Série: desvelando o Tarot Egípicio – Parte V

Sejam bem vindos a mais um texto da nossa série sobre as cartas do tarot egípcio. Para os leitores que ainda não conhecem a proposta desses textos, sugerimos que leiam nossos escritos anteriores para não perderem nenhum ponto importante.

Assim como nos demais textos, agora falaremos de mais três cartas do tarot e seus símbolos. Vale ressaltar que os tarots, de maneira geral, envolvem diversas chaves de interpretação e que nosso intuito não é encerrar a discussão sobre as ideias ali contidas, mas apresentar um ponto de vista que, na maioria dos casos, não é considerado. Deixemos, portanto, que as ideias e símbolos que inspiraram tantas gerações na antiguidade sejam também um aporte para nossa vida diária, com ideias que possam nos engrandecer enquanto seres humanos e nos tornar melhores.

A roda da lei

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A primeira carta que analisaremos é uma das mais famosas do tarot egípcio: a roda da lei. Ela é a carta número 10 do tarot e também é conhecida como “A esfinge”. Como podemos ver, no topo da imagem temos uma esfinge, a misteriosa criatura com diferentes partes animais e cabeça humana. Ela segura uma lança e abaixo dela há uma roda, na qual duas figuras se colocam em oposição: de um lado temos um monstro similar a um crocodilo ou dragão, e do outro temos uma figura felina, provavelmente um gato, com asas. A base que sustenta a roda está envolta por duas serpentes, que enrolam-se na haste e nos dão a impressão de que sobem pela mesma.

Aqui temos, mais uma vez, diversas ideias contidas dentro da carta. Precisaremos, portanto, desvelar seus símbolos um a um. Comecemos pelo que está, aparentemente, fácil. A roda da lei apresenta em seu centro uma dualidade que está muito presente em outras cartas. De um lado temos o crocodilo, ou o “mal”, digamos assim, e do outro o lado do bem, na figura felina. Ambos giram nessa roda e revezam seus lugares, mostrando também a ideia da ciclicidade. Em palavras mais objetivas, a roda da lei é também a roda da vida, na qual todos nós vivemos.

Sejamos francos, em nossa vida já vivemos dias bons e ruins. De igual modo, já estivemos felizes e tristes, com saúde e doentes. A vida humana, assim como outras expressões do universo, marca-se pela presença dos ciclos. Visto isso, a roda simboliza a Vida e suas dualidades que, por bem ou por mal, estão conectadas a ela. Por isso ambas seguram-se na roda e giram conforme ela se movimenta. 

Porém, há um detalhe ao qual poucos se atentam na carta. Se prestarmos atenção, em ambas as figuras há uma chama sobre a cabeça, que, como já vimos, simboliza um aspecto divino. Podemos interpretar esse fato sob a ótica de que, mesmo o mal, na condição que o colocamos, é um aspecto dessa natureza superior que ordena o Universo. Mesmo a dor, seja ela de que tipo for, pode nos servir de aprendizado para caminharmos e sermos melhores, portanto, não existe o mal em si, mas apenas um aspecto deste que meu corpo, minhas emoções e minha mente o consideram assim.

Por exemplo: imaginemos que a partir desse momento a dor não existisse mais. Por não sentirmos mais esse desconforto, pisamos em um prego e não sentimos nada. Como esse está alojado na sola dos nossos pés, não nos incomoda e vamos seguindo a vida. Porém, com o tempo, a ferida feita pelo prego irá infeccionar, podendo espalhar-se para todo o corpo e, por fim, levarmos à morte. 

A dor, assim como o mal, nos serve de alerta para o que precisamos melhorar. Não cabe a nós, logo, rejeitá-la, mas integrá-la como partícipe desse mistério.

Mas, como devemos escolher acerca do bem e do mal? Será que podemos fazer o que quisermos, visto que em tudo há uma natureza divina? Um outro símbolo presente na carta nos responde essas questões: a esfinge.

Desde os tempos de sua construção, a esfinge era símbolo do homem desperto, consciente, que controla seu aspecto animal – os instintos, como gostamos de falar – a partir do seu lado racional. Não por acaso, a cabeça da esfinge é humana, enquanto todas as suas partes são de animais, representando assim a potência e, ao mesmo tempo, a razão em saber usá-la. Na carta podemos ver que a esfinge segura uma espécie de lança e aponta na direção da figura felina. A partir dessa representação, podemos obter as respostas que desejamos.

Uma das chaves de interpretação nos mostra que a escolha entre o bem e o mal, ou seja, o discernimento para decidir, só pode ser obtido por esse humano consciente, que busca dominar seu lado “animal” e vive conscientemente. 

Trazendo para o nosso cotidiano, os grandes – e pequenos – dilemas que vivemos tratam disso: ficamos em dúvida entre fazer o bem e o mal. O mal, nesse caso, não significa, necessariamente, machucar alguém ou fazer uma maldade. Se, por exemplo, nos comprometemos a fazer exercício físico regular e não cumprimos com o combinado, seja por preguiça, desorganização ou qualquer outro motivo, estamos fazendo um mal a nós mesmos. Além do aspecto físico, estamos traindo a nossa própria confiança. O mal, nesse caso, é deixar de fazer o que se comprometeu por estar com preguiça.

