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O Relógio Biológico

Se você perdesse totalmente o referencial de tempo cronológico, você acha que sobreviveria? Imagine uma situação em que você não saiba que horas são, não tem ideia se é noite, dia, manhã ou tarde; não sabe se está no verão, ou no inverno, outono ou primavera, não sabe em que data está, nem em que ano, não tem nenhum referencial de tempo. Será que é possível sobreviver assim? Pois um homem já fez este experimento e descobriu coisas impressionantes sobre como o corpo tem, por si só, um controle cronológico, o que os cientistas passaram a chamar de ciclo circadiano, ou mais conhecido como relógio biológico.

E por que é interessante entender isso? Tem uma questão de fundo aí muito libertadora que é o fato de que achamos que controlamos tudo com a nossa mente, mas isso não é verdade. Pensamos que nosso corpo é integralmente comandado pelos nossos ditames mentais, que é a mente quem manda o corpo dormir à noite e acordar pela manhã, se baseando num relógio físico, que mostra as horas. Entretanto, o corpo físico tem uma inteligência que lhe é própria e funciona a partir de ciclos sofisticados, regulares e exatos, tanto quanto são os ciclos dos astros. Você acha que o sol nasce e se põe porque alguém consulta um relógio e diz: “Sol chegou a sua hora de se pôr”? Você acha que as estações do ano dependem de um comando mental do homem? Assim como toda a Natureza, o corpo tem seus ciclos bem definidos. A palavra circadiano, vem do latim e significa “cerca de um dia”, pois ao longo de 24 horas, o corpo tem em si, de forma autônoma, independente do que pensamos, uma série de ciclos bem definidos.

Um cientista chamado Michel Siffre fez um experimento em 1972, em que passou 205 dias dentro de uma caverna, completamente alheio a qualquer sinal de tempo cronológico, e monitorando os movimentos do seu corpo. O resultado dessa experiência foi a constatação de que o corpo tem uma espécie de cronologia biológica própria, em que aos poucos alcança uma regularidade nos horários de dormir, de comer, de tomar água, etc. Não por acaso, costumamos usar a noite para dormir e o dia para a vigília. Há momentos do dia em que estamos mais ativos, outros são mais apropriados para o repouso. Há momentos em que devemos comer mais, momentos de comer menos, momentos mais apropriados para atividades mentais e momentos mais apropriados para atividades físicas. Há uma ordem plasmada em noss

a estrutura anatômico-fisiológica. As antigas escolas de filosofia, a exemplo do estoicismo, surgidas na Grécia no terceiro século antes de Cristo, buscavam um estilo de vida em que o ritmo da Natureza atravessasse o homem, sendo as leis naturais as principais guias de nossas ações. E isso só seria possível mediante a superação dos vícios. Para o sistema moral dos estóicos, os vícios desarmonizam a ordem natural plasmada no homem, ou seja, os vícios nos tiram do fluxo natural da vida, de modo que somente uma vida guiada pela moral levaria o homem à felicidade, pois as virtudes nos reconectam à harmonia da Natureza.

Esse jeito de pensar se perdeu ao longo dos séculos. A modernidade alterou esse paradigma, e substituímos o “deixar-se atravessar pelo ritmo da Natureza” pelo “domínio da Natureza”. O homem moderno não quer pertencer à Natureza, quer ser o dono e controlador dela. Esse novo jeito de pensar é que nos lançou em um descompasso com as leis invisíveis que nos regem. Vivemos completamente desconectados de qualquer tipo de ordem ou sentido que possa existir na Vida, e ficamos inconscientes

da moral transcendental a que se referiu Kant ao dizer “duas coisas me enchem a alma de crescente admiração e respeito, quanto mais intensa e frequentemente o pensamento delas se ocupa: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim”.

Nosso corpo tem um sistema de leis invisíveis que o regem. Essas leis é que permitem a regularidade do sono, da alimentação, dos ciclos de energia, etc. Mas o homem com sua atividade mental acaba transgredindo essas leis. E sempre que rompemos com essas leis naturais, e quebramos a harmonia do Todo, sofremos pesadas consequências.

Precisamos urgente reencontrar o caminho da harmonia entre o homem e a Natureza. Só dessa forma seremos capazes de superarmos os vícios e conquistarmos poder sobre as circunstâncias.

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