O Solstício de Inverno: uma marca no calendário ou um símbolo para a vida?

A vida funciona em ciclos, os dias passam, assim como as semanas, anos e décadas. Às vezes sentimos que o tempo avança de forma linear, e que ele não volta atrás, portanto, segue uma reta em direção ao futuro. 

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Porém, se expandirmos nossa concepção do que é o tempo e como ele se comporta, perceberemos que no Universo o movimento das estrelas e planetas seguem um ritmo harmônico. Isso significa que em todo o Cosmos há um padrão de movimento, que é cíclico, repete-se a cada determinado momento. Peguemos como exemplo o nosso próprio sistema solar: nele há planetas em que leva-se muito tempo para fazer um movimento de translação ao redor do Sol. No caso do nosso planeta levamos 365 dias e 6 horas. Já em Júpiter, o maior planeta do nosso sistema solar, esse período de translação dura 12 anos terrestres.

Por mais que marquemos o tempo de maneira linear (a partir da contagem dos anos), o fato é que nossa percepção do tempo é artificial. O Universo, de maneira prática, funciona a partir de movimentos cíclicos. Isso implica dizer que, querendo ou não, certos momentos da nossa vida podem ser repetidos, não da mesma maneira, mas com grandes similaridades. Um bom exemplo disso é o nosso próprio dia. Todos os dias, em maior ou menor grau, são diferentes uns dos outros, mas temos a certeza de que a cada manhã o Sol irá nascer e se pôr no fim da tarde, logo, é um momento que sempre se repete.

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Isto acontece com os Solstícios e Equinócios também, momentos em que o nosso planeta está mais próximo ou mais distante do Sol. Graças a esses espaços de tempo é que podemos notar as estações do ano, tão importantes para nossa sobrevivência enquanto Seres Humanos. Para além da sobrevivência física, essas fases, vividas todos os anos, proporcionaram às antigas civilizações simbolismos e relações interessantes quanto à nossa condição humana. Hoje, em especial, falaremos de um desses períodos e seu simbolismo: o Solstício de Inverno.

Lembramos a todos que já temos um texto falando sobre o Solstício de Inverno, no qual você pode conferir em nosso portal. Portanto, aqui discutiremos algumas questões similares, mas com outras reflexões acerca do inverno e o simbolismo do seu solstício.

O que vem à mente quando pensamos no inverno? Geralmente imaginamos neve, frio e pouco movimento acontecendo. Em algumas partes do mundo, por exemplo, o inverno pode ser um momento em que as pessoas ficam mais em suas casas, evitando sair e se expor ao frio intenso e suas consequências. Alguns animais, como os ursos, costumam aproveitar o inverno para hibernar, o que faz com que eles poupem energia e não busquem caçar outros animais. Parece-nos, nesse primeiro momento, que a Natureza indica o inverno como um momento de recolhimento, em que devemos ficar menos ativos em nossa vida exterior e se concentrar em nossos aspectos internos.

De modo geral, o inverno é a estação em que o planeta está mais distante do Sol, portanto, recebe menos luz solar e menos calor. Por isso que o inverno é marcado pelo frio e, em muitos casos, pela neve. O inverno, entretanto, não é igual para todas as regiões do globo. No hemisfério norte, por exemplo, ele costuma iniciar na segunda metade de dezembro; já no hemisfério sul, no qual vivemos, o solstício de inverno é celebrado no mês de junho, entre os dias 20 a 22 deste mês.

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Essa diferença existe por causa da inclinação do eixo da Terra, que faz com que o Sol seja recebido de forma desigual nos hemisférios. Apesar de não ocorrer na mesma data, em ambos os locais o inverno guarda diversos significados. Para as antigas civilizações, esse era um momento em que a Vida Espiritual ocorria apenas em seu aspecto mais interno, como se guardasse toda sua energia para uma ocasião mais propícia. Se compararmos com o processo de germinação de uma semente, por exemplo, entenderemos que o inverno é como o momento em que a semente está enterrada no solo, criando raízes, para somente depois crescer e buscar expandir-se acima da terra.

Uma antiga fábula, escrita pelo grego Esopo, nos mostra bem a função do inverno para nossa vida. A história conta acerca da formiga e da cigarra e a diferença dos dois insetos quanto ao inverno: enquanto a formiga trabalhava constantemente para armazenar comida, a cigarra não buscou fazer nada. O resultado todos nós conhecemos: ao chegar o inverno, as formigas puderam manter-se vivas e alimentadas, enquanto a cigarra sucumbiu ao frio e à fome. 

Para além de uma fábula, podemos entender que o inverno é esse momento da Natureza em que devemos nos concentrar em internalizar aquilo que aprendemos. É o momento de guardar em um cofre de ouro nossos aprendizados, resistir às adversidades para que possamos florescer aquilo que temos de melhor. Tal qual a cigarra, se não guardarmos nossas sementes, poderemos rapidamente sucumbir pela falta desse alimento para a Alma.

Talvez essa pareça uma ideia confusa, mas ao levarmos para a nossa vida cotidiana podemos compreendê-la melhor. Pensemos, por exemplo, em momentos que passamos por provas em nosso caminho. Nos sentimos, em geral, angustiados e pressionados, às vezes encurralados. O que nos faz seguir adiante e superar esses problemas? A nossa capacidade de apresentar soluções. Para isso, é preciso ter dentro de si os ensinamentos que nos ajudem a superar esse problema. O inverno é, portanto, o momento da nossa vida em que vamos guardar nossos aprendizados, uma vez que provavelmente o usaremos no futuro.

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Para além de uma estação do ano, o Solstício de Inverno simboliza também a necessidade de guardar todo conhecimento que adquirimos. Somente com eles poderemos criar uma nova realidade, baseada no que foi aprendido. Seguindo o exemplo acima, quando achamos uma solução para um problema somos capazes de expandir nossos horizontes e abarcar mais funções. Seja no trabalho ou na vida pessoal, à medida que vamos dando respostas corretas à vida, podemos seguir caminhando. 

Portanto, o Solstício de Inverno não se trata apenas da noite mais longa do ano, mas principalmente de saber que até mesmo esse longo período na escuridão é passageiro. Poderemos, sempre, contar que o dia vai amanhecer. Do mesmo modo, as dificuldades irão passar, nossos momentos de conflito serão superados e poderemos, se tivermos guardado nossas sementes, fazer florescer uma nova atitude quando chegar a primavera.

É importante, por fim, que lembremos dessa ideia. E que no próximo 21 de junho, data do Solstício de Inverno, nos seja possível pensar em guardar o que há de melhor em nós e sintetizar todas as dores que estamos vivendo, para vivermos um renascer mais consciente e comprometido com a Vida. Sejamos como as formigas da fábula de Esopo, guardemos nossos mantimentos para superarmos a noite mais longa do ano, pois só assim poderemos fazer nascer  em nós um Ser Humano novo e melhor.

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