Todos nós precisamos seguir os nossos sonhos. Essa é uma frase um tanto quanto clichê e provavelmente você, meu caro leitor, já a repetiu para algum amigo ou familiar, correto? Apesar de ser uma ideia óbvia, nem sempre é simples plasmar aquilo que desejamos no mundo.
Entre o sonho e a realidade há um grande abismo cheio de temores, incertezas, julgamentos e correntes que tendem a nos prender. Escutar a voz dos nossos sonhos e fazê-los existir no mundo, portanto, vai muito além da repetição de frases motivacionais. É necessário, antes de tudo, sermos corajosos ao ponto de nos arriscarmos, ter determinação para não desistir nas intempéries e, acima de tudo, ter uma grande esperança de que chegará o dia em que veremos os nossos sonhos diante dos nossos olhos.
Tudo isso encontramos em Moana, uma das grandes princesas da Disney. Apesar de ser um filme infantil, sua mensagem é poderosa e faz aquecer o coração de adultos e crianças. Vamos conhecer agora um pouco de sua história e quais lições a aventura dessa garota da Polinésia tem a nos ensinar.
Moana é muito mais que um filme infantil
Um dos desenhos dos estúdios Disney, “Moana: um mar de aventuras” retrata a história da princesa Moana que parte numa aventura sozinha, em alto mar, na busca de uma solução para os problemas que sua ilha enfrenta. Além de várias reflexões, através dos nomes e mitos citados no desenho, ao assistir essa obra, passamos a conhecer um pouco da cultura da Polinésia, sua mitologia, tradições e divindades.
O longa-metragem, por mais lúdico que pareça, traz muitos ensinamentos para a nossa vida e pode servir como uma referência para educar nossas crianças. Um dos maiores ensinamentos que podemos ver, que é a tônica do filme, é de que não devemos fugir de nossas responsabilidades. Moana é a filha do chefe da tribo, mas não quer se enxergar no papel que lhe cabe, como futura governante da ilha. Desde criança, ela sentia uma ligação com o mar; e durante toda a sua vida, sonhava em viajar pelo oceano e conhecer o que existia para além daqueles limites, porém, isto era proibido a qualquer habitante da ilha.
Assim, a jovem vive o dilema entre seguir seu chamado da natureza ou cumprir seus deveres com sua tribo. Muitas vezes, nos deparamos com esse dilema também. Quem nunca ponderou entre seguir uma carreira dos sonhos ou ter um emprego garantido, com salário estável e que garantiria uma vida dentro dos nossos padrões sociais? Quantas vezes foi necessário escolher entre começar um hobbie ou cumprir seus deveres, seja ele em qual esfera for?
É evidente que os dois aspectos são importantes e não deve-se negligenciá-los. A busca pelo equilíbrio aqui se faz fundamental, algo que muitas vezes não conseguimos alcançar com êxito. Quase de forma instintiva, nossa maneira de enxergar o mundo acaba sendo dualista e, em geral, tendendo aos extremos. Logo, tentar harmonizar essas duas necessidades parece algo impossível, o que nos deixa em uma encruzilhada: seguir o que sonhamos ou cumprir com nossas obrigações e tradições?
O dilema de Moana vai um pouco além, visto que o seu desejo era proibido, segundo a tradição da própria tribo. Na história, isso se explica da seguinte forma: há muitos anos no passado, o semideus Mauí havia roubado o coração de Te Fiti, a Deusa-Mãe que cria a vida em toda a Natureza. Isso fez com que Te Kã, um demônio de terra e fogo, surgisse no mundo trazendo morte e destruição. Por essa questão, a ilha começa a sofrer com a escassez e desequilíbrio da natureza. É nesse ponto que Moana precisa tomar uma decisão.
Os habitantes da ilha começam a ser afetados pela falta de cardumes, e isso coloca em risco toda a vida do local. Moana, então, percebe que o oceano a escolheu para viajar, já que, como futura governante, ela tinha uma responsabilidade com o seu povo. E visando isso, ela aceita a missão de se aventurar mar adentro para encontrar uma forma de salvar o seu povo.
Unindo os dois mundos, Moana atende o chamado da natureza e, ao mesmo tempo, tem em si a grande responsabilidade de encontrar uma nova maneira de alimentar o seu povo.
No filme, o grande desafio de Moana é encontrar Mauí e restabelecer a harmonia da natureza, visto que foram as ações de Mauí que iniciaram o desequilíbrio. Moana, entretanto, não faz ideia do que virá pela frente, nem de como enfrentar os problemas.
Enfrentando o desconhecido
Este é outro grande ensinamento do filme, pois não podemos nos desestimular ante o desconhecido. Temos que confiar em nós mesmos – e na vida –, dar o nosso melhor, sempre com muita coragem, como ela faz, e usar todo o trajeto para aprender.
Em nossa jornada pessoal, também enfrentamos o desconhecido a todo momento. O novo, em linhas gerais, sempre será desconhecido e, até certo ponto, assustador. Começar um novo emprego, um novo esporte, uma nova amizade, um novo amor. Sempre vamos nos deparar com desafios com os quais não sabemos lidar, mas isso não pode nos paralisar. Muitas vezes, infelizmente, acabamos vencidos pelos traumas e incertezas que o novo pode nos gerar. Nesses casos, podemos aprender com Moana a jogar-se na vida e encarar nossos desafios de maneira mais sóbria e sem tantos dramas.
Para tanto, deve-se entender que enfrentar o desconhecido sempre será uma tarefa para o ser humano. Não precisamos temer, pois as ferramentas necessárias para enfrentar os desafios virão naturalmente. Perceberemos, aos poucos, que o novo é mais assustador em nossa mente do que na realidade; que o desconhecido só nos faz tremer enquanto é um mistério, pois, quando nos aproximamos dele, deixa-se cair os véus e passamos a nos relacionar de forma positiva com esse temido “monstro” que criamos em nossas mentes.
Voltando ao filme, podemos perceber que o forte vínculo de Moana com sua avó representa o respeito à tradição. E às vezes, por mais difícil que seja a situação, a melhor solução é resgatar a memória de uma civilização, que está na sua tradição… Moana redescobre a origem do seu povo e se inspira nos seus antepassados para seguir à batalha final.
E ao final, após enfrentar vários desafios, aprender com a adversidade e superar a si mesma, Moana conquista experiência suficiente para se tornar Mestre de navegação, e ensinar ao seu povo a navegar e desbravar os oceanos novamente.
Todos nós precisamos de mestres em algum grau, alguém que com sua experiência de vida pode nos ajudar a enfrentar caminhos que estão por vir, e por causa disso, em algum grau, todos podemos ser mestres de alguém.
Que possamos nos inspirar com esta bela história e conquistar a coragem de Moana para as nossas vidas!
“Eu sou Moana de Motonui. Vou embarcar no meu barco, cruzar o oceano e restaurar o coração de Te Fiti.”