DIY (Do It Yourself) / faça você mesmo (em estilo de vida)

Você já ouviu falar no termo DIY? Essa é a sigla para “Do It Yourself” (“faça você mesmo”, em português), que se tornou uma nova tendência entre os jovens. A bem da verdade, essa mentalidade de ter autonomia sobre tarefas simples do cotidiano sempre existiu, mas ganhou um novo significado nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde se transformou em um movimento que mistura criatividade, humor, independência e estilo de vida. 

Para a juventude atual, o DIY não é mais só sobre construir prateleiras ou customizar roupas, coisas que as gerações passadas admiravam. No mundo contemporâneo, porém, DIY é muito mais sobre tomar o controle da própria vida, assumir responsabilidades, cultivar habilidades e crescer de forma ativa perante o mundo que, ironicamente, cada vez mais nos debilita.

Jovem decorando o próprio quarto com itens DIY
Autonomia em ação: jovens transformando seus espaços com criatividade

O motivo desse boom é simples: os jovens de hoje buscam autenticidade. Eles querem se expressar, criar, modificar e assumir autoria sobre cada pedacinho do próprio mundo. Esse é, em certa medida, um movimento esperado, afinal, a juventude tem como marca a renovação e a inovação, dentro dos seus moldes. Partindo dessa lógica, isso nos leva a um fenômeno ainda maior: a junção de hábitos de vida com a estética DIY, gerando o que muitos já chamam de “DIY Lifestyle”, ou seja, uma forma de viver baseada na busca por autonomia e capacidade de estar sempre se renovando, aprendendo tarefas novas, modulando hábitos que antes não se tinha.

Quando essa nova perspectiva de vida se junta a um mundo hiperconectado, em que rapidamente as “trends” se espalham, o resultado não poderia ser diferente: a crescente DIY Lifestyle é perceptível dentro das redes sociais, principalmente no TikTok. Desse modo, com vídeos curtos, milhões de jovens estão aprendendo a criar organizadores com itens baratos, renovar o seu quarto, customizar roupas e até conseguir manter uma rotina matinal mais produtiva, baseada em pequenos bons ritos.

Captura de tela do TikTok com vídeos sobre DIY
DIY no TikTok: criatividade e rotina se encontrando na tela

É interessante notar que esse movimento vai de encontro ao senso comum que aponta a nova geração como uma das mais “preguiçosas” que já existiu. Na verdade, o que se mostra com essa nova tendência é que os jovens não têm preguiça, mas precisam ser estimulados da maneira correta. Os vídeos do TikTok transformaram o DIY em algo rápido, acessível, divertido e totalmente possível, algo que quando ensinado de outro modo, se torna maçante e pouco interessante.

Frente a essa perspectiva, a fórmula de criar conteúdos mostrando o “antes e depois”, timelapses e desafios de 24h viralizou por causa da combinação entre transformação, esforço próprio, humor, autenticidade, baixo custo e resultado visível. Uma fórmula perfeita para a geração Z. Junto a isso, ao colocar metas e desafios, mostra-se que não precisamos de muitos recursos ou ferramentas para ter boas ideias e resolver problemas comuns do nosso dia a dia. Todos esses elementos ajudaram a mostrar que cada jovem pode construir sua própria vida e ganhar autonomia, e, no fundo, é isso o que realmente atrai as pessoas para viverem o DIY.

A beleza da autonomia e da independência para o ser humano

Agora que entendemos o que é o DIY, vamos nos aprofundar no que realmente torna esse tipo de vida especial e admirada por tantas pessoas. Muito além de uma forma de entretenimento virtual, o DIY se tornou uma filosofia de vida. Ele ensina algo essencial ao ser humano: “Se eu posso transformar meu quarto, também posso transformar minha rotina.” Para um jovem, isso significa ter menos dependência, mais autonomia sobre suas próprias vontades.

Do ponto de vista psicológico, desenvolver o DIY durante sua vida ajuda a construir uma maior autoestima, nos faz desenvolver foco, que pode ser usado para alcançar nossos objetivos, além de desenvolver boas virtudes, como a resiliência e a maturidade emocional; afinal, nem sempre o que faremos funcionará na primeira tentativa, o que nos ensina a lidar com a frustração e o perfeccionismo.

Além disso, quando decidimos, por conta própria, melhorar o ambiente em que vivemos e a rotina que adotamos, ganhamos um grande superpoder: o de mudar nosso cotidiano. Dessa forma, não ficamos reféns do que os outros nos impuseram, muito menos precisamos ficar passivos diante da nossa casa, nosso escritório ou mesmo de nós mesmos. O fato de sermos capazes de mudar, seja física ou psicologicamente, nos dá mais força e autoestima, o que são bons pontos para melhorar nosso humor e um grande aliado na construção de uma boa relação com nossa saúde mental. 