Já na parte de baixo da imagem, temos duas serpentes que sobem pela haste da roda. No Antigo Egito as cobras e serpentes eram vistas como sabedoria, ressaltando a percepção de que ela é necessária para fazermos nossas escolhas. Junto a isso, a imagem é similar ao caduceu de Mercúrio, que também simboliza a sabedoria como uma conquista a partir das dualidades. 

A partir disso, podemos resumir as ideias contidas na carta como uma chave interessante sobre a vida: à medida que tomamos consciência e aprendemos a nos dominar, poderemos discernir e fazer escolhas mais assertivas, principalmente quando se trata de aspectos tão duais. A sabedoria, simbolizada na serpente, começa a surgir como o caminho do equilíbrio e harmonia entre esses dois opostos.

A chama velada

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A próxima carta que analisaremos é nomeada de “a chama velada” e é a 14° do tarot egípcio. Nela observamos um homem com símbolos reais – a barba, o tocado e o cetro de faraó – segurando uma vela e a protegendo com sua capa, como se estivesse tentando evitar que essa apagasse.

O fogo, mais uma vez, é um símbolo presente nas cartas egípcias. Aqui, ele simboliza o aspecto espiritual do homem, seu lado divino. Por isso que este, o guarda, evita que seja apagado, pois é ali que reside seu verdadeiro ser. O reconhecimento desse aspecto transcendental o garante os objetos dignos de um governante, o que simboliza o poder. Podemos compreender que a ideia por trás desse símbolo é que o ser humano que possui a sua chama acesa, ou seja, o seu ser desperto, é poderoso pois conquistou o que, provavelmente, é o mais difícil no mundo: ser você mesmo. 

Ao conhecer a si mesmo, ele é capaz de começar a caminhar para os mistérios da natureza, que também reside no homem. Por isso que ele protege a chama, a única luz capaz de iluminar o seu caminho. Por essa questão, a carta também é conhecida como “o discípulo”, que, no Antigo Egito, foi a condição daqueles que buscaram acessar o grande conhecimento do Universo.

Trazendo para o nosso cotidiano, pensemos nessa chama como os nossos valores internos, os princípios que regem a nossa existência. São eles que garantem a nossa forma de atuação no mundo e nos dão autenticidade. Ser nós mesmos, ou seja, não trair os valores que acreditamos, nos coloca num patamar de poder sobre as situações e, mesmo frente aos mais complexos desafios, saberemos qual a postura correta.

Portanto, “a chama velada” nos lembra do que verdadeiramente somos e como devemos nos colocar no mundo, nossa maneira de agir frente aos mais complexos dilemas. Numa chave mais profunda, ela nos mostra que devemos proteger nosso Ser, para que essa chama divina nunca se apague.

Os dois caminhos

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A última carta é a número 6 do tarot egípcio, que se chama “os dois caminhos” ou “a escolha”. Ela tem elementos que se relacionam diretamente com as duas cartas que vimos acima, mas tem suas peculiaridades. 

Na carta podemos ver uma figura masculina com duas mulheres, uma de cada lado. Ambas o tocam no ombro, como se tentassem conduzi-lo ou chamar sua atenção. Na parte de cima da carta, podemos ver o sol e de dentro dele uma figura com corpo humano e cabeça de gato aponta um arco e flecha em direção a uma das mulheres.

Todos nós precisamos fazer escolhas. Como saber escolher o certo? Se queremos ser guiados pela nossa melhor parte, ou seja, por aquilo que acreditamos e que sentimos ser nossa essência, é preciso que façamos nossas opções a partir desse parâmetro. Nesse sentido, a partir dos símbolos da carta, a melhor parte do Ser Humano, que revela nossa essência divina na ótica do Antigo Egito, irá nos auxiliar na escolha desse caminho.

Por isso a figura do gato, que também tem uma chama no topo de sua cabeça, mira sua flecha para uma das mulheres. A mulher que está sob a mira da divindade está com os seios de fora, como se tentasse seduzir o homem. A outra mulher, entretanto, apresenta uma lua acima de sua cabeça – um símbolo dos mistérios, do que é desconhecido pela humanidade – além de possuir um toucado real. Por essas razões, podemos identificar essas duas mulheres, ou esses dois caminhos, como a escolha básica do Ser Humano: sermos guiados pelos nossos instintos ou pela nossa parte divina?

Por mais que pensemos que essa é uma decisão fácil, por vezes não nos é tão óbvio qual caminho percorrer. Quem de nós, por exemplo, nunca se deixou levar por um desejo? Ou mesmo julgou mal uma situação ou pessoa só por estar com medo? Ou ainda perdeu a cabeça e agiu violentamente como reflexo de proteção?

Todas essas situações, que alguns podem passar quase diariamente, são momentos em que escolhemos o caminho do instinto. Por ser mais rápido e natural, ou seja, não precisamos pensar para decidir o que fazer, deixamos que o instinto nos conduza. Visto isso, é tarefa do nosso aspecto divino, que busca sempre nos elevar até o melhor, que ele “atire” nos nossos instintos, para que assim possamos conduzir nossa vida sob a ótica de uma vida espiritual. 

Se, por exemplo, ao invés de respostas instintivas e, muitas vezes, que causam danos a outras pessoas, pudéssemos agir de modo virtuoso, será que não faríamos do mundo um lugar melhor? Provavelmente sim. Logo, cabe a nós escolhermos o caminho que seguiremos a partir de agora. 

Esse foi mais um “desvendando os tarots egípcios”, fique conosco e até a análise das próximas cartas!

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