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Quem foi São Patrício?

Você já ouviu falar na tradicional festa de São Patrício, o Saint Patrick’s Day? Essa tradição Irlandesa, que ocorre no dia 17 de março, ganhou o mundo a partir da imigração do povo Irlandês, principalmente em países de língua inglesa como Estados Unidos e Austrália. Porém, qual a origem dessa data que hoje é tão celebrada por tantas pessoas?

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Para sabermos a história de São Patrício, precisamos voltar até a antiga Bretanha, no século IV da nossa era. Essa região foi dominada pelo Império Romano, durante sua expansão, ao longo do primeiro século, espalhando-se para regiões que hoje são o país de Gales, Inglaterra e Escócia. Entretanto, com a decadência da Civilização Romana, os costumes antigos foram paulatinamente substituídos pela Cristã, que, nesse momento, já era a religião oficial de todo o Império. Neste contexto, o jovem Patrício nasceu na região de Banwen, atual País de Gales. Seus pais eram nobres de descendência Romana e, desde cedo, educaram Patrick com os ensinamentos do cristianismo. Porém, o destino reservou outros caminhos para o futuro padroeiro da Irlanda.

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Conta a história que, por volta dos seus 16 anos, piratas invadiram a região em que ele vivia e o sequestraram durante o conflito. Então, ele foi levado para uma área ainda pouco explorada pelos Romanos, em que predominava uma cultura “pagã”, notadamente celta. O jovem foi vendido como escravo e passou anos nessa condição, trabalhando ora como pastor de ovelhas, ora como agricultor. Pouco sabemos sobre a vida do Santo nesses anos como escravo, mas é possível pensarmos que os “bárbaros”, como eram denominados os povos que não compartilhavam da cultura Romana, não o trataram como imaginamos, considerando como é a vida de um escravo.

Certamente, não eram somente bons momentos, mas a aceitação de Patrício entre a população, provavelmente, era positiva, pois o próprio, após voltar para sua terra e se formar como bispo, sentiu-se incumbido de levar a fé Cristã para seus antigos donos. Mas estamos nos adiantando na história. O fato é que, depois de anos, vivendo sob a custódia dos celtas, Patrício foi resgatado após uma investida militar Romana, sendo recompensado com a liberdade.

Ao retornar para a Bretanha, já adulto, Patrício decidiu dedicar sua vida para a doutrina Cristã e foi levado para o maior centro de estudos teológicos do Império: a França. Lá, passou cerca de doze anos se dedicando a aprender sobre Teologia e o Culto a Cristo. Após esse tempo de preparação, Patrício afirmou que recebeu uma missão Divina de evangelizar seus antigos algozes, pois em seus sonhos, via crianças Irlandesas pedindo para conhecer a verdadeira religião.

Devemos ressaltar, claro, que a história de São Patrício, assim como a de diversos outros grandes personagens históricos, está repleta de elementos míticos, ou seja, não tem uma comprovação histórica, mas que guardam em si, símbolos importantes. Um deles está aqui: na crença em seu propósito de vida. Para os mais céticos, pode-se questionar acerca desses sonhos como uma forma de justificar a ida do bispo até a Irlanda para reencontrar o povo que o escravizou, porém, é notável que Patrício estava movido, não por um desejo de “vingança”, mas sim como um modo de encontrar um ponto de unidade entre as mais diferentes culturas.

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Sobre isso, o mais interessante da metodologia de São Patrício estava em apresentar a doutrina Cristã a partir de elementos Celtas. Um dos mais famosos, por exemplo, é a explicação sobre a Santíssima Trindade (o Pai, o Filho e o Espírito Santo) a partir do trevo, um dos principais símbolos da Irlanda até hoje. Para explicar essa relação aos celtas, Patrício mostrou que Deus era igual ao trevo, pois suas três folhas, mesmo que aparentemente distintas, são conectadas e nascem de um mesmo ponto. Assim, o ponto é Deus, que se apresenta de três modos.

Para além de sua didática, relacionando as duas formas de cultura de maneira harmônica, São Patrício tornou-se um verdadeiramente Santo por tantos outros feitos. Seus milagres também foram fundamentais para mostrar a doutrina Cristã para os Celtas. Um deles seria o de ter feito todas as serpentes sumirem da Irlanda. Apesar de não termos comprovações reais sobre o desaparecimento dos animais, o fato é que São Patrício foi considerado Santo por tal feito e, quando observamos a região da Irlanda, de fato não há existência de serpentes na ilha.

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Desse modo, ao longo do tempo, São Patrício, além de evangelizar de forma harmônica, também era tido como um homem milagroso. Porém, sua habilidade mais marcante era o Amor por aqueles a quem dedicou sua vida. Como podemos perceber, ao olhar outros momentos históricos, percebemos que raramente uma cultura busca se relacionar de maneira pacífica com outra. Sempre que entramos em um embate com o “outro”, tendemos a achar que ele é o errado e nós os corretos, não é assim? Não por acaso, o termo “bárbaro” foi usado tanto por Gregos e Romanos para classificar outros povos. Em geral, quando esse “encontro” ocorre, as diferenças são resolvidas por meio da guerra.

No caso de São Patrício, porém, percebemos que o seu esforço estava em mostrar como, para além das diferenças, existia uma verdadeira Unidade, que estava justamente na essência dessa busca pelo Divino. Dentro dessa perspectiva, não podemos nos apegar somente às formas, mas sim ao real motivo para dedicar-se a tentar conhecer mais sobre esse mistério que chamamos de Deus e que pode, inclusive, ter diversos nomes.

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Frente a isso, a vida de São Patrício foi devotada a esse mistério. Porém, após anos de  dedicação à cristandade, o Santo morreu aos 74 anos, em 17 de março de 461. Não sabemos os detalhes que levaram Patrício à morte, mas provavelmente suas causas foram naturais. Vale lembrar que, para a época em que viveu, chegar a essa idade era um motivo extraordinário, uma vez que a expectativa de vida no século V estava próxima dos 40 a 45 anos. Assim, Patrício certamente era visto como um sábio ancião e sua influência foi perpetuada por gerações, tornando-se um verdadeiro protetor do povo Irlandês.

Seu exemplo de compaixão o tornou uma lenda. A data de sua morte, portanto, virou um feriado nacional. Hoje, o St. Patricks Day tornou-se um verdadeiro festival para os Irlandeses, durando até 10 dias, em alguns países. Aproveitamos essa data para relembrar não apenas os símbolos nacionais Irlandeses, como a cor verde, o trevo de três folhas e tantos outros personagens folclóricos, mas para lembrar desse grande Santo que conseguiu unir culturas tão distintas sem se utilizar da força.

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Infelizmente, hoje, poucos sabem da origem dessa grande festividade e celebram o St. Patrick ‘s Day apenas como mais um feriado, ou um momento em que se valoriza mais os prazeres mundanos do que o exemplo de vida do Santo. Parece-nos, enxergando desse ponto de vista, que perdemos o contato com a essência dessa data tão importante ao povo Irlandês. Sendo assim, lembremos, neste 17 de março, do seu exemplo de busca eterna pela unidade em meio a tantas diferenças que, infelizmente, insistem em nos separar dos demais. Além disso, que o dia de hoje não seja apenas mais um dia de festa entre tantos outros.

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