Como Lidar com a Ansiedade Antes de Provas e Entrevistas

Vivemos em uma era marcada pela velocidade, disso todos nós sabemos. Porém, não falamos apenas da velocidade das informações, mas também das exigências, das comparações e das expectativas sobre cada passo que damos em direção ao nosso futuro. Tudo acontece em ritmo acelerado, desde novas tecnologias que surgem a cada dia, até os prazos, que estão cada vez mais curtos, e as oportunidades, que parecem mais competitivas. Com isso, a pressão por resultados cresce de maneira assustadora dentro de cada um de nós.

Entre os mais afetados por esse cenário estão os jovens, especialmente aqueles que se preparam para provas, vestibulares, concursos ou entrevistas de emprego. A busca por desempenho, aliada à constante comparação com o sucesso alheio nas redes sociais, cria um terreno fértil para o surgimento de uma das condições emocionais mais comuns do século XXI: a ansiedade. Muitos desses jovens convivem com a sensação constante de não estarem prontos o suficiente, de que precisam ser melhores, mais rápidos, mais produtivos, quando, no fundo, sabemos que esse estilo de vida e ritmo são insustentáveis para a vida humana.

Jovem ansioso segurando a cabeça em meio a livros e celular com redes sociais abertas
A sobrecarga de expectativas e comparações nas redes sociais

Aprender a lidar com a ansiedade é, portanto, uma das habilidades de sobrevivência social mais importante que alguém pode aprender nos dias atuais. Não se trata de eliminar o medo, mas de compreender o que ele quer comunicar e de conseguir mostrar autodomínio sobre suas próprias emoções. Dessa forma, não se trata de evitar a pressão, mas de encontrar formas saudáveis de enfrentá-la.

Entendendo o que é ansiedade

Primeiramente, para conseguir enfrentar algo, é necessário conhecê-lo. Assim, falemos sobre a ansiedade. De modo geral, podemos definir a ansiedade como uma emoção universal. Todo ser humano, em algum momento da vida, já sentiu o coração acelerar antes de uma apresentação, de um exame ou de uma conversa importante. Ela não é uma inimiga, mas um sistema de alerta do corpo, um mecanismo que evoluiu para nos proteger de ameaças, mesmo que, hoje, essas ameaças não sejam mais um leão na floresta, e sim uma entrevista de emprego ou uma prova de vestibular.

Quando estamos ansiosos, o corpo libera adrenalina e cortisol, dois hormônios que aumentam a frequência cardíaca, a respiração e a tensão muscular. Isso faz parte da chamada resposta de luta ou fuga, um sistema que prepara o organismo para reagir diante de uma situação desafiadora. Assim, fisiologicamente a resposta da ansiedade é deixar o corpo pronto para um combate. Entretanto, nossas lutas diárias estão cada vez mais voltadas ao intelecto e menos ao aspecto físico, e esse descompasso entre a resposta física e a necessidade do momento atual nos faz travar. 

Em doses equilibradas, essa ativação ajuda a manter o foco, o raciocínio rápido e o estado de alerta, que é exatamente o que precisamos para um bom desempenho. O problema, porém, ocorre quando a ansiedade nos domina e acaba causando um efeito oposto: o de nos paralisar diante da experiência. Desse modo, se o nervosismo antes de uma prova impede o sono, causa bloqueios mentais ou crises de pânico, é sinal de que o corpo está reagindo de forma desproporcional ao estímulo. É preciso reconhecer esses sinais, pois assim podemos desenvolver autoconsciência emocional e aprender a manejar o medo em vez de ser dominado por ele.

Visto isso, devemos começar fazendo as pazes com esse mecanismo de defesa natural do corpo. A ansiedade tem uma  má fama e ninguém deseja senti-la, porém, ela é uma maneira inteligente do nosso corpo se proteger. Se nos sentimos ansiosos antes de uma apresentação ou entrevista, deveríamos entender como um bom sinal, afinal, significa que realmente estamos interessados por obter um resultado frente a ação que vamos exercer. O que não podemos é, como já falamos, deixar que esse mecanismo nos domine. Sendo assim, é mais interessante percebermos a ansiedade como como uma energia a ser canalizada, e não como um obstáculo.

