Floriano Peixoto – O Consolidador da Conquista

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A história do Brasil está repleta de marcos. Um deles é, sem sombra de dúvidas, a Proclamação da República de 1889, que destituiu o governo monárquico no país e retirou do poder o rei Dom Pedro II. Nascia nesse momento uma nova nação, baseada no pensamento positivista do final do século XIX e que colocaria o nosso país em direção ao futuro. 

A história da República Brasileira, porém, não é um conto de fadas. Por mais que se tenha lançado a perspectiva de “país do futuro”, o fato é que o Brasil precisou enfrentar diversas crises para se manter minimamente erguido ao longo dos seus primeiros anos. Com Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente da República, houve instabilidade política, econômica e social, resultando em uma revolta da Marinha, que apontou seus canhões para a capital do Brasil – na época, o Rio de Janeiro. O caos era a lei e em meio a uma iminente guerra civil, Deodoro resolveu recuar e render-se. Saiu do cargo de presidente, deixou um vácuo de poder que deveria ser preenchido. Mas quem assumiria uma posição tão importante e, ao mesmo tempo, tão vulnerável? A quem coube vencer os desafios da nascente República?

Falaremos desse marechal, que, com punhos de ferro, conseguiu governar o Brasil e minimamente consolidar a conquista da República. Estamos falando de Floriano Peixoto.

A diferença entre conquistar e consolidar

Antes de entrarmos em sua biografia, porém, cabe a nós refletir sobre a diferença entre a conquista e a consolidação. Estamos utilizando o contexto histórico do Brasil República, mas essas ideias podem ser aplicadas em qualquer cenário, uma vez que a todo momento estamos conquistando ou buscando consolidar algo em nossas vidas.

Dito isso, a conquista é, como o nome já pressupõe, quando adquirimos algo que não possuímos. Quando compramos uma casa, por exemplo, podemos afirmar: conquistamos o sonho da casa própria. Porém, o que é necessário para manter essa conquista? No caso da casa, envolve pagar as contas, mantê-la limpa e bem cuidada e gerenciar sua organização. A consolidação exige uma constância natural, capaz de equilibrar diversos fatores que envolvem a conquista. Essa, por sua vez, se mostra como um ato, uma realização. Assim, sempre estaremos entre esses dois processos de conquista e consolidação.

Quando pensamos em um hábito, como ir a academia, por exemplo, também aplicamos esses dois conceitos. Matricular-se nas aulas e começar os treinos são, de fato, uma grande conquista. Porém, a regularidade nas aulas, o ritmo de treino e a mudança de hábitos são os requisitos que determinam a consolidação desta.

Visto isso, entre a conquista e a consolidação, há um longo processo que precisa ser encarado. Com a mudança de governo em 15 de novembro de 1889 e a fundação da República não foi nada de diferente. Vamos conhecer um pouco de como se deu a consolidação dessa conquista?

Floriano Peixoto: O marechal de Ferro

A história de Floriano Peixoto começa em 1839, em Alagoas. Nascido de família muito pobre, esse nordestino aprendeu desde cedo o valor de ter determinação, a despeito das circunstâncias pouco favoráveis de sua vida. Um caminho natural nessa época para ascender socialmente era o Exército e em 1851 esse foi o destino de Floriano. Ainda muito jovem conseguiu ingressar na escola militar, sendo forjado para o mundo da guerra, que chegou até ele em 1870, durante o conflito contra o Paraguai. Combatente respeitado, Floriano ganhou a admiração de grande parte do exército com seus feitos militares, o que lhe alçou para uma das lideranças do militarismo e, quando chegada a hora da proclamação da República, ocupou o cargo de vice-presidente.

Mapa do Brasil destacando Alagoas, terra natal de Floriano Peixoto.
Alagoas: o estado de origem de Floriano Peixoto.

O jovem pobre que saiu de Alagoas agora era o segundo homem mais importante do Brasil. É evidente que essa trajetória, que levaria centenas de páginas para detalharmos, só foi possível com grandes virtudes como a disciplina, a honra, a coragem e tantas outras. Floriano Peixoto era um homem rígido, próprio do seu tempo, mas tinha a força necessária para se manter firme mesmo nas piores intempéries. A prova disso é o seu próprio governo.

Em 1891, em meio a Revolta da Armada, Deodoro da Fonseca abre mão do cargo de presidente e renuncia. Assim, por lei, Floriano Peixoto foi colocado na posição de governante e precisava lidar com os problemas que continuavam a assolar o Brasil. Vale destacar que os primeiros anos da República, notadamente os governos de Deodoro e Floriano Peixoto, foram vividos em crise constante, seja no âmbito político com a troca de governo, seja no âmbito econômico. Frente a esse cenário de instabilidade, a consolidação se tornou um desafio ainda maior. 

Navios da Revolta da Armada apontando canhões para o Rio de Janeiro.
Revolta da Armada: Floriano Peixoto enfrentou rebeliões para manter o governo.

Não por acaso, Floriano é conhecido como “o Marechal de Ferro”, pois em meio a um cenário desesperador foi preciso tomar duras decisões. Uma delas foi o de combater os revoltosos no sul do país, que defendiam novas eleições após a saída de Deodoro da Fonseca. Conhecida como Revolta Federalista, esse movimento durou dois anos e foi suprimido por Floriano, sendo capaz de manter o seu governo sob forte pressão.

Em 1893, a Marinha faz uma nova “Revolta da Armada” com o intuito de pressionar Floriano Peixoto a sair do governo. Na visão dos revoltosos, Floriano era um homem intransigente e autoritário, e essas características não podiam fazer parte de uma república. Ainda assim, Floriano mostrou que seu governo não seria destituído facilmente e conseguiu sufocar a revolta, mesmo com navios apontando seus canhões para o Rio de Janeiro, tal qual ocorrido com Deodoro da Fonseca. 

Mesmo sob forte pressão, Floriano conseguiu terminar seu mandato e consolidar a República. Em 1894, deixou o governo e passou a presidência para Prudente de Morais, o primeiro presidente civil do Brasil. Os militares haviam cumprido sua função de transição entre o império e a República e agora podiam retornar aos quartéis. Nesse cenário, por mais que sejam questionáveis as ações de Floriano Peixoto, não há dúvidas de que sua determinação em manter o governo e evitar novas crises institucionais foi fundamental para que a nascente República Brasileira conseguisse crescer.

Para os leitores que ficaram curiosos para conhecer um pouco mais desse período da nossa história, recomendamos que assistam o vídeo abaixo. Nele, percebemos como podemos desenvolver virtudes e alcançar grandes resultados se buscamos um objetivo com afinco, mesmo em meio a uma série de incertezas. No caso de Floriano, seu resultado foi a permanência dos ideais republicanos em meio a uma série de crises que poderiam colocar em xeque tudo que estava sendo construído.

Que possamos defender nossos ideais com o mesmo afinco, sem abrir mão de nós mesmos e dos nossos valores.

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