Bem-vindos ao último texto de nossa série “Celebrações de Ano Novo em Diferentes Culturas!” Ao longo dos textos, falamos de diferentes povos que celebram a data da “virada do ano” de maneira distinta ao qual estamos acostumados e, para fechar esse belo ciclo de textos, resolvemos falar um pouco mais sobre a nossa própria maneira de celebrar o Ano Novo.
Muitas vezes, as tradições que obtemos se tornam atos mecânicos e não entendemos a profundidade do que fazemos. Passamos a celebrar dessa maneira, pois “sempre foi assim”, ou “é o que todos fazem”, mas não compreendemos suas raízes e qual o simbolismo por trás dessa festividade. Assim, para trazer um pouco mais de consciência ao que fazemos no dia 31 de dezembro, falaremos um pouco sobre o nosso modo ocidental, baseado no calendário gregoriano, de festejar mais um ciclo de translação da Terra.
Antes de entrarmos no texto, pedimos aos leitores que ainda não conhecem a nossa série que leiam o nosso texto de introdução, pois nele desenvolvemos nossa finalidade principal com essa temática e reflexões importantes que vão guiar todos os nossos textos.
Visto isso, vamos agora mergulhar nas águas do Ocidente e conhecer um pouco mais do nosso Ano Novo!
Roma Antiga: a raiz da tradição ocidental
Não há como escapar: todo o Ocidente bebeu da cultura greco-romana. Sabemos que a construção da cultura é, em grande parte, mesclada e tem diferentes fontes, mas é impossível descartar o imensurável legado que os romanos deixaram. Seja através dos idiomas latinos, falados em grande parte da América, África e Europa, seja pela religião cristã, a maior forma religiosa do Ocidente, ou mesmo pelas bases do direito moderno, a Roma Antiga é o grande pilar de sustentação da sociedade que conhecemos.
![Série “Celebrações de Ano Novo em Diferentes Culturas”: Gregoriano 1 Representação de Saturno, o deus do tempo, na mitologia romana.](https://feedobem.com/wp-content/uploads/2025/01/Feedobem-Deus-Saturno.webp)
Desse modo, grande parte das celebrações que vivemos durante o ano está, direta ou indiretamente, ligada a essa civilização. Sendo assim, remontar-se à cultura romana para entender as tradições que vivemos é fundamental, uma vez que todo o nosso calendário gregoriano é uma adaptação do antigo calendário romano, em que as festividades marcavam os ciclos da natureza e celebravam antigas divindades.
No caso do Ano Novo, marcado exatamente em 31 de dezembro, podemos nos remontar a uma antiga tradição romana chamada “Saturnália”. Saturno, o deus do tempo para os antigos romanos, e semelhante a Cronos na Grécia, era celebrado devido à colheita do fim de dezembro, o que marcava o início de um novo plantio. Vale lembrar que, para os romanos, o Ano Novo não começava em dezembro, mas sim em abril (o mês que “abre” o ano), mas, à medida que a cultura cristã instalou-se em Roma e espalhou-se por toda Europa, novos calendários surgiram, fazendo com que o ano iniciasse em Janeiro e o Ano Novo estivesse ligado a dezembro. Assim, além de marcar o final do ano com o solstício de inverno, data em que nasceu Jesus, o novo calendário juntava a celebração da colheita e início de um novo ciclo agrícola com o início de um novo ano.
![Série “Celebrações de Ano Novo em Diferentes Culturas”: Gregoriano 2 Ilustração do calendário gregoriano com destaque no mês de janeiro.](https://feedobem.com/wp-content/uploads/2025/01/Feedobem-Calendario-Janeiro.webp)
Entretanto, nos dias atuais, não comemoramos a colheita nessa data, nem mesmo temos uma data para isso na sociedade atual; logo, podemos afirmar que as tradições de hoje só compartilham da herança romana a data e seu simbolismo de renovação. De onde surge, então, a celebração com fogos de artifício e outros ritos modernos?
