Alguma vez você já imaginou como seria viver em Marte? Ou brincou de astronauta? Colocar um capacete e fingir que lutava contra alienígenas? Quando criança, já sonhou em entrar numa espaçonave e ir até Marte? Ou mais velho, com problemas de relacionamento, já usou a famosa frase “os homens são de Marte”? Não é de hoje que sonhamos com viagens espaciais. A bem da verdade, desde sempre, a humanidade olhou para os céus e procurou respostas. Se antigamente cada corpo celeste poderia representar uma constelação, uma história mitológica que nos ensinaria algumas lições, hoje estudamos planetas, galáxias e sonhamos com mundos tão diferentes da nossa querida Terra que queremos explorar cada vez mais esse vasto e misterioso mundo.
O século XX abriu as portas da imaginação para esse tipo de pensamento. Com o avanço da tecnologia, alcançamos patamares inéditos: lançamos satélites para fora do planeta, colocamos pessoas em órbita e até chegamos na Lua! Tudo isso construiu novos horizontes para a humanidade, que já não estava limitada à exploração do nosso planeta, mas já era capaz de explorar todo o cosmos. Ao mesmo tempo, antigas preocupações como “será que estamos sozinhos no Universo?” voltaram a surgir em nossa mente. A ideia de uma raça alienígena chegar em nosso planeta e nos conquistar passou a ser uma preocupação na cabeça de algumas pessoas.
Não por acaso, o livro “Guerra dos mundos”, de H.G. Wells, que descreve uma invasão marciana ao nosso planeta, se tornou um dos maiores best-sellers da literatura mundial. A perspectiva de explorar novos planetas e a viagem espacial em si nos levaram a grandes clássicos nas mais distintas artes, seja na literatura, na pintura ou no cinema. Filmes como “Guerra nas estrelas” se tornaram um clássico do cinema e ganharam aprovação dos espectadores de forma geral, que não só abraçaram a narrativa, mas mostraram como o imaginário da humanidade moderna foi capturada por esse tema.
Visto isso, não temos como fugir da pergunta: qual o próximo passo da humanidade? Para alguns, o caminho mais natural é a colonização de Marte. Isso é possível? O que seria necessário para a humanidade alcançar esse feito? E como imaginamos uma vida em solo marciano? Veremos um pouco da perspectiva da ciência e suas implicações agora.
É possível viver em Marte?
Marte por muito tempo foi o alvo de nossos sonhos mais lúdicos e a justificativa para tudo que era distante e inexplicável, mas não é mais assim. Se você pesquisar na internet sobre como seria viver em Marte, vai se surpreender com a quantidade de estudos e pesquisas existentes que explicam detalhadamente tudo o que é necessário para a nova morada. Inclusive, existe um termo específico denominado “Terraformar”, referente à mudança de atmosfera necessária para que seja possível viver lá.
De forma sintética, terraformar nada mais é do que gerar condições para a vida tal qual existente na Terra. Hoje Marte não possui uma atmosfera propícia para a vida, seja a nível vegetal, animal ou humano. Assim, o primeiro passo seria construir esse ambiente, seja em zonas específicas como pequenos domos em que se poderia fazer uma comunidade sustentável, ou mudar completamente a estrutura do planeta, um passo muito ousado e nem um pouco simples.
Se para alguns esse parece ser um plano que beira a loucura, visto sua complexidade, para outros é uma imagem de futuro que não está tão distante assim. O bilionário hi-tech Elon Musk, por exemplo, possui um “empreendimento” que tem por base levar espaçonaves para Marte com materiais, para gerar condições de vida lá! Segundo Elon, em mais ou menos 20 anos e mil viagens, haverão mantimentos necessários para o início da moradia no planeta vermelho.
É evidente que atualmente até mesmo a viagem para Marte é um desafio à parte. A tecnologia moderna foi capaz de enviar sondas, mas ainda não é possível enviar humanos até lá sem que esse ato seja encarado como uma sentença de morte para os astronautas. Além das condições específicas do Planeta, a viagem em si dura, nos termos da tecnologia que possuímos atualmente, cerca de dois anos. Seria, ao total, no mínimo quatro anos fora do planeta Terra, o que acarretaria consequências drásticas devido a ausência de gravidade e os percalços da própria viagem.
Como podemos perceber, há um abismo entre o sonho de viver em Marte e a dificuldade prática de fazer esse sonho ocorrer. Assim, mesmo com as previsões otimistas de Elon Musk, talvez ainda seja um passo muito distante alcançar o planeta vermelho e torná-lo habitável. Apesar disso, a humanidade já provou inúmeras vezes que é capaz de surpreender qualquer prognóstico pessimista e tornar realidade os sonhos mais improváveis.
Qual a relevância de colonizar Marte?
