Série Away: o sonho Humano de conquistar o espaço

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Away, a série americana que estreou na Netflix em 2020, de autoria do roteirista Andrew Hinderaker leva para as telas um dos maiores sonhos da Humanidade que é dominar o espaço. Olhamos as estrelas no céu noturno, sonhamos com planetas longínquos e nos questionamos se há, em algum ponto do Universo, formas de vida inteligente tal qual aqui na Terra. Apesar de um sonho antigo, que pode ser resgatado desde as primeiras civilizações humanas, a busca por lançar-se no espaço se intensificou desde a corrida espacial, durante a Guerra Fria. A disputa entre Estados Unidos e União Soviética estimulou a vontade de navegarmos pelo Universo e esse desejo é alimentado, nos dias atuais, por séries e filmes.

Nos últimos cinquenta anos não faltam exemplos de filmes com a temática espacial: de Star Wars a Star Trek, até o clássico “Guerra dos Mundos”, sempre voltamos nossos olhos para as ficções científicas que retratam a vida no espaço. Com esse mesmo espírito, a série Away (distante, em português), tem como proposta inicial dramatizar viagens espaciais e a chegada dos primeiros Seres Humanos ao planeta Marte. A série se desenvolve por 10 episódios, onde conhecemos a vida dos tripulantes da Atlas, a nave que transporta os astronautas até o seu destino.

O diferencial de Away, que a princípio se apresenta como mais um filme sobre o espaço, está em buscar aprofundar a história dos personagens, mostrando os dilemas que envolvem a vida de um astronauta. Para além disso, ao mostrarem a trajetória de cada um dos tripulantes, a série os aproxima de nós, espectadores. Deixamos de observar astronautas e passamos a enxergar homens e mulheres, com dilemas tão semelhantes quanto qualquer outro Ser Humano. As dores e dificuldades cotidianas de uma possível vida fora da terra passam então a se misturar com momentos de beleza e contemplação, causando emoções diversas no espectador. Porém, para além de questões narrativas, o que nos liga aos personagens de Away é o fato de sentirmos, em nossa vida cotidiana, emoções muito próximas aos dramas vividos em uma viagem espacial. A solidão, por exemplo, que é um dos sentimentos mais recorrentes da protagonista, a astronauta Emma Green, aproxima a personagem de qualquer um de nós. Afinal, quem nunca se sentiu sozinho no mundo? Até mesmo estando em uma multidão, é possível sentir-se só.

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Do mesmo modo, o deslumbramento, a resolução de conflitos e problemas de viagem e as demais sensações vividas na série são momentos positivos e que permitem nascer a Esperança em uma viagem que, desde o início, parece estar fadada ao fracasso. Esses momentos de superação nos motivam a seguir nos episódios, prendendo nossa atenção. Os dramas dos personagens, no fim, não são diferentes dos dramas de todos nós. Seja em Marte, na Lua ou na Terra, continuamos a viver de acordo com a Natureza Humana.

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Away, infelizmente, tem apenas uma temporada. A série foi cancelada no final do ano devido aos poucos espectadores. Isso também nos leva a refletir sobre o que estamos interessados em assistir quando colocamos um programa de entretenimento. Talvez não queiramos tanto sentir, no sentido de ter empatia com os personagens e se reconhecer neles, mas apenas alimentar sensações menos profundas e que, por vezes, não nos acrescentam em nada. Isso acontece porque acabamos nos identificando com um aspecto superficial dessas narrativas e não tentamos ir além. Quando surge uma proposta um pouco mais profunda, com uma narrativa mais lenta, não estamos acostumados e acabamos por rejeitar a proposta do filme ou série. Talvez isso explique, em parte, o pouco sucesso de Away e seu fim precoce, mas também podemos, a partir da série, refletir o modo como consumimos esse tipo de conteúdo.

Por fim, acredito que precisamos nos aprofundar acerca de nós mesmos. Essa é uma tarefa Humana que só nós podemos realizá-la. E para nos conhecermos, é preciso superar as sensações rápidas e superficiais que a todo momento decidem o que gostamos e o que não gostamos. Nesse sentido, assistir Away pode ser, além de divertido, um ótimo exercício para tentarmos encontrar o que, de fato, nos toca enquanto Seres Humanos.

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