Podemos melhorar nossa vida de diferentes maneiras. Hoje vivemos em um mundo que busca, quase a todo instante, uma alta performance nas mais diferentes áreas. Devemos produzir cada vez mais, de modo que colocamos em risco a nossa própria saúde, seja física ou mental, em prol de uma hiperprodução que se mostra antinatural.
O resultado dessa busca desenfreada pela otimização da vida não poderia ser diferente: uma explosão de casos de patologias psicológicas como ansiedade, depressão e burnout. Mesmo com tais evidências, nos parece que o mundo não pretende diminuir o seu ritmo, mas sim seguir sua aceleração por metas e demandas cada vez mais altas. Como podemos encontrar um meio de equilibrar essa balança? Será que é possível aprender a ser produtivo e, ao mesmo tempo, manter-se bem frente aos novos desafios que precisamos enfrentar?
Hoje apresentaremos um caminho um tanto quanto distinto do habitual e, de certo modo, até mesmo contraintuitivo. Uma das possíveis soluções para aprendermos a sermos mais produtivos de maneira sustentável pode estar, acreditem se quiser, nos jogos. Mas não falamos de qualquer tipo de jogo, mas sim de ferramentas de produtividade que utilizam da mecânica de jogos para criar novos hábitos, aprender a adaptar-se a novas situações e sentir-se descansado enquanto aumentamos a capacidade de absorver novas tarefas.
Homo Ludicus: a gamificação da produtividade
Para entendermos como essa solução alternativa de produtividade funciona, devemos entender o conceito do homo ludicus. De forma sintética, essa ideia explica que dentro da evolução humana a aprendizagem por meio de jogos foi um fator fundamental em nosso desenvolvimento psicológico. De fato, quando observamos algumas brincadeiras da infância, podemos entender que estamos estimulando não apenas aspectos físicos, como o correr, o saltar ou segurar objetos, mas também a imaginação, a criatividade, a memória e tantos outros aspectos de nossa psique.
Visto isso, ao abraçar o lúdico, é possível que possamos desenvolver nossa psique para determinadas áreas da vida. Partindo dessa lógica, a gamificação tem sido um caminho abraçado por muitas empresas e pessoas, pois, ao começar a enxergar a vida como um grande “jogo”, é possível estimular sistemas de oferta e recompensa, por exemplo, e fazer com que as demandas da vida deixem de ser um labor e passem a ser uma aventura.
Se por um lado essa pode parecer, aos olhos de alguns, uma forma de vida um tanto quanto infantil, é fato que, quando nosso cérebro entende que aquelas demandas do trabalho estarão associadas a uma série de recompensas, nos estimulamos para realizá-las. Deixa-se de ser uma obrigação, um labor, quase um castigo, e passamos a ver o mundo como um desafio, uma quest que precisamos enfrentar para subir de nível.
A gamificação da vida, portanto, é capaz de mudar nosso olhar sobre o mundo e, ao mesmo tempo, produzir um tipo especial de lazer, que todos nós sentimos quando jogamos algum tipo de jogo, seja no mundo físico ou virtual. Usar essa “brecha” da psique para conseguirmos ser capazes de criar novos hábitos, aumentarmos nosso ritmo em alguma tarefa e nos desafiarmos é, de fato, impressionante.
Para exemplificar algumas dessas ferramentas, deixamos abaixo uma lista de aplicativos que funcionam como jogos e nos ajudam a ter uma vida mais produtiva.
Duolingo: aprenda um idioma brincando
O Duolingo é, provavelmente, o caso mais bem-sucedido de gamificação que conhecemos. Como aplicativo, sua função é a de ensinar um idioma para o usuário. Para tanto, você precisará realizar tarefas diárias, e para manter o “aluno” focado em sua missão, o aplicativo trabalha uma série de recompensas como obtenção de bônus, um ganho a mais de experiência e um recorde pessoal de quantos dias você está sem “falhar” em suas obrigações.
Através da gamificação, se tornou mais saboroso aprender um pouco mais um novo idioma. Os métodos convencionais, geralmente focados em uma série de exercícios, repetições e regras, aos poucos vão sendo substituídos por esse meio mais lúdico, que envolve a psique do aluno para que ele possa aprender com mais prazer e sem sentir tanto peso. Assim, nessa “jornada” de aprendizado, o Duolingo faz com que você seja capaz de, ao longo de alguns meses, desenvolver vocabulário, entender algumas regras gramaticais e trabalhar outras habilidades necessárias para uma comunicação mínima naquele idioma.
