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Relógios biológicos: um despertar de consciência

Já sentiu que muitas vezes seu corpo não corresponde à sua idade? Às vezes um jovem de 20 anos tem um coração cujo ritmo e funcionamento perfazem um padrão de uma pessoa de 60. O inverso também é possível, há idosos com corações que tem um funcionamento de um jovem. Este mesmo fenômeno acontece com outros órgãos do corpo, como fígado, pulmão, intestino, etc. Isso nos sinaliza que nossos órgãos internos são regulados por outro processo de tempo, os relógios biológicos deles são diferentes.

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As antigas tradições costumavam falar em relógios biológicos, mas esse conhecimento desapareceu ao longo da história. Hoje com o avanço tecnológico, com as inovações na medicina de transplantes, o tema voltou a ser estudado. No entanto, a forma como a ciência estuda o funcionamento dos órgãos hoje limita-se à matéria, ou seja, estuda-se o funcionamento das células, os tecidos, a musculatura de cada órgão e reúnem-se milhões de dados estatísticos, com muitos cálculos de média, desvio padrão, etc., a fim de se ter uma dimensão quantitativa dessas idades orgânicas. E é nesse caminho de quantificar e classificar que a nossa contemporaneidade se ocupa em mapear os relógios biológicos.

Esse jeito de estudá-los é muito diferente das tradições antigas, que costumavam associar esses fenômenos rítmicos de cada órgão a seres sobrenaturais. Nesse sentido, entendiam que cada órgão era regido por um “Gênio”, um ser espiritual por trás deles. E foi com base nesse olhar, estranho para a nossa cultura, que essas tradições fizeram grandes avanços no conhecimento da medicina. Foi assim com a medicina chinesa, que ao longo de milhares de anos cultivou um olhar espiritual para a saúde, chegando a descobertas revolucionárias que somente hoje começam timidamente a serem aceitas pela visão científica ocidental.

Para os chineses, em todos nós percorre um fluxo de energia, a que eles chamam de Qi, o qual percorre todo o nosso corpo por trajetos específicos, e todo esse percurso acontece em um ciclo de 24 horas. É daí que nasce o “relógio biológico chinês”, pois em determinado momento desse lapso de 24 horas, o Qi estará em algum órgão específico, como ilustra o gráfico abaixo:

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Essa chave chinesa nos permite detectar previamente uma série de doenças, quando bem manuseada. Por exemplo, quando acordamos várias vezes ao longo da madrugada pode ser que o Qi, essa energia vital que nós temos, não esteja conseguindo completar o ciclo, então ele para naquele ponto e nós acordamos. É um sinal para procurar um médico, fazer exames e tentar descobrir a causa do bloqueio. Pessoas com distúrbios cardiovasculares, por exemplo, deveriam evitar fazer exercícios físicos no horário das 11h às 13h, pois é o horário do coração, ou seja, o momento do dia em que o órgão estará com a maior dose de energia, nesse caso, podendo gerar uma sobrecarga.

Os relógios biológicos nos dizem que carregamos em nós um esquema Inteligente de Vida, uma verdadeira cidade biológica com estações e fuso horários próprios em cada parte. E que toda essa constituição física e biológica está harmonizada com a mesma Inteligência que vemos no Cosmos, já que todos os astros conhecidos têm seus ritmos também. A exemplo da Terra que gira em torno do seu próprio eixo, gerando os dias e as noites, e ao mesmo tempo, descreve uma órbita elíptica ao redor do Sol, ao longo de doze meses, gerando os anos com suas estações em cada hemisfério.

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Perceber o Mistério impregnado em nossos corpos é um salto de consciência. Convivemos diuturnamente com uma engenharia extremamente complexa entranhada em nossos corpos e em geral não nos damos conta. As tradições que despertaram consciência para esses aspectos, como a tradição egípcia, a tibetana, entre outras, costumavam sempre associar uma Vida saudável ao Equilíbrio, os estóicos diziam “Nada em excesso”; já na tradição platônica, a ideia de Justiça se traduz em cada coisa no seu lugar, sem excesso e sem carência. Não é por acaso que essas tradições falavam dessa busca de Equilíbrio, dessa Harmonia com o ritmo da Natureza. É daí que vem a boa saúde, bem como a resistência do sistema imunológico.

Que possamos, diante dessa descoberta, dos relógios biológicos do nosso corpo, mudar nosso jeito de viver, sem ansiedade, sem pressa e sem preocupações desmedidas. Vivamos com ritmo, vamos produzir sem pressa e sem vagarosidade. Sigamos em sintonia com a Natureza.

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