Sejamos diretos: o fracasso faz parte da vida humana. Sim, todos nós erramos e, por mais que seja duro admitir, fracassamos. Em geral, o fracasso nos causa uma sensação de tristeza, perda de energia e culpa por não atingir o objetivo que buscávamos ou buscamos. Mas o que podemos aprender com isso? E será possível, de fato, nunca fracassar?
Em linhas gerais, vamos precisar refletir e usar um pouco de filosofia para entender sobre o fracasso, afinal, o que por vezes é um fracasso pode ser um aprendizado. Logo, fracasso ou sucesso depende da sua perspectiva!
Se você erra, se frustra com a falha e se prende a essa sensação, certamente você estará vivenciando um fracasso. Mas, ao encarar as dificuldades encontradas como um aprendizado, você está em processo de crescimento, não de fracasso. Sabemos bem que conhecimento, quando transformado em ação, é fundamental para seguirmos em frente e avançarmos como indivíduos cada vez melhores.
Apesar disso, seria simplório afirmar que basta “enxergar o lado bom da situação”, pois nem sempre o fracasso nos permite essa perspectiva. Assim, o que fazer com o fracasso e como transformá-lo, de fato, em uma ferramenta para o nosso crescimento? Vamos entender melhor essa ideia.
O fracasso pode ser útil?
O senso comum nos fala que o fracasso é sempre ruim, não é mesmo? Não precisamos duvidar que a sensação causada por um erro seja, realmente, nefasta para nossa psique. Mas nem todo fracasso precisa, necessariamente, ser ruim. A história da humanidade é uma prova disso, afinal, os erros podem nos levar a uma compreensão mais profunda da vida.
Aprendemos, em grande medida, a partir dessa metodologia de tentativa e erro, uma vez que vamos testando possibilidades até que um dia, após muitos fracassos, chegamos ao sucesso. Já imaginou o que seria da aviação se Santos Dumont não tivesse tentado diversos experimentos com balões e protótipos de avião? E quanto às catedrais medievais, colossos arquitetônicos que demoraram séculos a serem erguidos e, via de regra, desabaram várias vezes até seus construtores conseguirem o sucesso de sustentar seu peso?
Em nossa vida pessoal isso também ocorre. Ninguém consegue andar na primeira tentativa, seja com seus próprios pés ou de bicicleta. Toda técnica humana evolui em processos e paulatinamente, e consequentemente, ocorrem fracassos e sucessos. Visto isso, por que ficamos tão frustrados com o fracasso, uma vez que é natural – e esperado – que cometamos erros ao longo desse processo?
Quando encaramos essa perspectiva devemos perceber que o fracasso é extremamente útil, pois nos revela o que nos falta para galgar mais um passo em nosso desenvolvimento. Evidentemente, esse não é um processo agradável de se viver, principalmente do ponto de vista emocional, mas, ao desenvolver uma maturidade frente às dificuldades e erros, poderemos lidar e nos beneficiar do que nos ocorre.
Vale ressaltar que não devemos buscar o fracasso. Apesar de ser óbvio, não é o fato de falhar que nos torna evoluídos, mas sim a capacidade de aprender a partir dos erros. Portanto, pode-se passar uma vida fracassando e não aprender nada, assim como podemos errar uma única vez e retirar muitos ensinamentos dessa experiência.
Como lidar com o fracasso?
Já vimos que é impossível não fracassar, mas somos capazes de não nos magoarmos quando cometemos algum erro? Aqui, abre-se caminhos opostos em relação ao fracasso: há quem diante desses erros sucumba a pressão emocional e sinta-se mal e pense até que não serve para realizar um trabalho ou desempenhar uma atividade específica. Na outra ponta dessa perspectiva, há também aqueles que não ligam para o erro, mostrando uma grande irresponsabilidade para consigo mesmo e os danos que causa àqueles que contavam com seu sucesso.
Entre esses dois extremos, é preciso encontrar o caminho do meio, o ponto justo de harmonia que nos faça responsáveis por nossos atos equivocados, mas que não nos prenda em um círculo vicioso de autopunição. Lidar com o fracasso, portanto, está diretamente ligado a aprender e se responsabilizar por nossos atos. Por isso, exige uma maturidade emocional para não se abalar de forma paralisante e, ao mesmo tempo, ser capaz de atuar em busca de aprender e se redimir pelos seus erros.
No hinduísmo encontramos o conceito de “Karma”, que exprime bem essa perspectiva de aprendizado a partir de nossas ações. De acordo com a sabedoria hindu, a Lei do Karma nada mais é do que a famosa ação e reação, ou seja, tudo que fazemos gera uma reação que nos ajuda na nossa caminhada espiritual.
Diferente do que se pensa, Karma não é castigo para compensar um mal que cometemos, mas sim uma forma de ensinamento. Se pensarmos que nossa vida tem um propósito, ou Dharma, quando sentimos a dor de um fracasso, isso nada mais é que o Karma nos mostrando que estamos trilhando o caminho errado. A Natureza não é um carrasco que quer nos castigar por nossos erros, mas sim uma professora paciente que quer nos ensinar a sermos melhores.
No podcast desta semana, trazemos uma reflexão profunda e relevante sobre o fracasso e mais detalhes dessa relação tão próxima que vivemos. Não deixe de escutá-lo logo abaixo!