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Os Três Mosqueteiros

Você já ouviu o famoso lema “um por todos, e todos por um”? Essa frase icônica ganhou vida no romance de Alexandre Dumas, escrito em 1844, chamado “Os três mosqueteiros”. Uma das pérolas da literatura francesa, essa obra marcou não apenas o século XIX na França, mas também ganhou o mundo com suas lições sobre amizade, lealdade, honra e dever.

Retrato de Alexandre Dumas, autor de "Os Três Mosqueteiros"
Alexandre Dumas, o criador do clássico “Os Três Mosqueteiros”

Hoje não recomendamos apenas o livro, mas também o longa-metragem que conta a saga desses nobres cavalheiros em busca de manter a ordem no reino da França.

Vamos conhecer um pouco do enredo desenhado por Dumas. Tudo começa com o jovem D’Artagnan. Advindo do interior da França e treinado pelo pai, o sonho do rapaz é ser um nobre mosqueteiro, assim como os famosos Athos, Aramis e Porthos, os famosos “três mosqueteiros”.

D’Artagnan segue para Paris para realizar o sonho, mas logo enfrenta problemas devido ao seu pavio curto. Após esbarrar com Athos, Aramis e Porthos, D’Artagnan ele agenda duelos com eles para o mesmo dia. O quarteto, que começa a narrativa como adversários, acaba lutando contra os guardas do cardeal Richelieu, um clérigo que governa toda a região de maneira corrupta.

Ilustração de D'Artagnan em duelo com Athos, Aramis e Porthos.
D’Artagnan em seu primeiro encontro com os três mosqueteiros.

A luta contra os guardas aproxima o jovem dos lendários mosqueteiros, que, naquele momento, estão desanimados e sem função definida, uma vez que foram traídos pela Milady de Winter em uma missão em Veneza. Eles voltam à ativa ao lado de D’Artagnan quando Richelieu e Milady tramam contra a rainha Anne, tentando forjar um romance entre ela e o Duque de Buckingham. O objetivo é que a situação faça com que o povo perceba a fragilidade do rei Louis e queira um monarca de mais força, sendo a chance sonhada para que Richelieu assuma o poder.

Athos, Aramis e Porthos lutando lado a lado.
Athos, Aramis e Porthos, os lendários mosqueteiros, unidos em batalha.

Os três mosqueteiros: uma lição sobre idealismo

Só pela sinopse do livro, podemos perceber que “Os três mosqueteiros” é um romance cheio de aventuras, porém, não pensemos nessa história como mais uma narrativa de ação desmedida. Além de toda aventura que se desenvolve com D’Artagnan e os mosqueteiros, há dezenas de lições que podem nos ser úteis em nossa vida cotidiana. A primeira delas, e talvez a mais óbvia, esteja na coragem demonstrada por D’Artagnan, que é um personagem central da narrativa. O seu idealismo pela vida do mosqueteiro, um guerreiro valoroso e que defende os interesses do reino, faz com que o jovem se desprenda de uma vida comum no campo e passe a treinar exaustivamente para se tornar um grande guerreiro. 

O sonho de D’Artagnan o leva a sua aventura, mas não somente isso. É ele quem resgata esse espírito dos três mosqueteiros, uma vez que todos eles estavam “entregues” a uma vida comum, longe do ideal sonhado e vivido pelo jovem em questão. Esse personagem nos mostra claramente o que é ser um idealista, algo que nos dias atuais pouco se vê. Não se trata apenas de pensar em ideias, mas principalmente viver aquilo em que se acredita, mesmo correndo perigos ou sacrificando-se pelos demais. 

Sobre essa ideia, uma antiga frase diz que todo idealista deveria buscar um ideal para viver e não para morrer. A maneira mais nobre de manter acesa uma ideia no mundo é viver sob a sua égide. Dessa maneira, D’Artagnan, quase como um Quixote, avança em seu ideal e inspira os velhos mosqueteiros que há muito haviam esquecido do seu papel.  

Será que não precisamos de um pouco desse idealismo em nossos dias? Não precisamos pegar em espadas, muito menos enfrentar duques e cardeais, apesar de que em nossa rotina há elementos que nos fazem perder nossa compostura. Viver uma ideia é, em síntese, colocá-la em prática, e podemos fazer isso na mesa do nosso escritório, dentro dos nossos carros, na mesa de jantar com nossos filhos, amigos e cônjuges. Não precisamos ir tão longe para perceber que o fogo que alimenta o espírito de D’Artagnan pode também acender em nós uma chama que nos faz brilhar tanto quanto o jovem aspirante a mosqueteiro.

