Motivo
Escrito por Cecília Meireles
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
“Cecília Benevides de Carvalho Meireles” foi Poetisa, Professora, Jornalista, Pintora Brasileira e também a primeira voz feminina de grande expressão na Literatura Brasileira, com mais de 50 obras publicadas.
Natural do Rio de Janeiro, nascida em 7 de novembro de 1901, ela perdeu o Pai poucos meses antes de seu nascimento e a Mãe logo depois de completar 3 anos. Foi criada por sua Avó Materna, a Portuguesa Jacinta Garcia Benevides.
“Cecília Meireles” lançou seu primeiro livro de poemas em 1919, com apenas 18 anos. “Espectros” tem 17 sonetos de temas históricos.
Em 1922, por ocasião da Semana de Arte Moderna, ela participou do grupo da revista Festa, ao lado de Tasso da Silveira, Andrade Muricy e outros, que defendia o universalismo e a preservação de certos Valores Tradicionais da Poesia. Nesse mesmo ano, casou-se com o Artista Plástico Português Fernando Correia Dias, com quem teve três Filhas.
“Cecília” faleceu também no Rio de Janeiro, no dia 9 de novembro de 1964. Seu corpo foi velado no Ministério da Educação e Cultura. Além disso, ela foi homenageada pelo Banco Central, em 1989, com sua efígie na cédula de cem cruzados novos.
Fonte: “e-Biografia”.