Por trás de toda grande batalha há sempre a participação de heróis, e o filme “Rogue One: Uma História Star Wars” nos ensina isso. Lançado em 2016, dirigido por Gareth Edwards e produzido por Kathleen Kennedy, o filme não só agradou aos fãs, mas surpreendeu a todos com a sua montagem, roteiro e atuação.
O roteiro de sucesso dessa produção surge como uma resposta aos letreiros de abertura do clássico Guerra nas Estrelas. O telespectador mais atento, deve lembrar das frases iniciais que nos dizem que os planos da Estrela da Morte tinham sido roubados pela Rogue One, possibilitando assim, que a Aliança Rebelde tivesse uma nova esperança. Mas, quem eram os Rogue One citados? As edições seguintes ao filme Guerra nas Estrelas não responderam a essa pergunta, e foi o desejo de encontrar respostas para essa questão, desvendando a saga do Rogue One, que levou os roteiristas Tony Gilroy e Chris Weitz a darem origem à obra em questão.
Vale ressaltar que foi brilhante a forma com que os roteiristas conseguiram criar essa história paralela dentro do universo “Star Wars”. Com direito a tradicional diversidade de seres falantes, a dualidade entre o bem e mal, além dos efeitos especiais, o filme Rogue One presenteia a todos com uma aventura idealista. Representada por um grupo de heróis que se juntam para uma missão quase suicida, e tendo como líder a jovem Jyn Erson, filha do cientista que ajudou a desenvolver a arma mais perigosa da galáxia.
Tudo começa quando após alguns anos da formação do Império Galáctico, o diretor do Império, Orson Krennic (Ben Mendelsohn) pousa, juntamente com o seu esquadrão da morte, no planeta Lah’um para recrutar à força o cientista Galen Erson (Mads Mikkelsen), para que ele terminasse a construção de uma estação espacial capaz de destruir planetas. Galen Erson, é pai de Jyn Erson (Fellicity Jones) que, quando era criança, teve a sua mãe morta e o seu pai, Galen, prisioneiro pelo Império.
Orfã, Jyn, foi educada por Saw Gerrara (Forrest Whitaker), um líder de grupo formado por rebeldes. Mas, após os seus 16 anos, Jyn precisa aprender a se virar sozinha e, quando adulta, se torna prisioneira do Império devido a alguns crimes cometidos. Porém, Jyn é resgatada pela Aliança Rebelde, que tem o intuito de ter o acesso a mensagem que fora enviada por seu pai ao Saw. Jyn seria uma ótima chave de acesso tanto à Gerrara, como ao seu pai Galen. Jyn aceita a oferta em troca da liberdade e passa a trabalhar ao lado do capitão Cassian Andor e do robô K-2SO, figura espontânea, de bom humor e que sempre fala o que vem à cabeça.
Além do robô K-2SO, aparecem outros grandes personagens como o Chirrut Imwe, representante da crença religiosa acerca da Força, ou mesmo, a própria faceta do rebelde extremista Saw Gerrera, até então pouco vista. Não se pode esquecer das poucas e impactantes aparições de Darth Vade. Para alguns críticos, os efeitos especiais e toda a arte, respeitando a ambientação da trilogia, possibilitou aos fãs a oportunidade de continuar vibrando com as inesquecíveis batalhas espaciais, buscando, acima de tudo, a conexão com “Uma Nova Esperança”.
Mas, para além de tudo o que foi descrito, podemos olhar para “Rogue One: Uma História Star Wars” como um filme que muito pode nos ensinar. Entre tantos elementos que podem ser destacados, três nos chamam bastante atenção. O primeiro, é a transformação gradual que acontece com a personalidade de Jyn. Pois, inicialmente ela não está ligada a nenhuma causa a não ser a própria. Apesar de ter nascido num ambiente de conflito, onde por um lado estava o Império e por outro os rebeldes, Jyn se importava apenas com ela mesma. Lembremos que ela não titubeou ao entregar o seu pai biológico em troca da sua Liberdade, em uma atitude muito egoísta. O contato com a mensagem do pai a faz decidir, não apenas a observar os dois lados da batalha, mas a se posicionar e, consequentemente, agir até o limite de suas forças para honrar a Coragem dele, que em vida, mesmo contribuindo para a construção da arma capaz de destruir os planetas, ousou lutar contra o Império passando a informação necessária aos rebeldes. Na vida não é diferente, quando nos posicionamos diante dos fatos não só nos transformamos, mas transformamos tudo e todos que estão à nossa volta. Portanto, não há saída para quem fica em cima do muro, não nos desenvolvemos quando apenas observamos, é preciso participar e se integrar à Vida.
Um segundo ponto que podemos ressaltar no filme diz respeito a complexidade que carregamos dentro de nós. Os nossos heróis passam ao longo da saga por vários momentos que vão desde frieza, falta de empatia, até os atos mais nobres de Generosidade. Representando que a personalidade Humana é mais complexa do que se imagina. Nesse contexto, vale relembrar dois momentos do capitão Cassian, educado desde os 6 anos para ser impiedoso quando se trata da segurança da Aliança Rebelde, em uma das cenas iniciais, ele mata a sangue frio um informante, mas, noutro momento, desobedece as ordens da Aliança e não consegue atirar em Galen Erson. Desobedece ainda, a decisão do conselho da Aliança e segue Jyn na missão. Essas passagens nos fazem refletir que somos Seres Humanos em constante desenvolvimento, isso nos leva a uma capacidade de aprender e reaprender o tempo todo. Assim, os contextos e os fatos que nos acontecem podem ser até semelhantes ou próximos, mas a nossa reação humana diante deles não, tendo em vista a plasticidade de consciência que as experiências vão nos conferindo.
O terceiro e último ponto que gostaríamos de abordar se trata da importância de lembrarmos que por trás de uma grande história ou batalha, há sempre a participação de muitos heróis. O filme nos presenteou com um exemplo prático dessa máxima. Pois, foi a junção e a força dos vários heróis que possibilitou a Esperança para toda a galáxia. Cada herói contribuiu com o que lhe era mais particular e somando as características dos demais, perceberam o quanto poderiam ser fortes quando se uniram em torno de uma causa. O mesmo acontece com a vida, vários heróis anônimos nos ajudaram, e nos ajudam, no dia a dia a manter viva a Esperança em dias melhores.
Eles nos inspiram e nos convocam com os seus exemplos, a levarmos para fora o nosso Herói Interior. Muitos deles, até disfarçados de pais, mães, professores, amigos, ou apenas desconhecidos passantes, acabam por nos ensinar profundamente sobre o perigo que é ficarmos parados assistindo o carro da história passar. Por isso, façamos como a Jyn, diante das adversidades que humanamente sofremos, decidamos pela participação na história e vamos construir uma nova narrativa que traga Esperança e Fraternidade para todos.