O Julgamento de Napoleão Bonaparte!

capa do texto imagem com o Napoleão Bonaparte com uma capa vermelha encima de um cavalo marrom

Uma antiga frase nos diz que a história é escrita pelos vencedores, e, por isso, de tempos em tempos, ela tende a mudar. Aqui encontra-se uma bela chave para entendermos que a ciência do passado, por mais bem nutrida de fontes e relatos, ainda é uma visão parcial dos acontecimentos vividos. Se para alguns esse é o erro crasso da história, para outros é sua grande virtude, pois nos mostra que um mesmo ato pode ser visto e revisitado por diferentes ângulos e pontos de vista. 

Frente a isso, os heróis de outrora são colocados em xeque, enquanto as vítimas do passado ganham lugar no palco da história. Nesse processo de subidas e descidas, podemos acabar perdendo informações e sendo levados apenas pelos ventos da ocasião presente. Caso isso ocorra, não deixamos de ver o passado em sua forma mais completa, mas acabamos julgando de forma equivocada alguns acontecimentos.

Um exemplo claro disso é a história de Napoleão: visto por alguns como um dos maiores generais da humanidade, um verdadeiro gênio no campo de batalha, enquanto para outros, apenas mais um ditador com as mãos manchadas de sangue. Qual dessas faces é a verdade? Há, nisso tudo, uma visão inconteste sobre Bonaparte? Precisamos conhecer um pouco de sua história antes de tomarmos alguma conclusão.

Quem foi Napoleão?

Retrato de Napoleão Bonaparte em uniforme militar
Napoleão Bonaparte, um dos líderes mais controversos da história.

O final do século XVIII e o início do século XIX estamparam nas páginas da história o nome do Imperador Napoleão Bonaparte. O então soldado francês, filho de uma nobre família italiana, entrou para os anais da história pela porta da frente, durante um momento conturbado para a França. O país estava em meio a famigerada Revolução Francesa (1789-1799), um dos momentos mais importantes da história da Europa. 

Como sabemos, inicialmente, a burguesia revolucionária levou para a guilhotina todos os membros da coroa francesa e seus apoiadores. Posteriormente, os revolucionários continuaram guilhotinando uns aos outros, trocando acusações de traição. Para agravar a situação, os países vizinhos decidiram intervir nos conflitos, com receio de que os ideais revolucionários se espalhassem junto com esse método de promover “Igualdade, Fraternidade e Liberdade” através das guilhotinas.

Revolução Francesa com guilhotina e multidões em Paris.
A Revolução Francesa foi o palco onde Napoleão começou sua ascensão ao poder.

Em um cenário de constante luta interna, primeiramente contra os monarquistas e em seguida entre girondinos e jacobinos, com muito derramamento de sangue, Napoleão emerge como um verdadeiro salvador da pátria. Experiente no campo de batalha, Bonaparte ganhou sua fama através da defesa da França, que naquele momento estava sendo invadida por outros impérios que, com medo de que a revolução se espalhasse pela Europa, tentavam sufocar os ímpetos da nascente república. Em meio ao cenário desesperador, ele foi visto como um homem que poderia levar a França ao caminho da estabilidade.

Em 1799, após dez anos de intensa luta, Napoleão é convencido por membros do governo a tomar o poder e, assim, estabelecer uma nova ordem social. Foi o começo de sua ascensão ao poder. Primeiramente, Napoleão conseguiu dominar o exército e, com sua força bélica, deu um golpe de Estado, o famoso 18 Brumário. Estabeleceu um governo autocrático, concentrando em si todo o poder.

O general, especialista na arte da guerra, não contentou-se em apenas defender o seu Estado e levou, ao longo da primeira década no poder, a guerra por toda a Europa. Esse período ficou conhecido como as guerras napoleônicas (1803-1815). Durante esse tempo, países como Itália, Espanha, Portugal, Áustria, Inglaterra e Rússia precisaram enfrentar a fúria do exército francês. Muitos deles sendo derrotados e dominados pelas forças de Napoleão Bonaparte. 

