Você já parou para pensar no poder que o seu tempo tem? Em um país onde o número de jovens ‘nem-nem’ só cresce, a juventude precisa enxergar o valor de cada escolha. Trabalhar, estudar, aprender, crescer… ou deixar os dias passarem sem rumo?
O Brasil vive uma realidade preocupante: somos o 4° país do mundo com mais jovens que não estudam nem trabalham. Isso não é apenas um dado, mas é principalmente um fato que tem marcado uma geração inteira em nosso país. Estamos parados, sem direção, sem propósito. E o mais triste é que, às vezes, sem perceber, podemos deixar o tempo passar e perder oportunidades que mudariam toda a nossa vida.

Não por acaso, os mais velhos, já consolidados em suas profissões e observando essa tendência dos jovens, cunharam o termo “nem-nem” para descrever a nova geração. Por um momento, isso soa engraçado, porém, representa uma das situações mais sérias da juventude brasileira. Significa dizer que existem jovens que nem estudam, nem trabalham. Só que isso vai muito além de estar desempregado ou de ter saído da escola. É, muitas vezes, o resultado de um desânimo profundo, de uma sensação de que nada faz sentido, de não saber por onde começar. E, em meio a tanta informação, estamos cada vez mais perdidos em nossas angústias.
Em um mundo cada vez mais acelerado, não há tempo de ficar lamuriando sobre nossas falhas, afinal, enquanto ficamos parados, o mundo continua andando. Cada dia sem aprender algo novo, sem se desafiar, é um passo atrás num mundo que não para de correr. Segundo dados da OCDE, a sigla para Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, cerca de 25% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos estão nessa situação. Isso quer dizer que milhões de mentes criativas, com sonhos, ideias e energia, estão desperdiçando o tempo mais valioso da vida.

Certamente não podemos citar a “falta de potencial” como uma justificativa para este número, afinal, basta observar os jovens e notar que, ao se interessarem por algo, desenvolvem habilidades rapidamente. Portanto, a questão central está na falta de direção, de estímulo, de acreditar que vale a pena tentar construir algo, seja no trabalho ou nos estudos. E sim, isso é resultado da injustiça, porque muitos não têm acesso a boas escolas, oportunidades de trabalho ou apoio familiar. Mas, mesmo assim, existe um poder que ninguém pode tirar: o poder da escolha. Escolher se levantar, tentar de novo, buscar algo melhor. Escolher acreditar que o estudo e o trabalho não são castigos, mas pontes para a liberdade.
Quando o estudo e o trabalho deixam de ser obrigação e viram propósito
Existe um momento na vida em que a gente precisa encarar uma verdade simples: ninguém cresce parado. Se observarmos bem, toda a natureza funciona desta maneira: para aprender a voar, o passarinho precisa sair do ninho; o bebê, cair várias vezes até aprender a andar. Até mesmo as plantas precisam romper a casca da semente e criar raízes para poder, um dia, brotar e continuar crescendo. Visto isso, por que conosco seria diferente?
Estudar e trabalhar são dois caminhos que, quando andam juntos, transformam completamente o futuro de uma pessoa, pois a fazem adquirir saberes e técnicas que podem ajudar a sociedade e a si mesma. Logo, esses dois aspectos da vida humana são revolucionários, não porque são “deveres”, mas porque ensinam o que nenhum livro ou vídeo de internet ensina: responsabilidade, paciência, esforço, autoconhecimento e coragem. O trabalho mostra que o mundo depende da sua ação. Já o estudo mostra que o mundo muda quando você entende como ele funciona. Juntos, eles te preparam para viver de verdade e podem ser grandes ferramentas para nos conhecermos melhor.

Muita gente acha que estudar é “chato” e que o trabalho é sinônimo de sofrimento. Mas a verdade é que isso só acontece quando a gente ainda não entendeu o “porquê” por trás das coisas. Estudar não é só tirar nota boa ou passar de ano. É abrir a cabeça, aprender a pensar por conta própria, enxergar novas possibilidades e desvelar os mistérios do mundo que ainda estão cobrindo a humanidade. É descobrir que o conhecimento te dá poder para não ser enganado, para fazer escolhas, para construir o seu caminho. E trabalhar não é só ganhar dinheiro, como normalmente nos é ensinado, mas aprender a viver com propósito, a ter disciplina, a entender o valor de cada conquista.
Além disso, é natural que através do esforço ganhemos uma série de benefícios, como, por exemplo, confiar em si mesmo. Naturalmente vivemos cercados de inseguranças, geradas pela forma que fomos criados ou mesmo por traumas. Porém, à medida que nos dedicamos a algo, vamos ganhando não somente experiência, mas aprendemos a realizar um ofício ou tarefa, e isso nos dá, consequentemente, autoestima em aprender e realizar outras funções. Passamos a entender que o tempo que investimos em nosso crescimento é o tempo que nos aproxima da liberdade, visto que já não vamos depender de outras pessoas ou circunstâncias para nos realizar.
Ironicamente, apesar de falarmos tanto sobre esforço, vivemos em uma era em que tudo parece fácil. As redes sociais estão cheias de exemplos de pessoas que ficaram famosas, ricas ou reconhecidas do dia para noite, criando assim uma grande ilusão na cabeça de milhões de pessoas. Ao observarmos esses exemplos, pensamos: “Pra que estudar tanto se tem gente ganhando milhões postando vídeos?”

