Desde a formação de nosso planeta, diversas civilizações chegaram ao fim, inúmeros povos desapareceram e várias cidades sumiram do mapa ou deram lugar a outras, deixando apenas histórias, lendas e mistérios. No entanto, isso não quer dizer que todas as cidades do mundo antigo sumiram. Ainda hoje é possível visitar alguns destes locais antigos que foram tão importantes para nossa sociedade. Desta vez a galeria desta semana vai listar 7 cidades históricas, mais importantes do mundo antigo que sobreviveram ao teste do tempo e existem até hoje.
Jericó
Do alto de seus 11 mil anos de existência, Jericó ainda tem muito a nos ensinar. Considerada por alguns a cidade mais antiga do mundo e habitada até os tempos atuais, ela fica localizada na Palestina e tem grande importância histórica, sendo inclusive citada mais de 70 vezes na Bíblia. Uma das coisas mais surpreendentes é o fato de que a cidade sobrevive até hoje, mesmo tendo sido invadida diversas vezes e ter pertencido a diferentes impérios, como por exemplo o Romano, o Grego, o Egípcio e o Otomano.
Mesmo com invasões, guerras e diversos conflitos, a cidade se manteve forte, unida e resiliente e o resultado disso são milhares de anos de história, enquanto diversas cidades ao seu redor ruiram com o passar dos anos. E o que podemos aprender com isso é que independente dos desafios, se continuarmos focados e fieis a nossos princípios, estaremos preparados para sobreviver a qualquer dificuldade.
Roma:
Conhecida como “A Cidade Eterna”, Roma é o berço da cultura ocidental e, por isso, tem a obrigação de fazer parte desta lista. Fundada em 753 a.C., Roma é uma das mais antigas cidades continuamente ocupadas da Europa e já foi a cidade mais importante do mundo. Centro político do Império Romano, o maior império que o Ocidente Antigo já produziu, a cidade não é apenas uma das mais visitadas no mundo, mas também exala seu poder de modo atemporal.
Conhecer Roma é, antes de tudo, um mergulho na civilização ocidental. A pequena cidade no Lácio expandiu seus territórios de modo a construir um império com extensão territorial que ocupava três continentes. Além de sua formidável administração, Roma, em seu auge, chegou a abrigar 25% da população mundial conhecida.
Diversas civilizações tiveram seu destino traçado em Roma, sendo absorvidas e tendo seus costumes, muitas vezes, adotados ou adaptados à vida romana. Um dos grandes exemplos é o próprio cristianismo, que em seus primórdios foi perseguido pelos romanos, mas depois tornou-se a religião oficial do Império Romano.
A cidade de Roma, sede desse poderoso império, foi berço de diversas políticas e conceitos que são seguidos até hoje e atualmente abriga a sede da Igreja Católica Apostólica Romana. A cidade assistiu ao declínio do maior império que já existiu, mas, em vez de sumir junto com ele, Roma se manteve de pé e sua história segue sendo contada até hoje.
Isso mostra o poder que a cidade legou após tantos séculos. Andar por suas ruas, portanto, é mais do que um passeio turístico, nos faz reviver as verdadeiras origens dos povos ocidentais, hoje separados por diversas línguas, culturas e religiões, mas que outrora respondiam aos mesmos símbolos romanos. Em nossa vida, se quisermos sempre ser lembrados, devemos nos inspirar em Roma, sermos fortes e sempre contribuir com o mundo de maneira significativa.
Atenas:
Assim como Roma, a belíssima Atenas já foi a cidade mais importante da Europa e também influenciou o mundo com seus pensamentos culturais, artísticos e filosóficos, além de ser considerada o berço cultural da sociedade ocidental. Se Roma levou a sua cultura a todos os quatro cantos do mundo, Atenas foi a gestora das bases civilizatórias que floresceram ao longo do tempo.
É pelas ruas de Atenas que podemos imaginar os diálogos de Sócrates e seus discípulos, todos frequentando a Ágora. Também é possível refletir quantas vezes o templo da Acrópole, localizado no local mais alto da cidade, foi usado como posto de vigilância para não ser pego de surpresa pelo inimigo. Pode-se imaginar ainda Platão e Aristóteles, ambos com suas escolas, ensinando gerações de filósofos e pensadores.
A cidade sonhada por Sólon se realizou com Péricles, o grande governo da Atenas Clássica. Sob seu comando, a cidade alcançou um patamar cultural distinto de todas as demais regiões, o que garantiu a popularização e aceitação do seu estilo de vida.
Assim, se podemos falar que os romanos capturaram os gregos, também é verdade que os habitantes da Hélade conquistaram a alma romana e, desde então, essas duas culturas andam juntas.
Frente a isso, podemos afirmar que Atenas estava à frente de seu tempo, pois, mesmo quando estava sob domínio de outros povos (como os macedônios e romanos), manteve seu domínio cultural, espalhando a Filosofia e a Cultura grega para seus conquistadores.
