Não sei se você já percebeu que o nosso desenvolvimento na Vida está muito relacionado com o grau de dificuldade que estamos enfrentando. Às vezes, em um momento muito difícil, tiramos forças não se sabe de onde, descobrimos potencialidades e habilidades que nunca imaginamos que possuíssemos em algum lugar do nosso Ser, e fazemos coisas inimagináveis. Mas nem sempre é assim, às vezes a adversidade e o sofrimento, nos levam a níveis muito altos de medo, estresse, ansiedade, etc. Nesse estágio não nos desenvolvemos e o nosso desempenho fica paralisado. Existem também fases na nossa Vida de quietude, em que a maré está calma, e conservamos o desempenho em um estado constante de desenvolvimento, mas essas fases de quietude também podem fazer o desempenho descer ladeira abaixo, é quando ficamos desmotivados, sem planos, sem Vontade de iniciar um novo projeto.
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É interessante como a Vida tem um ritmo oscilante, e é fundamental lançar luz sobre isso para entender qual é o verdadeiro sentido por trás de todas essas experiências: crescer! E este crescimento vem através de um processo de aprendizado. Será que temos estudos seguros sobre isso? Alguém já pesquisou esse fenômeno cientificamente?
A resposta é sim. No começo do século XX, dois psicólogos americanos chamados Robert M. Yerkes e John Dillingham Dodson descobriram, a partir de estudos aplicados ao desenvolvimento mental humano, uma Lei da Natureza que ficou conhecida como Lei de Yerkes-Dodson. Esta lei afirma que o nosso desempenho aumenta com a excitação fisiológica ou mental, mas quando os níveis de excitação estão muito acima do suportável, o desempenho diminui. Com isso podemos concluir que a nossa capacidade de suportar o sofrimento é decisiva para transformá-lo em crescimento. Quanto mais acolhemos e suportamos a adversidade, mais aumentamos misteriosamente nosso desempenho, quanto mais a rejeitamos e as vemos como algo insuportável, menos desenvolvemos potenciais para superá-la.
No mesmo período, um psicólogo da Bielorrússia chamado Lev Vygotsky desenvolveu um conceito muito elucidativo para esse fenômeno, chamado Zona de Desenvolvimento Proximal (ZPD). Trata-se de uma zona de crescimento que todos nós temos. Funciona da seguinte forma: todos nós temos um nível de desenvolvimento real e um nível de desenvolvimento potencial. Isso quer dizer que se você se deparar neste momento com um problema, o nível de desenvolvimento pessoal que atuará em você imediatamente na resolução do problema é o nível real, o que você tem ativado no momento, ou seja, sua capacidade real de raciocínio, sua motivação real, sua criatividade real. Mas todos nós temos, além do nível real, uma potência latente, que não está na zona imediata da consciência, é uma espécie de energia psíquica inconsciente, a que Vygotsky denominou de desenvolvimento potencial. Zona de desenvolvimento proximal é a distância entre esses dois níveis de desenvolvimento, o real e o potencial. E como fazer para que essa potência venha à tona, como despertar esses poderes latentes?
Dentro dos limites da pesquisa de Vygotsky, que estudava o processo de educação infantil, a ativação dessa potência de desenvolvimento se dava quando a criança enfrentava o problema sendo orientada por um adulto ou por outras crianças. Quando a experiência era acompanhada por alguém que já tinha alguma vivência dentro daquela situação.
Essas descobertas científicas serviram de base, ou de inspiração, para que muitos estudiosos do desenvolvimento pessoal mapeassem este processo em quatro zonas específicas: inicialmente, a pessoa está em uma zona de conforto, depois, surge uma situação crítica, inusitada que o desloca para uma segunda zona, a zona do medo. Esse medo pode paralisar ou pode servir de estímulo para levar a pessoa à terceira zona, que é a do aprendizado. E só quem chega à zona do aprendizado consegue chegar à quarta zona, a do crescimento, que é a zona do despertar dos poderes latentes, ou da ativação das potencialidades.
Esse processo não é um determinismo, ou seja, depende muito de como a pessoa lida com cada uma dessas zonas. A zona de conforto pode ser muito boa, desde que a utilizemos para conservar o nosso desempenho. Em termos práticos seria aquela pessoa que há anos faz a mesma coisa todos os dias. Não há nada de errado com isso, desde que essa repetição consista em um ritmo de manutenção do desempenho, e o exercício diário vá lhe conferindo cada vez mais domínio e maturidade dentro do seu campo de atuação, produzindo assim bons frutos. A zona de conforto começa a ficar prejudicial quando vai se tornando uma inércia, uma repetição automática, sem Vida, sem Renovação, sem Motivação, sem Vontade, sem Iniciativa. Tudo depende de como atuamos dentro desta zona.
A zona do medo, acessada a partir de algum evento imprevisível ou inevitável, também pode ser ruim ou boa, dependendo de como agimos dentro dela. Posso dar lugar ao pânico, paralisar, ficar neurótico ou muito dependente, mas posso também transformar esse medo em uma motivação para compreender a situação, entender as leis invisíveis que regem o acontecimento, conhecer a engrenagem, os motores que movem aquela adversidade, e assim me deslocar para a zona do aprendizado.
A zona do aprendizado também tem duas vias, eu posso acessar a via da intelectualização, que é um aprendizado apenas teórico, mas sem prática, sem aplicação na Vida. Este é um tipo de conhecimento meramente intelectual, a pessoa pode fazer uma conferência espetacular a respeito do assunto, pode escrever artigos, impressionar a quem lê, mas no dia-a-dia, quando está sozinho consigo mesmo, não se compromete em Viver aquilo que diz. Porém, se não vivemos esse aprendizado, não crescemos de verdade, não avançamos de fase. É preciso pôr o aprendizado em evidência. As descobertas não devem ficar retidas no intelecto, elas tem que tomar corpo no campo vivencial, só assim alcançamos a fase mais avançada do desenvolvimento pessoal, que é a fase em que realmente crescemos. Na zona de crescimento, o propósito da existência torna-se muito evidente e passamos a ser movidos por ele.
Podemos visualizar esse processo no momento atual, de pandemia, em que nossa rotina mudou severamente. Uma força externa balançou nossa existência e nos tirou inevitavelmente da zona de conforto. O que devemos fazer? Como devemos lidar com esse processo?
Tem muita gente neste momento que ainda está paralisada na zona imediatamente após ao conforto, que é a zona do medo. Vê o noticiário todos os dias, e todos os dias se assusta com o aumento das estatísticas… E nada mais. Tem gente que entrou na zona do aprendizado, sabe todas as informações a respeito, detém um acervo enorme de dados, mas não conseguiu traduzir numa vivência moral: Autodomínio, Paciência, Cortesia, Generosidade, Cooperação, Respeito, etc. Mas há os que já atravessaram todas essas fases, transformaram o medo em aprendizado, aplicaram o aprendizado em experiências e entraram numa fase de crescimento, ou seja, estão despertando forças latentes que em outra situação jamais seriam acordadas. E ao final deste processo, sairão como diamantes lapidados. Grandes pérolas de Seres Humanos sairão prontas ao final desta crise, não tenha dúvida.
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E você, em que fase está nesse processo? É urgente lançarmos uma Luz sobre essa fases tão inconscientes, mas tão reais. Só assim poderemos conhecer o Poder que habita em nós, mas que não se manifestou ainda. Então, liberte esta Luz que há dentro de você, para iluminar a sua Vida e a das pessoas ao seu redor!