Há muitíssima gente – embora haja ainda mais que não encaixa nestes parâmetros – que conseguiu adaptar-se às exigências do nosso tempo. Aparentemente têm tudo mas, no entanto, as estatísticas demonstram-nos que aumentam progressivamente os estados de psicose, de depressão, de angústia, de insatisfação, de solidão, de agressividade, de tédio, de corrupção e muitas outras situações psicológicas que constituem o quadro geral do “stress”.
Deveremos pensar então que estas pessoas não triunfaram? Ou que o seu triunfo não é total, que não preenche as suas vidas? Que é uma luta constante para nunca chegar a porto algum?
Deveremos, talvez, encarar outros tipos de triunfo que, embora saiam da modalidades vulgarmente aceites, podem chegar a ser mais efectivos?
Inclinamo-nos, sem dúvida alguma, para a segunda pergunta e para as respostas nela implícitas.
Uma das questões que mais nos preocupa a todos é a falibilidade das coisas que conseguimos, a pouca duração daquilo que julgávamos perdurável, a instabilidade do que supúnhamos inamovível.
Com o êxito sucede precisamente o mesmo: necessitamos de um êxito que, por pequeno que seja, não se desvaneça de imediato e nos deixe ao menos uma dose de insatisfação e de paz.
Propomos, assim, umas chaves simples para a obtenção, nos mais variados terrenos, de um triunfo mais humano, mais estável, mais em harmonia com os nossos sonhos e aspirações.
É evidente que não basta sonhar para nos convertermos em triunfadores. Há que actuar, há que saber desenvolver uma actividade sã baseada na vontade. Não actuar porque sim, mas escolher as melhores e mais adequadas acções.
Pôr beleza em todos os cantos; pôr luz em todos os sítios – externos e internos – em que estamos.
O velho conselho de conhecer-se a si mesmo não perdeu actualidade; não podemos considerar uma acção proveitosa se não soubermos quem somos e quais as nossas habilidades e possibilidades. E uma vez que as conhecemos, há que exercitá-las de modo a termos alguma actividade que seja útil a nós e aos outros.
Há que fazer bem todos os trabalhos que empreendemos, não só pelo prémio que podemos receber, mas pela satisfação de comprovar a nossa eficácia. Saber conformar-se com o que vamos obtendo e, ao mesmo tempo, nunca nos conformarmos, procurando sempre uma quota mais alta de rendimento.
Nunca nos deixarmos sucumbir face aos problemas, por mais difíceis que pareçam. Pelo contrário, há que forçar a imaginação a encontrar saídas e soluções. Conceber as dificuldades como provas para a nossa inteligência e vontade. E, no pior dos casos, converter os fracassos em novas oportunidades para voltar a começar.
Saber aproveitar as oportunidades. A vida está cheia de oportunidades, mas se caminharmos com os olhos fechados, jamais as descobriremos. Se nos fecharmos nos nossos próprios conflitos e os ruminamos constantemente, perdemos energias e não saímos desse círculo vicioso, desprezando as mil e uma portas que o pretenso labirinto nos estava a oferecer.
Esforçar-se continuamente em amar, que é a melhor forma de sentir-se bem consigo próprio.
Procurar o sentido da Vida e esforçar-se por encontrar o sentido da nossa própria vida. Nada sucede por acaso, e só obtém respostas aquele que as procura com espírito de sabedoria, com o valor de quem dá com certa conquista.
Melhorar diariamente tudo o que fazemos; melhorar sem desfalecimento tudo o que nos rodeia. Pôr beleza em todos os cantos; pôr luz em todos os sítios – externos e internos – em que estamos.
Quem conseguir aplicar estas poucas chaves será uma pessoa segura de si mesma, uma pessoa satisfeita na medida em que a satisfação é alimento dos humanos. Será, realmente, um triunfador. E embora ninguém o confesse, porque a moda não permite, todos gostariam de alcançar este tipo de êxito.
Se fossemos muitos a trabalhar assim, valeria a pena converter em moda esta forma tão particular na vida.
Delia Steinberg Guzmán
Directora Internacional da Nova Acrópole
Publicado originalmente em: https://nova-acropole.pt/a-arte-de-triunfar-na-vida/