Atenas, portanto, não é apenas mais uma cidade turística, mas um verdadeiro estandarte da humanidade, responsável por ser um centro de sabedoria para todos aqueles que a buscam. Ainda hoje esse passado milenar é buscado por turistas, mesmo que ainda não saibam a importância dessa pequena cidade para o Ocidente. Os ensinamentos passados por seus filósofos, por exemplo, ecoam até hoje e são temas de histórias e poesias.
Tudo isso contribuiu para que a cidade, que hoje tem mais de 3200 anos, sobrevivesse e jamais fosse esquecida por nenhuma outra civilização. Como aprendizado, podemos tirar o fato de que não só devemos buscar e transmitir o conhecimento, mas principalmente transformá-lo em sabedoria.
Jerusalém:
Se levarmos em consideração apenas os personagens que já viveram ou visitaram Jerusalém desde sua fundação, já seria suficiente para incluí-la nesta lista, afinal, Jesus, Maomé, Rei Davi, entre muitos outros, escreveram seus nomes na história da cidade. Mas se ainda não lhe convenceu, vale lembrar que Jerusalém foi destruída duas vezes, sitiada 23 vezes, atacada 52 vezes, capturada e recapturada 44 vezes e até hoje, mesmo que em meio a conflitos, sobrevive e é relevante no mundo moderno.
Conhecida como “a terra prometida”, Jerusalém não é um ponto turístico, mas uma verdadeira expressão da vontade humana sob a Terra. Localizada no Oriente Médio, seu clima semi-árido e solo pouco fértil mostra que a força da cidade não está em suas belezas naturais, em sua posição estratégica ou mesmo em qualquer fator formal que possam elaborar. A grande justificativa para Jerusalém ser tão popular é espiritual e, por isso, desde tempos quase imemoriais, continuamos a enxergar os conflitos nesse local.
De forma objetiva, a cidade abriga alguns dos locais sagrados mais importantes para judeus, cristãos e muçulmanos, como, por exemplo, o Monte do Templo (chamado de Nobre Santuário pelos muçulmanos), que, para os judeus, foi o local onde Abraão iria sacrificar seu filho Isaac e também o local da construção do Templo de Salomão, que guardaria a Arca da Aliança; para os muçulmanos, foi o local onde Ibrahim (Abraão) iria sacrificar seu filho Ismael. Apesar de ser usada como justificativa para conflitos bélicos e políticos, Jerusalém deveria ser um local de união entre os povos e de contemplação a Deus.
Lisboa:
Para nós brasileiros, Lisboa é a capital de Portugal e ponto. Na escola os professores focam na dinâmica de colônia e colonizador e o que aprendemos sobre Portugal é relativamente superficial, enfatizando as histórias dos imperadores e das coisas que afetaram diretamente o Brasil. Com isso, muitos fatos e acontecimentos importantes são deixados de lado, e se quisermos aprender mais temos que pesquisar por conta própria. Um exemplo surpreendente é a história da cidade de Lisboa.
A capital de Portugal é mais importante do que se imagina. Há achados que mostram que a atual Lisboa já foi habitada (ou frequentada) por Fenícios em 1200 a.C. que a chamavam de Alis Ubbo que significa “porto seguro”. Esse povo da antiguidade era um dos mais desenvolvidos em tecnologia náutica e seu legado é tão importante que há indícios de que os Cavaleiros Templários que se refugiaram em Portugal tiveram acesso a seus conhecimentos e mapas de excelente precisão. Essa soma de fatores resultou no desenvolvimento das velozes caravelas e da famosa e misteriosa Escola de Sagres, onde se formaram os maiores navegadores da Idade Moderna, como por exemplo, Pedro Álvares Cabral.
Outra coisa importante, que teve relação com o Brasil e não aprendemos na escola, foi o fato de que Lisboa passou por uma grande transformação no século XVIII após ser quase totalmente destruída por um terremoto-incêndio-tsunami. Foi uma grande tragédia! Houve um terremoto de nove pontos na escala Richter que causou uma destruição sem precedentes e incendiou a cidade, mas os desastres não pararam por aí, a população fugindo do caos correu para as partes baixas da cidade, mais perto do mar.
O que eles não contavam era que um tsunami estava se formando e ondas com mais de 20 metros de altura atingiram a cidade em seguida. Lisboa foi destruída, mais de dez mil pessoas perderam suas vidas – cerca de 12% de sua população na época – e se não fosse a figura do Marquês de Pombal, a cidade não teria se reerguido. O Marquês assumiu a cidade e decidiu agir, deixando de lado o luto, mandou enterrar os mortos, socorrer os feridos, demolir o que foi destruído e reconstruir a cidade.
E foi além, iniciou os estudos de sismologia, observando quanto tempo durou o sismo, quantas réplicas se sentiram, quais tipos de danos causaram, quais animais tiveram comportamento estranho e o que aconteceu nos poços de água.
