Páscoa: Como podemos viver os seus símbolos?

          

Você provavelmente gosta do período da Páscoa. Ovos de chocolate fazem, em grande medida, a alegria de crianças e adultos, mas você sabe a origem dessa celebração? Quais os seus significados e símbolos? O texto a seguir tem como objetivo nos contar um pouco sobre o que é a Páscoa e como podemos nos relacionar melhor com essa data tão importante do nosso calendário. 

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Primeiramente, devemos entender que a Páscoa é uma das celebrações mais populares e importantes do calendário cristão. Sua origem remonta à tradição judaica de comemorar a libertação do povo hebreu do cativeiro no Egito, porém, à medida que o cristianismo foi ganhando adeptos pela Europa acabou incorporando elementos das culturas pagãs, principalmente dos germânicos. “Páscoa”, não por acaso, é uma palavra derivada do termo hebraico “pessach”, o que significa “passagem”. Mas a que passagem os antigos hebreus se referiam?

Segundo a tradição judaica, a primeira Páscoa foi celebrada no contexto do cativeiro do Egito, em que os hebreus teriam cumprido rituais determinados por Deus para proteger suas crianças de uma das pragas lançadas sobre o povo egípcio. Após esse evento o povo hebreu foi liberto e assim pôde continuar sua jornada. Por isso chama-se de “passagem”, porém, para além do seu contexto histórico, a Páscoa celebra, agora para os cristãos, um outro momento de transição: a morte e a ressurreição de Cristo.

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A Bíblia nos apresenta a narrativa da crucificação de Jesus na conhecida “sexta-feira da paixão” (ou sexta-feira Santa), em que Cristo, após carregar sua cruz por alguns quilômetros e ter sido torturado, foi pregado nela e morto. Após três dias, entretanto, seu corpo havia desaparecido da cripta e este apareceu para seus discípulos, mostrando assim ser filho de Deus e salvador da Humanidade. A nível simbólico, a passagem de Jesus Cristo morrendo e ascendendo aos céus representa a morte da vida material e o nascimento para a Vida Espiritual. De maneira profunda, a Páscoa representa essa transição. 

Se refletirmos um pouco mais acerca dessa ideia perceberemos que as festividades e momentos anteriores à Páscoa são, na verdade, uma preparação para essa mudança. Temos o carnaval, por exemplo, que significa a “despedida da carne”, em que festeja-se o exagero e a vida mundana. Logo em seguida inicia-se, pelo calendário católico, a quaresma, um momento de purificação de quarenta dias se abstendo dos prazeres para, enfim, a chegada da Páscoa. Se compreendermos essa ideia, a celebração passa a ter um significado profundo em nosso cotidiano, mesmo que não sejamos adeptos da religião cristã. Podemos nos conectar com o seu sentido primordial, que nos fala não somente de um profeta, mas de uma possibilidade humana de abrir mão de seus desejos e buscar sua melhor parte, de fazer nascer as Virtudes, que anseiam por se expressarem em nossas ações. 

Não por acaso, de igual modo, a data escolhida para celebrar essa passagem está ligada aos Ciclos da Natureza. No hemisfério norte, na qual baseou-se a festividade, comemora-se um pouco antes da Páscoa o Equinócio de Primavera, ou seja, o início da estação do ano em que, vejam só, simboliza o Renascimento. Após um longo inverno, as sementes voltam a florescer, dando vida às paisagens geladas do norte e fazendo viver, mais uma vez, toda diversidade contida na Natureza. Reforça-se, desse modo, o símbolo que a Páscoa carrega: o florescimento da Vida Espiritual ante a matéria. 

Entretanto, não somente a cultura judaico-cristã celebra esse momento da Natureza. Os antigos povos Celtas e Germânicos também comemoravam, à sua maneira, esse período de Renovação da Vida. Seus cultos voltavam-se para as deusas “Eostern” ou “Ostara”, ambas simbolizavam a fertilidade, o renascimento e a vida para a religião “pagã”. Em seus festivais no continente europeu, tinham por hábito decorar os ovos com outras cores, costume esse que foi assimilado pela nossa cultura a partir dos conhecidos “Ovos de Páscoa”.

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Em todas as tradições, em maior ou menor grau, esse período do ano é considerado “Sagrado” e repleto de celebrações, uma vez que marca uma mudança do ano e, de certo modo, uma possibilidade de mudança dentro de nós. A interpretação desse momento da Natureza é de que devemos dedicar uma atenção especial ao Renascimento, a Ressurreição de nós mesmos. É a oportunidade de “deixar morrer” o peso que carregamos em forma de sofrimentos ou o que nos faz sofrer. É um momento de renovar-se para continuar trilhando nosso caminho de ascensão rumo ao que há de mais Divino em nós. 

Desse modo, o que chamamos de Páscoa é, de maneira pura, uma época na qual a Humanidade pode buscar uma nova Vida, deixando morrer tudo que a prende à matéria e fazendo nascer suas asas, que as levarão aos céus. Acreditamos que devemos elevar ao máximo o nosso EU interior, nos desvencilhando de tudo o que nos torna dependentes e limitados, porém de uma maneira pura, inteligente e digna, para alcançarmos a nossa melhor versão. A Páscoa pode, e deve, ser uma inspiração para todos nós neste propósito.

 Não percamos as oportunidades de nascer e renascer no Amor, a única e verdadeira força capaz de unir e modificar os homens, transformando cada um de nós a partir de cada pequeno ato que praticamos. Que a Páscoa seja, no fim, um acontecimento corriqueiro em nossas vidas. Que ela se manifeste a cada dia, e que possamos renascer sempre através dos ensinamentos dos seus símbolos.

Feliz páscoa! Um feliz Renascimento para todos nós, sempre.

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