Mapa da Europa nas guerras napoleônicas, destacando territórios de Napoleão.
As guerras napoleônicas mudaram o mapa da Europa e consolidaram o poder de Napoleão.

Todas as vitórias o alçaram ao status de um grande general, mas também o legou uma fama nefasta, de um ditador que levou mais guerras e mortes para a Europa e, consequentemente, para a França. Seu fracasso na Rússia e na Inglaterra, que findou na sua prisão e exílio, é considerado desastroso do ponto de vista militar e mostra como a ganância e a sede por poder o levaram a essas medidas drásticas.

O vídeo abaixo coloca Bonaparte como réu num tribunal; são apresentadas as versões da acusação e da defesa, e você fica na difícil posição de júri. Se para alguns Napoleão foi um grande líder para os franceses, para outros suas atitudes se aproximaram mais de um tirano do que de um grande governante. O que você pensa sobre isso?

Podemos julgar Napoleão?

É natural que olhemos para o passado e façamos uma série de julgamentos, porém, essa é uma forma um tanto quanto perigosa de lidar com a história. Primeiramente, porque já sabemos o “resultado” das ações destes personagens, logo, consideramos certo ou errado o que fizeram pelos seus efeitos. Eles, porém, não poderiam saber as consequências dos seus atos. Outro ponto de importante reflexão é que precisamos considerar o contexto histórico e os aspectos sociais, físicos e psicológicos vividos por aquelas pessoas. Em um mundo cercado de impérios e disputas políticas, a guerra era um caminho quase natural. Assim, os conflitos gerados por Napoleão falam muito mais sobre a mentalidade europeia daquele período do que necessariamente sobre Bonaparte.

Frente a esses dois aspectos, não nos cabe diretamente julgar as ações de Napoleão, visto que não chegaríamos a uma visão imparcial sobre suas ações. É evidente, porém, que esse julgamento ocorre em nossa mente quase automaticamente, pois, à medida que vamos conhecendo a história, nossa visão de mundo acaba pendendo a balança para um lado ou outro. Esse dilema revela que a imparcialidade na história é um mito, visto que todos nós, em algum grau, iremos ser parciais quando observamos o passado.

Se compreendermos essa ideia, poderemos, pelo menos, buscar a análise dos fatos e perceber quais deles “pesam” mais em nossa consciência. Assim, se por um lado os anos no poder e o excelente histórico de conquistas e batalhas vencidas nutriram em Napoleão a vaidade e a arrogância, que inclusive o fez perder batalhas importantíssimas, como a Campanha da Rússia, em contrapartida, ele foi um Imperador extremamente preocupado com seu país e seu povo.

Desde que subiu ao trono francês, Bonaparte reformulou o ensino aos jovens na França, focando na formação da população, investiu na cultura do país e fundou o banco da França, que por causa da regulação da emissão de moedas, reduziu a inflação e fortaleceu a economia do país, entre muitas outras medidas voltadas para o bem da nação. Demonstrando assim, ser um líder capaz de restaurar a dignidade do seu povo e reuni-lo em torno de um espírito de nação.

A verdade é que é muito difícil fazer um julgamento dessas grandes figuras da história. No fim das contas, eles são seres humanos como todos nós, pessoas que acertam e que erram. A diferença é que eles fazem acertos grandes, mas também cometem grandes erros.

Ilustração colorida de tribunal histórico com Napoleão Bonaparte no banco dos réus.
Napoleão Bonaparte em julgamento: um momento tenso e dramático na história.

Isso também nos faz refletir sobre como tendemos a julgar as pessoas, sejam personagens históricos ou pessoas comuns do nosso dia a dia, sem nem ao menos buscar compreender os fatores que as levaram a agir da forma que agem, sentir as coisas que sentem, pensar da forma que pensam e ser da forma que são.

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