Mas aí você se pergunta: ok e o que isso tem a ver com o Brasil? Simples! Adivinha de onde saiu o ouro utilizado para pagar a reconstrução da capital de Portugal! Exatamente, das Minas Gerais, aqui no Brasil.
Piadinhas a parte, precisamos ser honestos com relação aos nossos irmãos portugueses, a história desta cidade pode nos servir como uma grande lição de vida. O que salvou Lisboa foi o fato de que tiveram que deixar o orgulho e os apegos do passado e se reconstruir quase que do zero. Em outras palavras, Lisboa nos mostra que às vezes não adianta estarmos presos ao que já passou, precisamos saber a hora de abrir mão e fazer uma mudança geral em nossas vidas.
Alepo:
Entre 2011 e 2016, a cidade foi cenário de uma guerra política que chegou a diminuir em mais da metade sua população e destruiu boa parte de sua área urbana. A Grande Mesquita de Aleppo, que foi construída no Século VIII, onde já havia sido o Jardim da Catedral de Santa Helena durante o governo da era cristã e uma ágora no período helenístico, foi bastante danificada, ficando quase irreconhecível após os confrontos de 2013.
Muitos de nós que assistimos o desenrolar dos conflitos não fazemos ideia do passado de Aleppo e de sua história. A cidade é habitada continuamente desde 4300 a.C., o que a torna uma das mais antigas do mundo. E como boa parte das cidades históricas no Oriente Médio, Aleppo foi alvo de diversas conquistas e batalhas, muito disso por causa da sua importância como rota comercial. Mas a história da cidade começaria a mudar mesmo no final do século XIX, com a inauguração do canal de Suez em 1869, que alterou as rotas comerciais e deu início ao declínio da cidade.
A situação de Aleppo se agravou durante a primeira guerra mundial ao perder sua área rural ao norte da cidade para a atual Turquia, assim como a linha férrea que a ligava à cidade iraquiana de Mossul. Anos mais tarde, já na década de 40, Aleppo voltou a perder territórios para a Turquia, desta vez viu seu principal acesso ao mar, Antioquia e Alexandreta, se perder para seu vizinho do norte, isolando de vez a cidade síria. Mas este isolamento não foi totalmente ruim, na verdade, ajudou a preservar sua arquitetura medieval e seu patrimônio cultural.
Em 2006 Aleppo estava voltando a ser destaque para o mundo Islâmico, tendo conquistado o título de “Capital Islâmica da Cultura” e passando por um grande processo de restauração. Mas a cidade voltou no tempo quando a guerra política de 2011 começou e os conflitos isolaram de novo. Apesar de ainda haver conflitos na Síria, Aleppo foi pacificada e agora, por falta de dinheiro para o governo restaurar a cidade, a população está se unindo e tentando restaurar por conta própria o que foi destruído.
Os conflitos em Aleppo servem para nos fazer refletir sobre nossa vida. Quantas vezes deixamos de lado a razão e damos início a conflitos que acabam por destruir o que há de mais belo em nós?!
Biblos:
Das sete cidades que citamos aqui, Biblos, cidade libanesa, é provavelmente a menos conhecida delas. Então não sinta-se mal caso nunca tenha sequer ouvido falar dela. A falta de conhecimento a respeito desta cidade não quer dizer que ela não seja importante, muito pelo contrário, segundo textos antigos, acredita-se que ela tenha sido primeiramente habitada entre 8.800 e 7.000 a.C., tornando-a uma das cidades mais antigas do mundo, quase tão antiga quanto Jericó, sendo habitada continuamente desde 5.000 a.C..
Biblos ganhou fama por ser a principal exportadora de papiros do Egito para a Grécia, o que inclusive lhe rendeu seu nome de batismo. Na verdade, há certa controvérsia quando falamos de seu nome, a cidade também é chamada de Gubla ou Jebal, dependendo do idioma. Voltando a seu nome mais popular, uma das teorias mais aceitáveis é a de que o nome Biblos tenha surgido de um erro de pronúncia dos gregos na hora de dizer papiro. O nome da cidade também foi responsável por batizar o livro mais lido de todos os tempos, a Bíblia, que por sua vez significa em grego “O livro de papiros”.
Evidências mostram que por anos Biblos manteve comércio intenso com outros países na região do Mediterrâneo, mas com o tempo este comércio foi esmorecendo e a cidade só voltou a ser destaque no tempo das grandes cruzadas, no século XI, quando virou uma importante base militar. Até hoje podemos ver na cidade os incríveis restos do Castelo das Cruzadas. Após séculos de disputas e batalhas, no ano de 1516 a cidade e toda a região passaram a fazer parte do império Otomano.
A história de Biblos e sua importância no passado nunca permitiram que ela caísse totalmente no esquecimento. Para nós fica a lição: nossa principal função no mundo é somar, fazer a diferença e se cumprirmos nossa missão, nunca seremos esquecidos.