A diversidade cultural do Ano Novo no Ocidente
Devemos ressaltar que o termo “Ocidente” é um grande guarda-chuva para uma mistura de culturas diversas, misturadas e, ao mesmo tempo, que guardam muitos elementos comuns em suas tradições. Sendo assim, é natural que exista uma gama de diversidade nas celebrações, mas falaremos de alguns símbolos e ritos que estão mais presentes em todo Ocidente.
Usaremos como base a cultura brasileira, que é, sem dúvida, um grande expoente quando se fala de diversidade cultural. Como um país que absorveu diferentes tradições – desde povos nativos e africanos até povos de diferentes partes da Europa, durante o processo de imigração no século XIX –, o Brasil, hoje, possui diferentes tradições de Ano Novo e consegue, ao mesmo tempo, miscigenar todas em uma grande celebração à diversidade.
Comecemos, por exemplo, com a famosa tradição de pular sete ondas no primeiro dia do ano. Essa tradição, amplamente difundida no Brasil, é de origem africana, principalmente das religiões do Candomblé e da Umbanda. Ainda assim, no Ano Novo esse pequeno rito para celebrar bons augúrios para o novo ciclo é feito por pessoas que praticam e não praticam o credo das religiões de matriz africana. O mesmo ocorre com o consumo de doze uvas após a meia-noite. Essa tradição hispânica também criou raízes no Brasil e é realizada nas mais diferentes famílias, sendo essas de origem espanhola ou não.
![Série “Celebrações de Ano Novo em Diferentes Culturas”: Gregoriano 3 Pessoas celebrando o Ano Novo na praia, vestidas de branco.](https://feedobem.com/wp-content/uploads/2025/01/Feedobem-Pessoas-pulando-ondas-no-ano-novo.webp)
Esses são dois exemplos de como diferentes culturas harmonizam seus ritos no Brasil e são assimilados por grande parte da população. Isso ocorre não somente pelos atos de pular ondas ou comer frutas, mas sim pelo significado que tais ritos carregam consigo. Logo, o simbolismo por trás das celebrações é o real valor que colocamos em cada um desses atos, que transformam o gesto que praticamos em uma maneira de transmitir uma ideia ou desejo.
Os principais símbolos do ano novo no Ocidente
Frente a isso, o símbolo mais universal que o Ocidente possui quando se trata do Ano Novo está na vestimenta. Diferentes cores simbolizam ideias distintas, entretanto, a cor predominante é a branca, símbolo de paz e fraternidade. Com a renovação do ciclo anual, o coração de cada pessoa preenche-se de amor e esperança frente aos conflitos cotidianos e à separatividade que impera em nosso mundo. Assim, o uso do branco vai muito além de uma tradição e representa, entre outras coisas, o desejo sincero pela paz em toda a humanidade.
![Série “Celebrações de Ano Novo em Diferentes Culturas”: Gregoriano 4 Grupo de pessoas vestidas de branco na praia celebrando o Ano Novo com fogos de artifício ao fundo.](https://feedobem.com/wp-content/uploads/2025/01/Feedobem-Pessoas-de-Branco-celebrando-o-ano-novo.webp)
Outro grande momento – talvez um dos mais esperados do Ano Novo – é a queima de fogos de artifício. Essa tradição não está necessariamente ligada a uma forma religiosa, mas se adquiriu o costume de usar os fogos para celebrar a alegria e recepcionar o novo ano. Nas celebrações ocidentais, milhões de pessoas se reúnem para ver a queima de fogos, que, em alguns locais, pode durar quase 30 minutos.
Todos esses símbolos estão, no fim, interligados e são diferentes modos de marcar o tempo. Deixa-se o velho para o passado; recepciona-se o novo com bons augúrios, festa e alegria. Assim, marca-se a renovação do ano e de todas as pessoas.