O que podemos aprender com o xadrez?

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Você sabia que a arte de jogar xadrez tem sua origem na Índia Antiga? E que o modo de jogar mais famoso atualmente, conhecido como Xadrez Ocidental ou Xadrez Internacional, é apenas uma das múltiplas versões do xadrez e teve sua concepção tal como o conhecemos durante o renascimento?

Pois é, além deste ainda existem os tipos árabe, coreano, tailandês, chinês, turco, indonésio e outros. Mas o que eles teriam em comum? E o que essa tradicional arte de jogar pode nos ensinar em termos de benefícios para o desenvolvimento psicológico?

O mito da Índia Antiga que trata da origem do xadrez começa a nos revelar uma curiosa capacidade e, ao mesmo tempo, um mistério por trás desta ciência e arte. Segundo a mitologia, um nobre da província de Taligana foi presenteado por um sacerdote (brâmane) chamado Sessa com um jogo de xadrez. A partir desse momento o nobre é ensinado a jogar e por causa do jogo acaba sendo curado de sua profunda tristeza e depressão provocada após a morte de seu filho em batalha.

E o que será que os estudos atuais da psicologia e da pedagogia poderiam demonstrar sobre as vantagens de jogarmos xadrez? E quais as vantagens desses desenvolvimentos para o nosso cotidiano?

O primeiro benefício está relacionado com a ansiedade, desenvolvendo uma capacidade de perseverança, persistência e paciência em aguardar o jogo até o final, além de seguir insistindo em estratégias para virar o jogo ou seguir jogando mesmo quando o cenário não está muito positivo. Essa é uma relação interessante, pois numa sociedade como a nossa, na qual tendemos a desistir ou trocar facilmente de objetivo, fruto de hábitos de consumo e aceleração dos tempos modernos, perdemos a percepção do tempo que a vida possui naturalmente. A nossa ansiedade para resolução de problemas fica evidente quando nos relacionamos com pessoas que vivem em contato direto com a natureza e que enxergam o tempo que a vida natural tem para se desenvolver. Estas pessoas possuem, geralmente, percepções dos seus ritmos e são capazes de caminhar de acordo com eles. Por outro lado, tendemos a querer que as coisas aconteçam no nosso tempo e não no tempo que a vida nos apresenta. Com a prática do xadrez podemos conter um pouco o impulso de querer que a vida flua no nosso tempo e podemos aprender que para chegar ao final é preciso, antes, fazer os movimentos necessários e esperar outros, que não estão sob o nosso controle, acontecerem. Cabe a nós respeitar o tempo das coisas que estão para além do nosso domínio.

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Outro exercício que o xadrez proporciona é o desenvolvimento do controle físico, ótimo para as crianças em seus primeiros anos de escola ou até adultos mais agitados que precisam desenvolver o autocontrole. Você alguma vez já se deparou com alguém que quebrou algum objeto? Ou uma pessoa que apertou a buzina de um carro descontroladamente? Ou ainda aquele amigo que não conseguia parar de tremer as pernas ou roer as unhas? Tudo isso demonstra uma dificuldade que temos de autocontrole físico e emocional. O xadrez ajuda nesse desenvolvimento, uma vez que o jogo exige concentração, atenção e domínio do corpo para que ele se mantenha sentado na cadeira e concentrado no jogo durante minutos ou em alguns casos até horas.

Também pode-se desenvolver uma capacidade de tomar decisões ou de procurar soluções para cenários-limite ou difíceis. Mesmo quando se estiver cansado e perdendo ou se estiver jogando há muitos minutos, é preciso respirar e analisar seu próximo movimento, avaliando qual a melhor decisão que pode ser tomada dentro daquele cenário. A dinâmica do jogo faz com que um cenário favorável possa, em poucos instantes, começar a se apresentar negativo para você. Em diversos momentos do cotidiano poderemos achar que estamos num jogo de xadrez, quando precisarmos tomar decisões diante de um momento da morte de um ente querido, por exemplo, ou saber o que fazer após recebermos uma notícia forte. Nunca sabemos qual a jogada da vida, e nem sempre estamos nas melhores condições para tomarmos decisões. Ainda assim, precisamos fazer nossa jogada no momento em que for necessário e, desse modo, seguir o ritmo imposto pela vida dentro dos cenários apresentados.

Avaliar a hierarquia e a prioridade também faz parte do xadrez. Nas partidas que envolvem limite de tempo é preciso saber discernir e priorizar as peças ou movimentos. Assim também é na Vida Humana. Dizem os especialistas em produtividade que uma das formas de dominarmos o tempo que temos é estabelecermos prioridades. Se queremos fazer tudo, não teremos tempo o suficiente para isso ou se pensamos demais antes de atuar, também perdemos tempo. É necessário estabelecer uma prioridade, dentro do melhor que vemos, e seguir movimentando as peças da vida, quer dizer, do jogo.

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O respeito pelo próximo também é um bom exercício com as partidas de xadrez. Uma das imagens que poderíamos resgatar é a da Virtude da Nobreza ou como os grandes guerreiros iniciavam uma batalha: jamais atacar por trás, limpo, honesto e sempre com muita hombridade. Assim o jogo demanda: usar as melhores estratégias, respeitar o tempo do outro e o desenvolvimento da difícil arte de saber perder em algumas situações. Quantas vezes não vimos jogos de esportes onde um jogador provocava o outro com palavrões ou ofensas para desestabilizá-lo emocionalmente e assim conseguir ganhar? Um bom jogador exige que o adversário esteja em suas melhores condições para jogo, pois um bom jogador quer aprender com o jogo e crescer com ele, mesmo que perca a partida. Uma vitória, para um verdadeiro jogador, se conquista por mérito, jamais por trapaça. Dizem que as melhores situações são as que perdemos ou erramos, pois são nelas que podemos aprender e evoluir. Talvez essa ótica nos ensine a aceitar mais os erros com naturalidade. Se sempre ganhamos, temos pouco a aprender e se ganhamos de forma desonrosa, talvez teria sido melhor ter perdido, pois o que seria de um Homem sem nobreza? Não seria Homem.

E você? Por que não começar a se aventurar no mundo do xadrez e descobrir, por você mesmo, o que foi dito dos possíveis aprendizados que este jogo milenar pode te proporcionar? Aproveite para gerar momentos assim pessoalmente ou online com amigos ou parentes, quem sabe não conseguimos desconectar de hábitos online viciantes para começar a construir bons hobbies? Que os jogos comecem!

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