Para muitos, este assunto é altamente instigante e curioso. Para outros, beira a falta de bom senso e soa absurdo. Por que investir tanto em colonizar do zero um planeta, que claramente não possui as condições para ser habitado por nós, ao invés de salvar o nosso? Seria por que o nosso planeta já não tem mais salvação? Ou talvez uma tentativa de “brincar de Deus”?
Um planeta que não possui água, oxigênio e gás carbônico, os pré-requisitos básicos para vida primária, claramente não é de sua natureza ter as condições para uma vida como a nossa… Por que alterá-lo? Será que essa ação não é antinatural? Modificar completamente a estrutura de um corpo celeste “apenas” para nos receber? O homem e sua mania de ser o centro do Universo…
Os recursos e estudos utilizados para tal projeto, as mentes brilhantes que vão desenvolver as tecnologias para tais viagens, se colocadas à disposição do nosso planeta, com certeza veriam inúmeras soluções para os danos gerados pelo ser humano, tanto no âmbito natural quanto social. Muitos criticam os investimentos astronômicos com o argumento de que seria mais favorável buscar aplicar todos esses recursos na Terra. Entretanto, é fato que graças aos estudos espaciais foi possível usar grande parte da tecnologia que faz parte do nosso cotidiano.
Se não fossem os satélites, por exemplo, provavelmente nunca usaríamos o famoso GPS, que todos os dias nos leva pelos caminhos mais fáceis até o nosso destino. Os satélites são os responsáveis por todo mapeamento da Terra e conseguem calcular nossas distâncias, coordenadas e trajetos. Além disso, outras tecnologias como smartphones e TVs digitais dependem de satélites para seu funcionamento.
No campo da engenharia, o desenvolvimento de naves espaciais ajuda em diferentes estudos de aerodinâmica, propulsão e desenvolve modelos que jamais sonhamos em criar. Tudo isso em prol da busca pela conquista do espaço. Acima de todos esses benefícios, existe, sem sombra de dúvidas, o maior de todos eles: o conhecimento. Graças aos telescópios espaciais, como o James Webb e o Hubble, fomos capazes de observar o Universo de uma maneira que seria impossível daqui do nosso planeta. Enxergar conglomerado de galáxias, ninho de estrelas e outra série de belezas escondidas na profundidade do cosmos só foi possível porque na órbita da Terra conseguimos lançar um grande telescópio, capaz de fazer uma varredura pelo Universo observável.
Visto tudo isso, o investimento em explorar o Universo não é uma questão econômica, social ou simplesmente política, como alguns especialistas já apontam, mas sim uma verdadeira saga humana em busca de respostas. Colonizar Marte não pode ser, portanto, uma questão somente para os anseios dos seres humanos que vivem nosso tempo histórico, muito menos a causa de um país ou grupo empresarial, mas sim uma tentativa da humanidade de conhecer um pouco mais do seu papel no Universo.
A vida como conhecemos é um fato raro no Universo
Uma reflexão que vem à mente quando pensamos sobre todos os desafios para simplesmente sobreviver em Marte é a de que a vida é algo raro. Evidentemente, estamos falando de uma forma de vida similar à nossa. Basta observar as variáveis necessárias para que nosso planeta possa suportar a diversidade de vidas atuais: A distância do Sol, a temperatura, a gravidade, as camadas da atmosfera, a quantidade de água, de oxigênio e de gás carbônico, a influência da Lua e muitos outros.
Esses são os fatores que precisam estar harmonizados para que exista vida na Terra. Já que este ajuste tão preciso não pode ser uma simples coincidência, deveríamos refletir sobre que inteligência é essa que conduz o Universo como uma orquestra perfeitamente afinada.
E ainda, se estamos aqui na Terra, deve haver um propósito. Então por que nos preocuparmos tanto em ocupar Marte, se ainda não compreendemos os mistérios do nosso planeta, e nem conseguimos encontrar uma forma sustentável de viver e lidar com seus recursos naturais? Já viu quando nos preocupamos mais com os problemas dos outros do que com os nossos? É a mesma ideia.
A vida que possuímos na Terra já nos fornece todas as ferramentas para o nosso desenvolvimento. Se por um lado explorar Marte é uma ação demasiadamente humana e válida, do ponto de vista de descobertas, por outro, viver lá não passa de um capricho pouco inteligente. Já possuímos uma casa que atende a todas as nossas necessidades, logo, não deveria ser necessário ter outros planetas. É fato que grande parte do pensamento sobre viver em Marte também se apoia em uma possibilidade real: a do colapso do planeta Terra. Esse medo, porém, advém da nossa própria ignorância em lidar com os recursos e a destruição de grande parte do ecossistema causada justamente por nós, seres humanos.
Precisamos ver a Vida no Universo de forma mais profunda, tentando entender o nosso papel no meio disso tudo e que nada é por acaso. Devemos perceber que existe uma Lei regendo essa ordem cósmica, precisamos compreendê-la para aprender como obedecê-la. Que possamos compreender, através da exploração de Marte, um pouco mais dessa grande Lei.