É evidente, entretanto, que sua eficácia não é a mesma de uma escola de idiomas, que trabalha outros aspectos necessários para o aperfeiçoamento dessas habilidades. Sendo assim, não podemos dizer que o aplicativo irá substituir os professores de idiomas e suas escolas, mas é um grande aliado para que possamos aprender algo novo. Tudo isso a partir da lógica da gamificação.
Forest: aprendendo a ter foco ajudando o meio ambiente
Aprender a ter foco é uma das tarefas mais difíceis da vida atual. Um exemplo claro disso está na dificuldade de nos mantermos afastados de nossos aparelhos celulares, por exemplo. Quem nunca pegou seu smartphone para ver um email e acabou perdido por horas nas redes sociais? Cada vez mais percebemos o quão comum e dependente estamos desses meios e isso nos rouba facilmente a atenção. Acabamos, por consequência, deixando nossas obrigações de lado, e acabamos imersos nesse mar de procrastinação.
O aplicativo “Forest” nos ajuda a combater esse mal do século XXI. Sua mecânica é muito simples, porém extremamente eficaz: o usuário determina um tempo específico em que pretende ficar focado em uma tarefa, seja um trabalho ou estudo. Assim que você coloca o timer para realizar sua tarefa o aplicativo pode – a depender da configuração que você utilize – travar seu celular para que qualquer mudança de tela faça você perder o jogo. E qual o objetivo final?
A cada tempo de foco completado, você planta uma árvore no seu território, que com o tempo deverá se transformar em uma exuberante floresta. Seu objetivo, portanto, é de construir a maior floresta possível realizando com ritmo o tempo estipulado para o foco em vários ciclos. Para não tornar esse hábito cansativo, o próprio aplicativo usa o método pomodoro, que tem como foco o ritmo e contrarritmo de tarefas, com pausas programadas.
Quanto mais tempo o usuário passa focado, mais rápido sua floresta cresce. Ao contrário, à medida que sua vontade de mexer no celular vence, suas árvores vão morrendo. Assim, por meio da lógica de recompensa, o aplicativo estimula a criação de um excelente hábito, que é o de controlar o desejo do celular, e também uma habilidade importante para a vida comum: a de conseguir ter foco em nossas conquistas.
Habitica: gamifique sua vida
A vida humana pode funcionar como um jogo. Imagine uma aventura comum dos games: nosso personagem começa com poucas habilidades, em um nível baixo, mas, à medida que enfrenta provas, vence desafios e completa suas missões, ganha experiência, itens poderosos e novas habilidades que ajudarão na sua jornada.
Se olharmos para a vida do ser humano, também vivemos essa mesma lógica. Ao nascermos, somos frágeis e com habilidade quase inexistente. Até que, aos poucos, depois de muito treino e esforço, aprendemos a falar, a andar, a correr e vamos, passo a passo, ganhando novas ferramentas. Esse processo pode ser vivido até o fim de nossas vidas, afinal, a capacidade humana de se desenvolver é ilimitada.
Foi pensando nessa lógica que surgiu o game “Habitica”. Sua função é apenas uma: transformar toda a vida cotidiana em um grande jogo. Assim, você ganha pontos ao desenvolver novos hábitos, realizar tarefas cotidianas, bater metas e cumprir outras tantas atividades. Desde coisas simples, como tomar a quantidade ideal de água por dia, até lembrar de jogar o lixo fora, todas entram nas metas para desenvolver os nossos poderes dentro do jogo: o de criar hábitos.
De maneira lúdica, Habitica é capaz de transformar nossas vidas ao estimular a criação desses novos hábitos e, ao mesmo tempo, ao desaprender os vícios que adquirimos ao longo da nossa existência. Dentro dessa perspectiva, o lúdico não serve apenas como um modo diferente de enxergar a vida, mas também de causar profundas transformações em nosso cotidiano.
Visto isso, é inegável que os jogos podem – e devem – ser utilizados para o benefício do ser humano. Esse é um caminho menos árduo na construção de bons hábitos e novas formas de vida. A vida certamente continuará a nos pressionar, mas podemos abrandar essa força de maneira lúdica, aprendendo a lidar com nossa mente e corpo de modo divertido. Que possamos ter espaço na vida para percorrer, com alegria e determinação, essa aventura do existir.
Temos um texto em nosso portal falando exclusivamente sobre o Habitica, clique na imagem abaixo: