tipo de atividade que muitos julgariam impossível para alguém que possui apenas uma perna. Para Anthony, porém, era uma oportunidade de vencer não apenas dentro do tatame, mas também na vida, e de provar que era capaz de realizar seus sonhos.

Por anos, o grande lutador foi acumulando experiência e lutando competitivamente, desde campeonatos locais, até chegar ao topo do esporte a nível nacional. Em 2011, consagrou-se campeão nacional do campeonato universitário dos EUA, provando assim que sua limitação física não poderia parar seu coração que pulsava pelo combate. É essa a narrativa que “Imparável” irá contar para nós.

O que podemos aprender com “Imparável”?

Como podemos perceber, o filme é muito mais do que uma biografia sobre um atleta. A história de Anthony é usada como uma metáfora  para refletirmos sobre a condição humana, de nossos enfrentamentos internos e das batalhas que todos nós, em maior ou menor grau, enfrentamos na vida. Podemos não ter enfrentado as dificuldades de Anthony, muito menos passado pelo seu sofrimento, porém, quem de nós nunca se sentiu limitado? Seja por algo físico ou pela nossa própria psique? E como podemos superar essa condição que, em alguns casos, persiste em nós ao longo de toda a vida?

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É fundamental refletirmos sobre essas indagações. Por isso, devemos enxergar o filme a partir das lições que podemos extrair deles e aplicá-las à nossa realidade. No caso de “Imparável”, a principal reflexão está na resiliência em suportar todos os tipos de pressão e, ainda assim, não deixar que seus objetivos escapem. Na jornada de Anthony, o lutador perde, erra, se frustra – movimentos naturais que todos nós passamos. A sua grande virtude, porém, está em conseguir se manter de pé e dar a volta por cima.

Quantas vezes já desistimos logo após a primeira dificuldade? Quantos sonhos abandonamos por medo, insegurança ou pelo julgamento dos outros? Anthony nos mostra como a persistência é uma virtude silenciosa, mas que gera muitos frutos quando bem canalizada.

Nesse sentido, o filme é um verdadeiro convite para que o espectador possa revisar seus próprios muros internos. Quantas vezes acreditamos que não éramos capazes de realizar uma tarefa? Seja porque nós mesmos achamos difícil, ou porque outras pessoas nos falaram que não somos capazes? É comum que muitos de nós tenhamos uma gaveta na qual guardamos todos os sonhos que tivemos, uma gaveta em nossa memória, em que todos os sonhos estão encerrados simplesmente por não acreditarmos que seja possível realizá-los.

Outro ponto fundamental que “Imparável” nos faz refletir é sobre o preconceito – no sentido de uma ideia “pré-concebida” de que pessoas com deficiência são necessariamente “limitadas”. Anthony não é retratado como alguém “especial”, mas como alguém determinado. Apesar de sua condição física, nada lhe rouba o protagonismo, e o rapaz é capaz de vencer todos seus obstáculos. E isso é uma importante lição sobre como olhamos para pessoas que possuem uma condição física diferente do padrão. 

Muitas vezes, caímos em dois extremos: a indiferença ou a pena. Acabamos, em diversas ocasiões, ignorando as pessoas com deficiência, cortando relações, não nos aproximando e deixando-as renegadas em um mundo à margem. Por outro lado, também podemos cair na pena demasiada e tratá-las como pessoas frágeis, que não conseguem suportar nada. Essa também é uma postura nociva, pois acaba diminuindo o potencial dessas pessoas. 

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O longa-metragem nos coloca em uma posição reflexiva e nos desafia a repensar como vemos essas pessoas. Além disso, podemos refletir: será que não projetamos nossas próprias limitações sobre o outro quando o consideramos “incapaz”? Muitas vezes, não somos capazes de realizar uma tarefa e, por isso, achamos que ninguém poderá, afinal, é algo dito como “impossível”. Porém, como já comentamos, não há impossível, mas sim impossibilitados.

Ser imparável é uma escolha interna

A grande lição do filme está aí: Ser alguém que não desiste dos seus sonhos é uma condição interna e nada externo poderá nos impedir. Naturalmente, queremos colocar a culpa de nossas limitações em um fator externo: o local em que nasci, a educação que recebemos, a falta de oportunidades que a vida nos proporcionou. Entretanto, o ser humano é capaz de se realizar mesmo nas piores condições. Essa capacidade de superar limites é e somente poderá ser encontrada dentro de nós, independente do que ocorre fora. Podemos ter todas as oportunidades do mundo ou precisar criar condições de termos uma chance de vencer, mas se não tivermos essa convicção interior, de nada adiantará termos o melhor ou pior dos cenários.

É evidente que uma condição externa confortável ajuda e facilita nossa caminhada, mas jamais poderá determinar a possibilidade de realizar um sonho. É nesses casos “impossíveis” que a potência humana se revela, e podemos perceber que todos nós a possuímos, como uma semente que dentro de si já tem toda a potência de uma árvore, mas que precisa se expressar no mundo. Para essas virtudes humanas serem expressas, precisamos melhorar nosso terreno, que nada mais é do que essa convicção interna de que somos capazes de vencer os desafios que a vida nos apresenta. Assim, seremos imparáveis como o Anthony Robles e venceremos a principal disputa que há no mundo: a de sermos donos de nós mesmos.

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