Por causa de tais benefícios, não é difícil entender o porquê de muitos jovens começarem a incorporar o “faça você mesmo” até na rotina da manhã, com hábitos saudáveis que os permite ter mais consciência do que devem fazer ao longo do dia. Pensando nisso, preparamos abaixo uma lista com sete dicas para começar bem o seu dia, uma maneira de incorporarmos a mentalidade DIY em nossas vidas. Quem sabe, ao começar com pequenos hábitos, poderemos adotar cada vez mais essa forma de vida em nossa rotina e ganhar cada vez mais habilidades e autonomia? Vamos agora para as nossas dicas.

1 – Organize seu espaço antes de organizar o dia

Checklist matinal estilo DIY colado na parede
Rotinas simples, impacto diário

Essa parece ser uma dica um tanto quanto simples, porém valiosa do ponto de vista da organização. A primeira coisa que muitas pessoas fazem ao acordar é pegar o celular e abrir notificações, um hábito que está enraizado tão profundamente, principalmente nos mais jovens, que o fazemos automaticamente. Porém, essa atitude geralmente joga o cérebro direto em um estado de atividade demasiada, sendo estimulado com vídeos e mensagens logo nos primeiros minutos do dia. Para quem busca autonomia, o ideal é começar o dia em modo ativo do ponto de vista físico, não mental. Por isso, movimentar o corpo e organizar o ambiente ao nosso redor ativa a nossa percepção de controle.

Basta fazer um pequeno exercício: pense no seu quarto como a “interface” do seu cérebro. Se ele está cheio de coisas fora do lugar, seu foco também vai estar. Basta olhar para a mesa bagunçada para sentir aquela preguiça ou aquele pequeno desespero que só quem vive na correria do dia a dia entende. Não por acaso, esse hábito de organizar os espaços, inspirado no estilo DIY, começou a viralizar entre os jovens no TikTok. Vídeos rápidos arrumando a cama, recolhendo roupas jogadas ou reorganizando a mesa de estudos com trilhas sonoras animadas mostravam não apenas a rotina, mas também o quanto o dia começava bem após tal atividade.

De fato, o benefício psicológico é imediato. Arrumar sua cama, por exemplo, é uma microvitória, a primeira do dia, o que nos agrada e nos causa um verdadeiro bem-estar. Ela comunica para o cérebro que assumimos o controle do ambiente, logo, sou capaz de completar tarefas. Isso ativa o chamado efeito de domínio inicial, que é quando um pequeno ato de autocontrole ajuda você a manter a disciplina em outras coisas ao longo do dia, como estudar, se alimentar melhor ou finalmente responder aquele e-mail importante.

Além disso, organizar o espaço também reduz a chamada “fadiga decisória”, que nada mais é do que o cansaço mental causado por decisões acumuladas. Quando você acorda e vê tudo arrumado, não precisa decidir onde colocar tal coisa, onde está seu caderno, onde deixou seu fone, qual roupa vai usar. A vida se torna mais leve pois tudo está sob seu controle.

E como viver essa dica? Um truque muito adotado por jovens do movimento DIY é criar uma “checklist matinal de organização rápida” com 4 passos fixos: 1) arrumar a cama, 2) guardar roupas soltas, 3) limpar a superfície da mesa, 4) abrir a janela e deixar a luz entrar. Seguindo esses quatro itens, você já está dominando, pelo menos minimamente, o seu ambiente. Além disso, essas quatro ações podem ser feitas em menos de quatro minutos e geram um impacto enorme na sensação de clareza e autonomia.

2. Planeje suas metas em microtarefas

Quem nunca tentou criar listas enormes de metas e abandonou tudo na mesma semana? Muitas vezes, acreditamos que nos encher de compromissos nos fará caminhar mais rápido, mas essa é uma armadilha do mundo acelerado em que vivemos. O que acabamos alcançando é uma  frustração por não conseguir cumprir o que nos comprometemos a fazer; porém, há uma forma inteligente de vencermos isso: devemos aprender a dividir os objetivos em microtarefas para, passo a passo, chegarmos à meta.

O conceito é simples. Pensemos no seguinte exemplo: ao invés de escrever “estudar para prova”, você registra sua tarefa como: revisar capítulo 1, fazer 5 exercícios, ver um vídeo explicativo, revisar anotações por 10 minutos. Desse modo você estará estudando para a prova, porém, com tarefas simples que podem ser feitas rapidamente, em alguns casos. Assim, cada microtarefa é como uma pecinha de LEGO que, sozinha, parece pequena, mas todas essas pecinhas juntas constroem algo grande. Esse método ficou muito famoso entre criadores DIY que produzem vídeos de organização e rotina, mostrando que quebrar tarefas em pedaços deixa tudo mais realizável.

Há também um efeito psicológico nesse hábito, pois quando você completa microtarefas rapidamente, o cérebro libera pequenas doses de dopamina, que é o neurotransmissor da recompensa. Ou seja, você começa o dia criando um ciclo de vitórias. Nesse aspecto, as microtarefas ajudam a manter o foco em blocos pequenos, evitando a sensação de sobrecarga.

Uma dica prática para aplicar hoje mesmo: pegue sua principal meta do dia e a quebre em 5 a 7 microtarefas. Em seguida, estabeleça um tempo médio para resolver cada uma delas. Recomendamos começar pela mais simples, para que isso te motive a entrar no ciclo de vitórias. Com isso, você perceberá que as demais ficarão mais fáceis, não porque o são em si, mas pela motivação extra que ganhamos ao ir resolvendo esses pequenos afazeres.