O que ninguém mostra é que esse não é um lugar para todos, pois se tornar um “influencer” não é apenas um mar de rosas ou somente gravar vídeos. Ninguém observa a insegurança, a instabilidade e, muitas vezes, a falta de propósito que esse tipo de vida gera. Afirmamos isso porque o sucesso que vem sem base, sem aprendizado, não se sustenta. Não por acaso, muitos desses sucessos da internet passam rapidamente e, em poucos anos, já estão fora da mídia. O que fazer quando o hype passa?
É por isso que a ilusão do sucesso rápido é uma das armadilhas mais perigosas da nossa geração. Ela faz parecer que esforço é perda de tempo, que o caminho certo é o atalho, por meio do qual faremos o mínimo esforço e obteremos o máximo resultado. Só que a vida real não funciona assim. O mundo premia quem é bom no que faz; e para ser bom em algo, é preciso estudar, praticar, errar, tentar de novo. As pessoas que você admira, mesmo aquelas que parecem ter chegado “de repente”, provavelmente passaram anos construindo o que têm.
É muito fácil cair na armadilha do imediatismo, porém, ao querer tudo agora, podemos nos frustrar rapidamente e desistir antes da hora. Mas nada verdadeiro vem sem paciência. O prazer de conquistar algo depois de se dedicar é completamente diferente. Isso acontece dessa forma porque o esforço é o que dá sabor à vitória e, no fundo, o que realmente faz alguém se sentir vivo é o processo, não o caminho mais curto.
O papel da família e da sociedade nessa caminhada
Nenhum jovem cresce sozinho. A motivação, o apoio e o exemplo fazem toda diferença em nossa jornada. Quando os pais valorizam o estudo e o trabalho, quando conversam, escutam e incentivam, isso cria raízes profundas em nosso ser. É por isso que ter essa formação em casa é fundamental para construir uma mentalidade de que o esforço vale a pena, que a dedicação de anos é recompensada com qualidades que não podem ser roubadas de nós. Infelizmente, muitos jovens desistem porque não veem sentido em continuar, nem recebem o apoio necessário para se manterem no caminho dos estudos e do trabalho. Às vezes, o que falta é só alguém dizer: “Eu acredito em você.”
Além da função familiar, é natural que a sociedade também cumpra o seu papel ao criar oportunidades para os jovens. Iniciativas como o Jovem Aprendiz, o SENAI, o SENAC e tantos cursos online gratuitos são caminhos reais para quem quer começar. O problema é que nem todo mundo sabe que eles existem, e muitos não acreditam que são capazes. É aí que entra o poder da informação. Quando o jovem entende que tem opções, ele se sente mais livre para agir.
Frente a isso, devemos ponderar que não dá para colocar toda a responsabilidade no Estado ou na família. Existe uma parte que só o próprio jovem pode fazer e que está diretamente ligada à sua vontade em acreditar em si mesmo e escolher crescer. Todos nós sabemos que trabalhar e estudar ao mesmo tempo não é fácil. É cansativo – às vezes, frustrante – e exige muito foco, pois facilmente podemos ser seduzidos pelo desejo de desistir. Milhões de jovens, de diferentes gerações, passaram por esse caminho e viram, ao final desse momento da vida, que valeu a pena todo o esforço. Foi graças a esse processo que se formaram pessoas mais fortes, criativas e preparadas para a vida.
Por que o futuro depende de você e não da sorte
Sejamos sinceros: o Brasil só vai mudar quando seus jovens decidirem mudar também, quando cada um entender que estudar e trabalhar não é um castigo, mas um privilégio. Se olharmos para as gerações passadas, em que a maioria não teve a opção de escolher e apenas trabalhar, por exemplo, perceberemos que hoje vivemos um cenário extremamente positivo, com muitas possibilidades. O que nos falta, então? Certamente a vontade de enfrentar o caminho das pedras, de se dedicar a um ofício ou aprimorar seus conhecimentos. Nunca deveríamos esquecer que poder aprender é um presente, algo que devemos valorizar.
A juventude é o tempo das escolhas. E toda escolha tem um preço. Ficar parado custa caro, muito caro. Perdemos nosso bem mais precioso, o tempo, a energia, a autoestima e, consequentemente, as oportunidades que passam diante dos nossos olhos. Entretanto, escolher agir, mesmo quando parece difícil, traz recompensas que ninguém pode nos roubar, como a confiança, o respeito e a sensação de estar construindo algo seu.

Você não precisa ser um gênio, milionário ou influenciador pra vencer. A vida não se trata disso, mas sim de conquistar a si mesmo através de nossas virtudes. Para isso, exercitamos tais valores ajudando a construir um mundo melhor através do conhecimento e do trabalho bem canalizado. No fim, o futuro é feito por quem não desiste. Para vivermos essa realidade, é fundamental escolher sair da inércia e dizer: “Eu quero mais da vida.” O Brasil precisa de jovens que sonham, mas também de jovens que fazem. E cada um que decide estudar, trabalhar e acreditar em si mesmo está ajudando a escrever uma nova história, não só para si, mas para o país inteiro.




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