Costumamos entender a prudência como o cuidado que devemos ter para não cometermos erros, cautela. Este entendimento não está completamente errado, porém, cremos que essa virtude vai além do que esse compromisso com nossas ações.
Todos nós devemos ao longo das nossas vidas, pelo menos tentarmos, ter a consciência plena de onde estamos, de quem somos e de para onde pretendemos ir. Nessa caminhada, desenvolvermos virtudes é uma necessidade para podermos avançar em direção a esses ideais.
Vamos imaginar uma estrada desconhecida sem nenhum tipo de sinalização, as virtudes que conseguimos conquistar ao longo desse caminho, em alguns casos pelo mérito do esforço, mas na maioria das vezes a custa de muito sofrimento, são aqueles tais sinais de trânsito que nos mantém na estrada. Mas de nada adiantaria nos enchermos de tantos sinais, de uma suposta sabedoria, se no final das contas não soubéssemos como usá-la, isso na verdade nem seria sabedoria. Seria como se a sinalização daquela estrada estivesse escrita em uma linguagem desconhecida para nós.
As virtudes devem ser compreendidas da mesma forma, temos que tentar entendê-las, e delas absorver e colocar em prática o que cada uma de fato pode ou deve nos oferecer para nos manter firmes na nossa jornada, nos tornando a cada dia pessoas verdadeiramente melhores.
Nessa estrada tão “traiçoeira” da vida, a prudência pode ser comparada a um guarda de trânsito. É ela que nos faz entender e aplicar da maneira certa, na medida certa, cada uma das outras virtudes já conquistadas por nós. É ela que nos faz cumprir as leis, as regras. É ela que não permite que sejamos negligentes ou por outro lado, até mesmo exagerados nas nossas condutas.
É essa virtude que rege todas as outras e não nos deixa esquecer em que direção estamos caminhando, pois é ela que nos faz sermos sensatos, que nos dá a devida ponderação e paciência para agirmos na hora certa e da maneira certa, evitando assim inconveniências ou até mesmo perigos para nós e para todos.
Pode-se dizer que a prudência é o fortalecimento da calma, da observação, da capacidade de analisar a melhor maneira de agir diante de cada uma das situações que se apresentam diante de nós.
Com toda a certeza, desenvolvendo a virtude da prudência seremos inevitavelmente capazes de desenvolver muitas outras virtudes, e principalmente, não teremos que nos preocupar “além da conta” com o resultado de nossas atitudes, pois teremos sempre a certeza de que estaremos agindo com muita cautela, cuidado, sabedoria, etc. Estaremos sempre atentos e com os “pés no chão”, observando os sinais ao longo da estrada, obedecendo as “leis de trânsito” e principalmente sem perder o “rumo” certo dos nossos destinos.
E todo esse entendimento, como em tudo em nossas vidas, só pode ser alcançado através da nossa vontade. Nesse caso, dá vontade de sermos verdadeiramente virtuosos, leves, puros e sábios. Dirigidos por aquela que talvez seja de fato entre todas, a virtude que possa dar a medida e o direcionamento certo para todas as outras. Ela que é aquela cautela racional, que nos indica como devemos agir, nos portarmos, e a que vale realmente a pena nos entregarmos para nos unir com o que nos torna únicos. A que nos mostra a responsabilidade, o comprometimento com o que pode de fato nos elevar. É ela, o primeiro passo para a sabedoria, para o não arrependimento, para a certeza de que estamos agindo com retidão. É o que nos faz refletir e não termos dúvidas que o nosso melhor está sendo feito em toda e qualquer situação.
Até podemos ser protegidos pela sorte ou pelo acaso, mas só a prudência pode nos dar a segurança de que estaremos tomando a decisão correta, e a consciência tranqüila de que não iremos nos arrepender.
Que possamos nos engrandecer com cada com cada uma das virtudes a que tivermos a honra de assimilar e incorporar a nossa realidade no decorrer de nossas caminhadas, mas que acima de tudo possamos ser regidos e amparados pela sabedoria da rainha entre todas as virtudes: a prudência.
O link a seguir, contém uma verdadeira obra de arte composta pela professora Lucia Helena Galvão. Com Keco Brandão ao piano e a tocante interpretação da grande cantora Zizi Possi.