Reconhecendo os sintomas antes da prova ou entrevista

Antes de conseguir lidar com a ansiedade, é essencial reconhecer seus sinais. Ela se manifesta de diferentes formas, tanto no corpo quanto na mente. Entender como ela se expressa é o primeiro passo para agir de maneira mais consciente e eficaz. Sendo assim, um dos sintomas mais clássicos é sentir o coração bater mais rápido, as mãos ficarem frias ou suadas, e a respiração encurtar, como se estivéssemos com dificuldade em respirar.

Pessoa Tensa

Esses sintomas acontecem porque o corpo está se preparando para uma situação de esforço. Ele entende que você está prestes a enfrentar algo importante e tenta te deixar em estado de prontidão. Nesse caso, uma estratégia útil é não resistir a essas sensações, mas observá-las com curiosidade. Dizer a si mesmo: “Ok, meu corpo está reagindo porque algo importante vai acontecer.” Esse simples ato de nomear o que sente ajuda a reduzir o impacto emocional. Um dos nossos grandes problemas é lutar contra os nossos instintos e querer reprimi-los quando, na verdade, o ideal seria observar e direcioná-los da melhor maneira possível. Não podemos lutar contra a ansiedade, pois isso só nos tornará refém do seu mecanismo. 

Além dos efeitos no corpo, a ansiedade também atua em nossa psique. A mente ansiosa tende a imaginar cenários, via de regra, negativos. Pensamentos como “e se eu travar?”, “e se me der branco?” ou “e se eu não for bom o suficiente?” são muito comuns. Curiosamente, imaginar cenários negativos é uma forma de se “preparar para o pior”; porém, quando feito de maneira descontrolada, acaba nos levando não somente ao pessimismo, mas principalmente afetando nossa autoestima, criando assim um ciclo vicioso. 

Por isso, reconhecer os pensamentos automáticos e substituí-los por afirmações mais equilibradas é essencial. Relembrar frases afirmativas como “Eu estudei, estou preparado e posso fazer o meu melhor” ou  “Mesmo se algo der errado, isso não define meu valor” são importantes para que nossa psique volte ao centro e não caia na armadilha da espiral de negatividade. Não se trata de se fixar em uma positividade falsa, mas de realmente analisar de maneira mais objetiva os cenários. Se nos preparamos para uma prova, por exemplo, a tendência é conseguir um bom resultado, assim como se não nos preparamos adequadamente, podemos ir mal. Independente do cenário, o que cabe a nós é enfrentar tais momentos de modo equilibrado.

Dicas práticas para lidar com a ansiedade 

Sabendo que este é um tema importante para todos os jovens que, na maior parte dos casos, estão vivendo provas e entrevistas corriqueiramente, trouxemos aqui dicas importantes para conseguir equilibrar a balança da ansiedade.

1  Aprenda a respirar de maneira consciente

Infográfico explicando a técnica de respiração 4-7-8
Técnica de respiração 4-7-8 para reduzir a ansiedade

A respiração é uma das ferramentas mais simples e eficazes para acalmar o corpo. É importante ressaltar que, por ser uma atividade comum do nosso organismo, a respiração não necessita de uma consciência plena para ocorrer. De fato, a fazemos de maneira automática e natural; porém, ao colocarmos nossa atenção para controlar a entrada e saída de ar de nossos pulmões, podemos abaixar o nível de ansiedade e voltar a pensar com clareza. Ter uma respiração consciente nos ajuda a oxigenar melhor nosso organismo e, além disso, nos coloca novamente no eixo quando a psique começa a entrar em colapso.

Uma técnica eficaz é a respiração 4-7-8: inspire por 4 segundos, segure por 7 e expire lentamente por 8. Isso ativa o sistema nervoso parassimpático, responsável por reduzir a tensão e promover relaxamento. Com a prática, você perceberá que pode reduzir a ansiedade em poucos minutos, apenas mudando a forma como respira. Além disso, ao controlar a respiração, estabelecemos o nosso próprio ritmo, não ficando refém das respostas que a ansiedade joga em nosso organismo. Então, ao se sentir ansioso, faça essa técnica por alguns minutos, e você perceberá os seus efeitos.

