“O Legado de Júpiter”: os princípios do bom guerreiro não se perdem com o tempo

“O Legado de Júpiter” é uma série da Netflix, lançada no início do primeiro semestre de 2021. Em sua primeira temporada, a narrativa trata sobre o conflito de gerações entre os heróis, trazendo consigo uma importante reflexão sobre o respeito ou o abandono de regras importantes do código de honra, uma vez que a nova geração de guerreiros tem o desafio de continuar a missão e o legado dos seus antecessores, salvando o mundo de malignos vilões. Entretanto, para isso, os novos heróis precisam antes aprender a lidar com as suas crises existenciais, além de superar as suas adversidades familiares.

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Baseada nas histórias de quadrinhos de Mark Millar e Frank Quitely, a série de 8 capítulos foi dirigida por Steven S. Deknight sendo, sem dúvida, uma das novas apostas da Netflix. A quantidade de acessos e buscas na plataforma streaming tem levado a série a ocupar a lista das 10 séries mais assistidas, revelando com isso o sucesso do projeto.

Em linhas gerais, “O Legado de Júpiter” narra a trama do grupo de heróis chamado de “União” que tem a difícil missão de passar o bastão para a geração mais nova, uma vez que os novos guerreiros não têm interesse algum em manter e seguir os Princípios e os Valores tidos como importantes para a primeira geração. A “União” é composta por seis heróis e tem como principal líder o Sheldon Sampson (Josh Duhamel) o mais forte do universo e que usa o codinome “Utópico”. Sheldon é casado com Grace Sampson (Leslie Bibb), conhecida como a heroína Lady Liberdade com quem tem dois filhos, Chloe (Elena Kamporios) e Brandon (Andrew Horton).

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Além de Sheldon e Grace, tem também o seu melhor amigo Skyfox (Matt Lanter), que representa o herói George Hutchence, além de seu irmão, Walter Sampson (Ben Daniels) que representa o herói Brainwave e tem o poder da telepatia. Fitz Small (Mike Wade) ou The Flare é o herói que possui a capacidade de voo e a emissão de rajada de energias. Por fim, o Doutor Richard Conrad (David Hirsh), o último herói a se integrar a liga, acabou por assumir o nome de Raio Azul.

O que se sabe dessa primeira geração de heróis é que em uma jornada no ano de 1930, após a drástica queda da bolsa de valores americana, de forma misteriosa todos se transformaram em heróis e se tornaram os protetores do mundo por quase um século, até envelhecerem e precisarem passar o bastão para Chloe e Brandon, filhos de Sheldon e Grace.

O problema é que Chloe prefere ser uma modelo às custas da fama e da imagem do pai, enquanto Brandon se esforça para honrar o legado do pai e dos outros guerreiros lendários. Entretanto, em certa altura de suas vidas, ambos terão que decidir entre manter o código de honra e as suas regras ou renunciar a ele em nome dos “novos tempos”. Assim, terão que encontrar um ponto justo para harmonizar os seus conflitos familiares, suas crises internas e as suas responsabilidades de proteger o mundo dos vilões mais impiedosos do momento.

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A nós, telespectadores, cabe refletirmos sobre o que podemos aprender com esse drama repleto de cenas de muita ação, fantasia e vários efeitos visuais. Vale lembrar que os oito capítulos se desenvolvem a partir de um pano de fundo onde se questionava um código de honra no qual norteava a primeira geração de heróis e pelo qual a nova geração duvidava de sua real validade para o momento atual. Assim, cabe uma reflexão, no mínimo, sobre três pontos: Qual a importância dos Princípios para as nossas vidas? Existem Princípios que são atemporais? E, por fim, por que a honra para algumas civilizações sempre foi tão importante?

No que concerne a importância dos Princípios para a nossa vida, é interessante lembrar que todos nós somos regidos por Princípios, estejamos conscientes disso ou não. São com base neles que tomamos as nossas decisões diárias e estruturamos a nossa forma de pensar, de sentir e de agir. A importância dos Valores que adotamos como nossos guias nos ajudam a trazer um sentido para as nossas vidas e permitem nos situarmos no mundo ao longo de nossa existência. Daí surge a pertinência da adoção de Valores Éticos, que nada mais são do que uma série de normas que nos ajudam a conviver melhor conosco e com o mundo que nos cerca, possibilitando com isso uma Harmonia interna e externa. Por isso, a importância de termos Princípios Éticos e Morais e estarmos conscientes deles é de vital necessidade para qualquer Indivíduo que vive em sociedade e pretende ter uma vida saudável.

Quanto à questão da possibilidade da existência de Princípios Atemporais, precisamos recorrer à tradição grega e romana. Esses povos acreditavam que seja pela via da Razão ou da Ação, da Fé ou da obediência às Leis da Natureza todos os indivíduos precisavam elevar a sua condição humana ao seu potencial máximo, ou seja, ao que há de mais Divino no seu interior. Para tanto, o caminho ou a ponte de acesso a isso seria a prática das Virtudes como a Justiça, a Bondade, a Generosidade, a Honra etc. Para as civilizações antigas, essas Virtudes fazem parte de um conjunto de normas que permanecem inalteráveis através do tempo. Tendo em vista que tais Valores são Leis Atemporais capazes de viver em todas as épocas, permanecendo sempre novos e vivos no pulsar de nossos corações.

Por isso, há evidências nas diversas teorias que apontam para a importância de se buscar por Valores e Princípios Atemporais, uma vez que a aquisição deles é vital para a nossa condição e existência Humana. Quanto mais Virtudes Atemporais, mais Humanidade. Sendo essa uma das chaves para se desenvolver o nosso progresso moral.

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A terceira e última questão que podemos inferir da série “O Legado de Júpiter” se refere ao porquê de a Honra sempre ter sido tão importante para algumas civilizações antigas. Muitos historiadores, estudiosos e escritores de guerras na antiguidade acreditam, como o autor americano, Steven Pressfield afirma, que o valor da Honra para esses povos se deve em parte à cultura dos guerreiros e seus líderes, pois, é próprio do Ethos do Guerreiro Virtudes como a Coragem, a Lealdade e a Abnegação, Valores esses que já se trabalham desde muito cedo nessas culturas. Sociedades como a espartana, por exemplo, preparavam as crianças desde os 7 anos de idade para trabalharem os Princípios que fortaleceram o Espírito dessa sociedade, incitando a Honra e a Dignidade.

É importante que fique claro que a busca por esses Princípios deve ser independente da época, da cultura ou da geração tendo em vista, como já foi mencionado aqui, que essas Virtudes fazem parte de nossa condição Humana. Assim, o conflito de Valores entre as gerações dos heróis tem muito mais a ver com a condição moral enfrentada pela nova geração de guerreiros do que qualquer outra coisa. Embora os inimigos já não sejam os mesmos, embora as guerras a serem travadas sejam outras, a aquisição e permanência de Valores Atemporais em nosso interior, não só desenvolve o Espírito do guerreiro em cada um de nós, mas nos ajuda a reconhecer os nossos inimigos internos, os vícios, as fraquezas, a inveja, a ganância, a indolência, a nossa capacidade de ferir e trapacear os nossos companheiros. E só através das Virtudes podemos combater e derrotar esses inimigos que, por vezes, tomam de assalto o nosso coração.

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