Todos os seres humanos possuem sonhos. Sim, todos nós projetamos no futuro uma realização para as nossas existências. Não falamos aqui dos sonhos no sentido objetivo dessa palavra, ou seja, das imagens que vivemos em nossa mente enquanto dormimos. Essa experiência psicológica até mesmo os animais possuem, mas em seu sentido abstrato, somente os seres humanos são capazes de sonhar.
Por que isso ocorre? A resposta é simples: somente os seres humanos são capazes de projetar o futuro, logo, graças a essa capacidade da nossa mente, podemos imaginar cenários e possibilidades para a nossa própria existência. Nesse sentido, é natural que todos nós tenhamos sonhos dos mais diversos, desde o futuro profissional até mesmo a realização de objetivos, como constituir uma família, fazer uma viagem inesquecível etc.
Entretanto, há um abismo entre ter sonhos e realizá-los. Para muitos, o sonho se torna uma fantasia, um cenário que nunca sairá da mente e se plasmará no mundo concreto. Por que? O que nos impede de realizar os nossos sonhos? É o que vamos descobrir!
Basta apenas sonhar?
Como podemos perceber, para realizar nossos sonhos, não basta apenas deixá-los em nossa imaginação. É natural que, em algum grau, o sonho seja, por excelência, um exercício de imaginação ao projetar seus maiores desejos num plano futuro. Muitas vezes, nos pegamos pensando ou mesmo dizendo frases como “Quando eu for rico, realizarei todos os meus sonhos”. Mas será que tudo pode ser resolvido com aquisição monetária?
Nossa resposta é: depende do tipo de sonho que você está tendo. Evidentemente, se vivemos em um mundo envolto no materialismo e em que nossa maior aspiração é possuir bens materiais, nossos sonhos também seguirão essa mesma trilha. Assim, toda nossa intenção futura volta-se para acumular tais bens e poder se realizar através do mundo material. Sabe-se, por exemplo, que nunca na história houve geração mais rica do que a nossa, uma vez que a capacidade de produção aumenta rapidamente e, consequentemente, há mais dinheiro circulando entre os países.
Ainda assim, também é fato que somos a geração com maiores problemas psicológicos, que sofre cada vez mais com a saúde mental debilitada. Será, portanto, que a resposta da nossa realização está na aquisição de mais bens materiais? Será que todos os nossos sonhos precisam ser reduzidos a possuir tais bens?
Sabemos que não. Por isso, devemos nos perguntar não somente se basta sonhar, mas também quais tipos de sonhos são válidos para a nossa realização humana. É evidente que ter uma condição financeira estável, uma boa casa e o conforto material proporcionado pelo dinheiro é um sonho válido e que precisa ser almejado pela nossa própria condição de vida, mas não podemos deixar que todos os nossos sonhos se reduzirem a isso. Assim, surge um novo tipo de sonho, um que poucos de nós podem ter sonhado ao longo da vida: o de viver por ideias.
Sonhando com ideias e formando idealistas
Martin Luther King Jr, um dos maiores ativistas americanos contra o racismo, em seu famoso discurso “I have a dream” nos fala de sonhos que vão além do mundo material. Assim são os idealistas, aqueles que se movem por ideias e sonham com elas sendo expressas no mundo. Sim, ideias podem ser vividas e colocadas em práticas, e esse tipo de sonho, que nada tem a ver com o acúmulo de bens, é raro nos dias atuais.
Apesar de não vermos nitidamente esse tipo de sonho no cotidiano, ele está presente em nossa mente. Quem de nós não gostaria de viver em um mundo mais justo, bondoso e belo? Quem não gostaria de viver em harmonia? Sabemos que esse é um desejo que todo ser humano, em algum grau, sonha. Porém, apesar de sonharmos com isso, outros desejos aparecem em nossa frente e acabamos achando que viver tais sonhos é uma utopia que nunca se realizará. Mas será que tais sonhos não cabem no mundo material?
Os sonhos nos fazem movimentar o mundo. Quando queremos realizá-los, somos obrigados a agir em nossa vida até alcançá-lo. É assim que a pessoa, por exemplo, que deseja fazer uma viagem doa grande parte de sua energia para o trabalho e acumula dinheiro suficiente para fazer a viagem. É assim que conquistamos os bens materiais que por tanto tempo desejamos. Será, então, que para viver esses outros sonhos, que são ainda mais profundos e difíceis do que o simples acumular de dinheiro, não devemos atuar no mundo?
É evidente que não. Precisamos estar atuando a todo momento no nosso mundo manifestado. O idealista não nasce por sonhar com essas ideias, mas sim quando vive as ideias. Essa é, talvez, a grande diferença entre aquelas pessoas que realizam seus sonhos e as que não conseguem plasmá-lo na vida: uma atua de maneira a fazer existir seu sonho na vida, a outra perde-se nos seus pensamentos.
Como realizar os sonhos?
Quem nunca se pegou pensando nas razões para ainda não ter tido sonhos realizados? Nós sabemos como é isso, e acreditamos que este tipo de pensamento já passou pela cabeça de todos. É natural nos sentirmos frustrados quando sentimos que, em determinado ponto da vida, já deveríamos estar em outro patamar e que, por diversas situações, ainda não o alcançamos. Essas sensações podem levar algumas pessoas ao desespero, quando na verdade a resposta para essa questão está, e sempre esteve, dentro de cada um de nós.
Uma das principais causas que travam os nossos sonhos é o medo. Sim, temos medo de conquistar nossos sonhos, por mais que os desejemos bastante. Isso ocorre porque o sonho é sempre novo, será sempre uma novidade. E por mais que nossa mente projete como o futuro será brilhante, não sabemos como ele realmente ocorrerá. O esforço que teremos que fazer até alcançar nossa meta nos desanima, nos cansa, e por isso colocamos nossos sonhos em uma gaveta esquecida e deixamos o tempo passar.
Pense em uma jornada para subir uma montanha. Sabemos que a visão que teremos ao alcançar o pico daquele monte será uma experiência profunda e bela, que jamais poderemos ter se não subirmos. Mas a jornada nos cansa. Só de pensar em fazer horas de trilha, o esforço físico, os possíveis problemas que podem ocorrer no caminho, tudo isso já nos tira energia para realizar esse sonho. No fim, deixamos isso de lado e continuamos sentados no sofá assistindo televisão.
O medo, portanto, é um dos principais empecilhos em nossa jornada. Junto a ele, podemos observar que a inércia, a preguiça e outros tantos defeitos podem ser agregados a não realização dos nossos sonhos Logo, precisamos combatê-lo e não deixar que nossa mente nos convença que não vale a pena, que nossos sonhos não são válidos ou que devemos nos acostumar com o que já possuímos. Essa não é uma postura aceitável para quem quer realizar os seus sonhos, seja eles quais forem.
Como diria o poeta Fernando Pessoa, “tudo vale a pena quando a alma não é pequena.” Devemos entender que nossos sonhos, sim, valem todo o nosso esforço. Não devemos nos lamuriar pelas limitações que possuímos, mas sim enfrentar essas barreiras com coragem e determinação, pois não há um caminho simples para fazer o sonho existir no mundo real. Essa trajetória é construída, sempre, com esforço e dedicação.
Quem nos fala sobre o assunto, de uma forma muito rica, é a professora da Nova Acrópole, Lúcia Helena Galvão. Assista a essa aula e prepare-se para reavaliar seus conceitos e alimentar os seus verdadeiros sonhos!