Você já se perguntou qual o segredo da vida? Como é possível existir um universo de possibilidades nas formas de viver e como, de maneira curiosa, há sempre pessoas que parecem estar de acordo com o ritmo que a vida lhes impõe? Somos diferentes uns dos outros, mas, apesar das nossas distinções, há um elo entre as pessoas, logo, será que também é possível que, em meio a tantas adversidades e reações, também encontremos um sentido comum, de acordo com as leis da vida, e que possa nos conduzir a uma melhor forma de existir?
Responder a essas perguntas exige de nós um olhar mais profundo sobre nós mesmos e sobre a Vida que nos cerca. Exige ainda, principalmente, uma reflexão sobre qual o conceito que temos sobre a Vida. E esta reflexão pode nos permitir estruturar os nossos pensamentos, sentimentos e ações em coerência com as ideias que temos sobre a nossa existência. O que talvez daí se extraia o peso ou a leveza com a qual levamos nossas vidas.
Primeiramente, devemos refletir sobre o que é a vida. Será que podemos chamar de vida formas celulares que juntas formam um organismo? Ou será que a Vida (com “v” maiúsculo) vai muito além de uma relação biológica? Para a filosofia, já é evidente que o termo “vida” está para além de nossas componentes físicas, pois pressupõe outra série de atividades que não estão no campo da matéria, mas que a afetam.
O amor, por exemplo, não possui uma vida física, biológica, mas seus efeitos – ou seja, uma pessoa que ama – produzem vida e demonstra vida em seus atos, pensamentos e sentimentos, não é verdade? Assim, uma relação mais justa com o termo “vida” é o de “energia”, na qual quanto mais energia se tem, mais vida se apresenta.
Talvez esse seja um conceito novo para alguns leitores, mas garantimos que, direta ou indiretamente, já nos relacionamos com ele. Quer uma prova? Quando chegamos em casa após uma rotina intensa de trabalho, o que falamos? “Estou morto de cansado”. Relacionamos diretamente a ideia de morrer com a falta de energia, e, como sabemos, a morte é o oposto da vida. Logo, quanto mais energia, mais vivo estamos. Pode-se alegar que essa é apenas uma expressão e que não há validade no mundo concreto, porém, a nossa existência é feita de símbolos, e estes representam perfeitamente nossa forma de atuar no mundo.
Dito isso, podemos afirmar que vida é energia. E o que pode nos dar energia, uma fonte inesgotável e que sempre se renova? Certamente, o amor é uma delas. Como já falamos, o amor é capaz de nos mover ao ponto de fazermos o que antes parecia impossível. Atravessamos oceanos, escalamos montanhas e aprendemos o que for necessário apenas para estar ao lado da pessoa amada. O verdadeiro amor é incondicional, e nos submetemos a todo e qualquer sacrifício em nome dele.
E onde encontramos esse verdadeiro amor? Sem dúvida ele é raro, e não o vemos todos os dias, porém, seguramente podemos afirmar que ele existe. Basta pensarmos na relação de pais com seus filhos, afinal, em geral nasce e se cultiva um verdadeiro amor. Pelos filhos somos capazes de fazer sacrifícios, de entregar nossa melhor performance – e, além disso, ainda temos o dever de educá-los.
Frente a isso, existe uma máxima que nos acompanha desde as nossas infâncias, muitas vezes falada justamente por nossos pais e mães, “me digas com quem tu andas, que eu te direi quem és”. Quem nunca ouviu isso de sua mãe ou de algum adulto tentando nos aconselhar ou nos proteger diante de algo? Existem ainda outras, como: “Por vossas obras vos conhecereis”, e tantos outros ditos populares que, se fôssemos listar aqui, não teríamos tempo para discorrer sobre cada um deles.
Observa-se nesses conselhos uma certa sabedoria que vai passando de geração em geração, com um objetivo de cunho moral e formativo para as gerações mais novas, que, se estiverem atentas, aproveitarão as grandes pérolas e ensinamentos de como viver bem.
Por exemplo, a frase “me digas com quem andas, que eu te direi quem tu és”, que já foi citada, é uma máxima ou dito popular que não só nos chama a atenção para uma reflexão sobre o critério de escolha para as nossas companhias físicas, mas principalmente para que tipo de ideias nós carregamos conosco, ou seja, que nos acompanham, desde pensamentos até a emoções que nos são tão íntimas, até mais do que os nossos parentes, cônjuges e amigos. Pois, em última instância, diante da tomada de uma decisão, o que define o resultado são as ideias que carregamos ou recorremos dentro de nós.