“Um por todos, e todos por um”: aprendendo sobre lealdade, amizade e dever

Essa é, sem dúvida, a frase mais famosa de todo o romance de Dumas. Entretanto, ela esconde mais do que imaginamos. Os mosqueteiros não lutam apenas por si, mas também defendem uma causa nobre: o reino da França. Assim, sua principal missão não é estarem confortáveis ou serem amigos uns dos outros, mas sim defender os interesses do rei quando este está ameaçado.

O “Todos” da frase nos faz pensar, numa primeira análise, que refere-se aos próprios mosqueteiros, porém, em um sentido amplo, ela refere-se a toda a França. O compromisso de cada um dos mosqueteiros é a proteção do Todo, deste aspecto coletivo. E, do mesmo modo, o “Todo” é o reino, que também deve proteger cada um dos seus cidadãos.

Observando por essa perspectiva, Dumas apresenta ao leitor uma proposta impactante: a função de cada pessoa em defender o seu reino e o reino; em contrapartida, também deve proteger cada um dos seus cidadãos. Sabemos que, dentro de uma vida social, existem deveres e direitos a serem cumpridos por todos os cidadãos. Porém, encaramos geralmente os deveres como uma “obrigação”, logo, algo que é realizado a contragosto, mas que não deveria ser visto dessa maneira. A bem da verdade, cumprir o nosso dever, seja qual for o papel que estamos exercendo, é apenas a realização de uma finalidade objetiva. Nesse sentido, o dever não deveria ser encarado como algo laborioso, mas a expressão objetiva do papel que viemos cumprir. 

Essa perspectiva, muito próxima da leitura de Rousseau em “O contrato social”, é válida como uma chave sociopolítica, mas também podemos considerar outros elementos que nos ensinam sobre a validade dessa ideia.

Para além de um acordo de proteção mútua, a frase guarda em si um poderoso sentido de lealdade para ambas as partes. Quando somos leais a uma ideia, a uma pessoa ou mesmo a um grupo, só conseguimos exercer tal lealdade quando acreditamos nas ideias ou desejamos profundamente proteger esse laço. Assim, a lealdade é como um fio inquebrantável que une duas ou mais pessoas. No caso dos mosqueteiros, todos arriscam suas vidas em prol de um ideal e, por viverem juntos essa saga, acabam se tornando verdadeiros companheiros de armas. A amizade, nesse sentido, cresce à medida que os laços da lealdade vão sendo forjados. 

Para vivermos essa ideia em nosso cotidiano, precisamos cultivar todos esses valores. Ao que somos leais? Ao que dedicamos toda a nossa energia? Para alguns é o trabalho; para outros, a família ou até mesmo os amigos. Todos esses campos são válidos e necessitam de nossa força diária para continuarem a crescer. Junto a isso, porém, é fundamental que haja uma ideia que nos guie, que nos dê um sentido de vida. Caso contrário, é possível que, ao longo do tempo, percamos a direção de nossa existência e acabemos nos perdendo em um formalismo rígido ou na indiferença.

Quando começamos a deixar de lado nossos parentes e amigos mais próximos para viver em função do trabalho e do acúmulo de recursos, por exemplo, podemos nos ver perdendo o sentido de nossas prioridades. Muitos podem argumentar que a busca excessiva por melhorar materialmente de vida é para dar conforto à família, mas qual o preço que acabamos pagando para tanto? Nessas horas, devemos lembrar do lema dos mosqueteiros: “um por todos, e todos por um”. 

A frase "Um por todos, e todos por um" com os mosqueteiros ao fundo.
“Um por todos, e todos por um”: a lição de lealdade e amizade dos mosqueteiros.

Por fim, que façamos dessa frase nosso guia. Ao tomar essa atitude, perceberemos se estamos entregando nossa energia para o bem do Todo ou a interesses particulares. Essa foi, sem dúvida, a grande pérola de sabedoria deixada por Dumas, que ainda hoje faz brilhar os olhos dos verdadeiros idealistas, e esperamos que essa luz atemporal encha os seus olhos.

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