2 Técnicas de Relaxamento Muscular

Pessoa relaxando os musculos
Pessoa relaxando os músculos

Como vimos, a ansiedade começa com uma tensão física que alimenta a tensão mental. Assim, é importante criar meios de relaxar o corpo. A respiração é uma delas, porém, os músculos, que geralmente entram em uma tensão física por causa dos hormônios, também devem relaxar. Uma prática eficaz é a relaxação progressiva. A técnica é simples: contraia um grupo muscular por alguns segundos e depois relaxe lentamente. Faça isso com os ombros, braços, pescoço e pernas.

A ideia é “gastar” a tensão muscular acumulada para depois deixar o corpo solto. É uma maneira de falar para o seu organismo que “está tudo bem, não precisa se manter tenso”. Sabemos que o músculo, quando sob tensão, gasta energia, buscando naturalmente uma posição de relaxamento após o esforço. Assim, alongamentos também ajudam a dissipar essa energia e a manter o corpo em um estado de maior naturalidade. Com isso, ensinamos o corpo a reconhecer e liberar o estresse acumulado, criando uma sensação imediata de leveza.

3 Aceitação e foco no processo

Pessoa tranquila

Um dos erros mais comuns é tentar eliminar completamente a ansiedade. Isso gera ainda mais tensão. Sendo assim, devemos aceitar que a ansiedade existe e está em nós. Aceitar que ela faz parte do processo é libertador. Assim como a dor, que é um mecanismo de defesa do corpo, entender que ela cumpre um papel é fundamental para fazermos as pazes com a ansiedade.

Quando aceitamos essa verdade, interrompe-se o ciclo da autocrítica, que é comum para aqueles que vivem crises de ansiedade e se culpam por isso. Abre-se então espaço para realmente podermos tratar desses dilemas. Não precisamos – nem devemos –  ser imunes ao medo; apenas aprender a conviver com ele.

Outro ponto fundamental é entender que a ansiedade cresce quando o foco está apenas no resultado final: a nota, o emprego, o julgamento. Em vez disso, concentre-se no processo — uma questão de cada vez, uma resposta de cada vez. Quando você muda o foco para o que pode controlar, a mente se acalma. O resultado é uma consequência natural de um bom desempenho.

O que evitar antes da prova ou entrevista

Controlar a ansiedade não significa apenas adotar boas práticas, mas também evitar comportamentos que a intensificam. Pequenas mudanças podem ter um impacto enorme no equilíbrio emocional e muitas vezes não percebemos. Um bom exemplo disso é a comparação. Quando nos comparamos com colegas, concorrentes ou influenciadores, acabamos sabotando nossa autoconfiança, pois achamos que estamos em um patamar inferior. Porém, esquecemos que cada pessoa tem seu próprio ritmo, suas habilidades e seus desafios, portanto, não devemos nos comparar com outras pessoas. É mais inteligente comparar a nossa evolução com o que éramos no passado, pois, dessa forma, perceberemos que estamos dando nossos passos. 

Outro ponto importante a se evitar é o desgaste antes da prova. Muitos acreditam que estudar até o último minuto é a melhor estratégia, porém, o cérebro – e o nosso corpo – precisa de descanso para consolidar o aprendizado. Nas horas que antecedem a prova, o ideal é revisar de forma leve, focando em resumos ou pontos-chaves. Exaustão não é sinônimo de preparo. Dormir bem e relaxar são tão importantes quanto estudar.

Para tanto, não podemos deixar tudo para última hora. Cabe criar uma disciplina baseada em rotina de estudos para que possamos nos preparar de forma saudável para os exames. De nada adianta tentar aproveitar o tempo ao máximo se, na hora de realizar a prova, já estamos fatigados e sem condições de realizar a avaliação.

Balança equilibrando estudo e bem-estar emocional
Equilíbrio entre preparo e saúde emocional

O segredo, portanto, está no equilíbrio. Isso vale tanto para os estudos como para diversos aspectos da vida. Logo, não é sobre eliminar o que está nos dificultando, mas saber o que ajuda e o que atrapalha o seu bem-estar emocional. A ansiedade não precisa ser um inimigo a ser combatido, mas uma companheira a ser compreendida. Ela é a voz interna que nos lembra da importância dos nossos objetivos, que nos mantém atentos e que nos ajuda a nos preparar.

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