São essas ideias que nos motivam (ou não) a enfrentar as adversidades e a construir (ou destruir) nossos projetos diários. Assim, nasce um novo tipo de amor, tão verdadeiro quanto o amor dos nossos pais, que é o amor às ideias ou, como os filósofos antigos afirmavam, o amor à sabedoria. Desse modo, podemos amar profundamente a vida e a sabedoria contida nela, a qual nos faz caminhar dentro da existência com mais consciência do nosso papel histórico.
A própria história está repleta de exemplos deste tipo. Quem não lembra de uma Joana D’arc e da sua busca por liberdade para o seu país? Ou mesmo do general romano Júlio César, que no fronte de batalha decidiu enfrentar sozinho o exército inimigo por amor e compromisso com o seu povo?
Estejamos conscientes ou não, o que nos influencia e nos ajuda a definir as nossas ações está mais ligado ao que pensamos ou ao que sentimos, do que propriamente a presença física de alguém, como comumente costumamos pensar. Isso não significa que as companhias que escolhemos para partilhar e compartilhar a nossa existência não sejam importantes, na verdade, existe uma relação que se retroalimenta em ambas as direções, pois tendemos a buscar relações com pessoas que sejam próximas às nossas ideias, e vice-versa, porém, a ordem de prioridade está sempre de dentro pra fora. O mundo dos pensamentos e das emoções é onde se originam as nossas ações.
Considerando todas essas ideias, o vídeo abaixo, produzido pela marca de canetas BIC, nos deixa uma grande reflexão acerca da importância do amor entre pais e filhos e, principalmente, na construção de novas ideias:
Visto o vídeo, o bom resultado das crianças vem principalmente do hábito de estudarem junto a seus pais, ou seja, os pais não estão somente “de corpo presente”, eles são ativos na educação de seus filhos, garantindo que eles estejam sempre acompanhados de ideias corretas.
Cabe também aqui fazer uma reflexão sobre o segundo dito popular que citamos acima – “por vossas obras vos conhecereis”. A condição de sermos humanos nos coloca constantemente em uma relação de convivência com o outro, e isso vai nos possibilitando o processo de alteridade, que nos ajuda a reconhecer e reafirmar a nossa identidade individual e cultural. Ou seja, eu só sei quem sou porque olho para o outro e percebo as nossas diferenças e semelhanças. Contudo, as nossas ações são os reflexos mais evidentes de nosso mundo interior, que se relaciona o tempo todo com os outros mundos externos. E é através da estabilidade de nossas ações que vamos construindo um mundo harmônico ou desarmônico à nossa volta.
Assim, a relação é diretamente proporcional: quanto maior estabilidade nos pensamentos, nos sentimentos e nas ações, maior será a integração do indivíduo consigo mesmo e com o mundo à sua volta. Em outras palavras: quanto mais integrado dentro, mais integrado fora. E se, porventura, esses dois mundos estiverem desconectados, a probabilidade da desconexão com a Vida é enorme. Assim, é imprescindível que o nosso mundo interno esteja atado ao nosso mundo externo e, por conseguinte, ao próprio fluxo da Vida.
E é nesse quesito, no fluxo da Natureza e na compreensão das leis que a compõem, que pode conter algumas pistas para o segredo da Vida. Sabemos que em qualquer área, quando compreendemos algo de maneira consciente, temos a oportunidade de fazer escolhas conscientes, ou seja, o conhecimento e consciência antecedem as escolhas. Platão fala em uma de suas obras que a ignorância é um dos piores males do qual um indivíduo pode padecer, e, para conhecer a Vida, é preciso integrar-se a ela de maneira consciente. Isso nos requer a capacidade de estar presente em cada momento, em cada situação e oportunidade ofertada por ela, seja boa ou ruim.
Aceitar a Vida com tudo o que a compõe e saber ver através dela, desenvolvendo um sentimento profundo pelas pessoas, pode ser o caminho trilhado por aqueles que têm êxito diante das adversidades, porque sabem retirar de cada fato experiências riquíssimas e profundas, podendo partilhar com a humanidade as conquistas logradas ao longo da sua jornada. Este é um modelo que cabe para qualquer pessoa. Então, por que não experimentá-lo, começando agora mesmo?