Responda rápido: onde você está agora? Talvez você diga que está no quarto, em frente ao computador, ou na cama mexendo no celular. Mas, você está realmente aí? Melhor dizendo, você está completamente no exato local onde se encontra? Ou seu corpo está aí e sua mente está em outro lugar? Como nossa mente não é totalmente material, nós nos acostumamos a desafiar as leis da física e queremos estar sempre em dois lugares, fazendo mais de uma coisa ao mesmo tempo. Vejam se não é verdade? Quando foi a última vez que você comeu, sem olhar o whatsapp? Ou que tomou banho sem ouvir música? Ou que foi dormir sem pensar na agenda do outro dia? Parece besteira, mas reflita um pouco mais conosco.
Imagine que nós acabamos de inventar um pequeno robô. E o programamos para dar voltas em torno de uma árvore. Enquanto sua fonte de energia estiver funcionando ele repetirá esta ação indefinidamente. Mas, se colocarmos em seu lugar um Ser Humano, isso seria inadmissível. Aceitamos que um robô aja dessa maneira, porque sabemos que nele não há Alma (ou consciência, como queira😉). Mas, nós automatizamos diversas partes de nossa experiência nessa aventura que chamamos de Vida e nem notamos que fazemos coisas sem Alma. É claro que algumas coisas que fazemos automaticamente tem alguma utilidade. Imagine se você precisasse pensar em cada movimento muscular que realiza para caminhar… É muito melhor apenas colocar um pé na frente do outro e usar a mente para decidir o caminho e o destino.
O problema se instala quando vivemos em uma sociedade que nos cobra múltiplas atenções. Temos que estar nas redes sociais, dar atenção aos parentes, planejar a agenda da semana e assistir ao BBB para ter sobre o que conversar no outro dia. E como o dia continua com as mesmas vinte e quatro horas de sempre, o que fazemos? Ligamos a televisão, seguramos o celular, abrimos dois, ou três aplicativos e vamos mudando de janela entre uma olhadela na prova do líder e um comentário da esposa sentada no sofá ao lado. E aqui vale refazer a pergunta, onde está sua consciência nesse momento? Pulando de galho em galho.
Dentre todas as atividades que fomos automatizando com o passar do tempo, a alimentação foi uma das que mais sofreu. Durante algum tempo, alimentar-se era um ato sagrado. Todos antes de comer, convocavam o melhor que podiam para sentar-se à mesa. Quem não se lembra da atitude do Cristo, que antes de morrer realizou a última ceia e rogou para que ela fosse repetida em memória dele? O ato de comer era um ato cerimonial. Em todas as culturas existem protocolos específicos que sacralizam esse momento. Hoje vivemos em uma permanente atitude fast food. Queremos a comida pronta, entregue na porta de casa e com os pratos e talheres descartáveis. Tudo em nome de uma praticidade que por um lado tira a Beleza dos acontecimentos cotidianos e por outro, nos robotiza.
Um termo que vem sendo muito usado em nossa contemporaneidade, em contraposição a essa tendência de aceleração é o termo em inglês Mindful Eating que vem sendo traduzido para a nossa língua como, consciência plena durante a alimentação ou “comer com atenção plena”. A proposta do Mindful Eating é trazer você de volta para a mesa. Não necessariamente de forma literal, claro. Onde você estiver, o que se propõe é que você coma conscientemente, com plena atenção, presente. Experimente comer prestando atenção em cada detalhe, o máximo que puder. A fome que você sente é física ou emocional? Você se alimenta com Justiça, dando o que o seu corpo precisa? Ou come para passar o tédio de uma vida emocional desnutrida? E quando a comida chega, você aproveita tudo o que ela tem a oferecer? Sente o aroma? A temperatura? A consistência? Mastiga cada porção pacientemente? Ou joga tudo misturado dentro da boca e engole antes de conseguir distinguir o açafrão do manjericão?
A forma como você se alimenta, pode ser um símbolo, um sintoma. E comer com atenção plena pode ser o início de uma caminhada de volta para o único tempo e lugar em que você pode realmente viver: o aqui e o agora!
Antes de comer, que tal fazer três respirações profundas? Você pode também começar interrogando sua fome. Você está realmente faminto? Depois, olhe para sua comida e comece a apreciar sua Beleza e sentir seu aroma. Agora observe sua mente. O que ela lhe diz sobre a comida? Coma um pouco e volte a observar sua fome. Ela está diminuindo?
Este é apenas um exercício inicial para que você comece imediatamente a comer com mais atenção, mais presença, mais consciência, mais Alma! Afinal, você é uma máquina programável que vai ficar dando voltas no mesmo lugar? Não, né? Então, venha conosco e pratique o mindful eating!