Lançado em 2001 e dirigido por Brian Helgeland, o filme “Coração de Cavaleiro” conta a história do jovem William Thatcher, um escudeiro que aprendeu a admirar a Arte da Cavalaria. De forma envolvente, a película ensina que essa Arte vai muito além da montaria.
A história começa mostrando a cena em que o Sir Hector, mestre de William, é encontrado morto quando estava prestes a participar de um torneio de justa – um esporte onde dois cavaleiros investem lanças de madeira um contra o outro em alta velocidade sobre seus cavalos. William convence seus companheiros escudeiros a fingirem ser o mestre e a participarem da competição. Ele utiliza a justificativa de que haveria uma recompensa em dinheiro para o vencedor, e que a situação não poderia ser desperdiçada. No entanto, a suposta motivação cai por terra, quando o jovem escudeiro, já vestido com a armadura de Sir Hector e montado em seu cavalo, revela que, na verdade, aquele era o momento com o qual sempre sonhara.
A obra conecta, de forma divertida e animada, o mundo moderno e descontraído da diversão, da quebra de protocolos – tão valorizados na Idade Média, por garantirem a manutenção das estruturas – ao mundo antigo, mas não antiquado, habitat medieval dos virtuosos cavaleiros. Ao longo da história, conhecemos alguns personagens que carregam um significado importante consigo. Além disso, eles mostram que, mesmo que o tempo transforme algumas modas, ele não é capaz de diminuir a força das virtudes, seja qual for a maneira que se apresentem.
Os fiéis ajudantes, Roland e Wat, mostram que há coisas mais importantes do que bens materiais, como a lealdade e a coragem. Tendo recebido os recursos prometidos por William, podendo ir para suas casas e viver a riqueza das vitórias, eles decidiram permanecer ao lado do herói e ajudá-lo em sua enriquecedora jornada.
O escriba Chaucer, por sua vez, desenha um belo arco de redenção durante o filme, inspirado pelo bravo tutor William, que o ensina com exemplos que não somos os erros que cometemos, e dessa forma, podemos mudar nossos destinos. A história desse personagem também nos mostra que a instrução tem muito valor, desde que usada de forma útil e engrandecedora, já que, mesmo sendo letrado e dominador de um talento de oratória sem par, vivia afundado em dívidas de jogo e nas situações humilhantes em que seu descontrole o colocavam.
A doce Jocelyn prova que o amor é maior do que títulos de nobreza e acordos escusos. Apaixonada pelo jovem rapaz, descobriu que o nome que William usava para conseguir acesso aos torneios, Sir Ulrich Von Lichtenstein, não era verdadeiro, mas sua verdadeira identidade, aquela que o pretenso cavaleiro iria reencontrar no derradeiro embate, era muito mais nobre do que qualquer patente de nobreza.
Já o príncipe Edward, membro da realeza que participa das competições de forma oculta, ensina-nos, com sua história, que altas posições não outorgam nobreza, mas as ações. Comparando o príncipe com o amargo conde Adhemar, que trapaceia, mente e tenta conquistar Jocelyn através de um acordo com o pai da donzela (mesmo contra a vontade da garota), enxergamos a verdade por trás da decadência do sistema de nobreza medieval europeu, quando favorecia a linhagem genealógica antes do caráter.
Finalmente, o próprio William nos ensina que o verdadeiro cavaleiro não se arma apenas de espadas e lanças, mas, principalmente, de virtudes e valores que resistirão a tudo, principalmente ao tempo. Por esses motivos, indicamos o filme “Coração de Cavaleiro” como uma boa dose de inspiração para o seu dia!