3. Mova seu corpo por 10 minutos

Essa parece ser outra dica “simples”, mas que evitamos fazer. Parece óbvio, mas pequenos exercícios matinais ajudam a jogar energia em nosso corpo e a despertá-lo. Não precisamos acordar às 5h, correr 7 km ou virar atleta olímpico para isso. Na verdade, o que ajuda é alongar nosso corpo, fazer algumas respirações ou mesmo exercícios com o próprio peso, apenas para ativar nossos músculos e preparar nosso organismo para mais um dia. 

Jovem fazendo alongamento matinal no quarto
Movimento e presença logo ao acordar

Caso você não saiba quais exercícios fazer, sugerimos que busque alongar os braços e pernas, movimentar todas as articulações, desde o pescoço até pulsos e calcanhares. Além disso, pode dançar, fazer abdominais, flexões e exercícios que, em geral, usam a mobilidade do corpo para deixá-lo mais apto ao dia a dia. Esses movimentos ajudam a nos preparar, são excelentes para manter um grau de saúde física e ativam a circulação.

Outra vantagem de treinos curtos é a constância. Se reclamamos que não podemos gastar horas em academia, é preferível fazer pequenos exercícios todos os dias, pois o segredo da longevidade está no ritmo em que empregamos nossas atividades. É melhor fazer 10 minutos por dia do que 1 hora seguida uma vez por semana. 

4. Prepare um café da manhã

O café da manhã virou um dos conteúdos mais populares no TikTok, e talvez para uma pessoa um pouco mais velha, isso não faça sentido; afinal, todos nós precisamos preparar nosso café matinal. Entre os jovens, porém, essa é uma novidade; afinal, muitas vezes eles foram criados sem entender a beleza de fazer uma mesa posta, de sentar e desfrutar dessa refeição, sem mexer no celular ou estar de frente para uma TV. 

Esse pequeno ritual, que para muitos pode parecer algo normal, é cada vez mais raro. Preparar sua própria refeição, no mundo atual, passou de uma necessidade para uma forma de autocuidado. Você não apenas se alimenta, mas nesse processo também ajuda a tirar um pouco o foco das redes sociais, abastecendo seu corpo de forma mais presente.

5. Faça uma higiene digital

A saúde digital se tornou um tema enorme no mundo atual, principalmente porque o excesso de estímulos pode arruinar os nossos dias. A revisão digital nada mais é do que um hábito para limpar notificações inúteis, antigas e de grupos que já não fazem parte da nossa vida; arquivar conversas ou mensagens que já não precisam estar em nossas redes; organizar a agenda do dia para não se perder ao longo da rotina; observar notificações realmente importantes para não deixá-las sem resposta e, em resumo, ajustar nossas prioridades.

Essa revisão de nossas redes sociais é necessária, visto o mundo em que vivemos. Não podemos nos alienar perante o ritmo social em que vivemos; porém, é nosso dever saber lidar de maneira saudável com isso. Desse modo, o hábito evita criar o caos mental que vem ao acordar com 200 notificações acumuladas e a sensação de que precisa dar vazão a toda e qualquer mensagem que nos chega. 

6. Defina objetivos internos para o dia

Diferentemente de metas objetivas, o que chamamos de “objetivos internos” funciona como bússola emocional, ou, de modo mais filosófico, nada mais é do que a prática das virtudes. Assim, exercitar conscientemente a paciência e a disciplina, começar a se reconciliar com um amigo ou viver de maneira mais presente aquele dia são lembretes mentais que podemos usar para começar nossas atividades com um plano definido.

7. Faça algo criativo no seu dia

A criatividade é combustível para a autonomia. Em apenas 5 minutos você pode desenhar algo simples, escrever um diário, organizar uma playlist que deseja escutar, escolher a maneira que irá se vestir, curtir uma música cantando ou dançando. Nesse pequeno item, podemos dar asas à imaginação e deixar que ela flua, sem ninguém para nos impedir de sermos quem realmente desejamos. 

Muitas vezes, achamos que dar vazão a nossa criatividade é ser algo que “não somos”, afinal, muitos de nós não são dançarinos, nem escritores ou músicos; porém, tais hábitos estimulam nossa criatividade e nos permitem jogar para longe alguma emoção negativa ou expressar o que estamos sentindo, sendo um processo quase terapêutico.

Pequenos hábitos podem mudar nossa vida

Por fim, se faz necessário entender que pequenos hábitos constroem quem somos em algum grau. Esse é o princípio central do DIY Lifestyle, pois a mudança não nasce de grandes decisões, mas de constância ao se permitir fazer o novo. O segredo é começar pequeno, ajustar, adaptar, personalizar sem se perder de quem nós somos. Com isso, nos sentimos mais confiantes, criativos, disciplinados e, em algum grau, donos de nossa própria rotina.

A cultura DIY conquistou a juventude porque ela devolve algo que muitas vezes falta no mundo atual: a sensação de autonomia sobre a própria vida. Em meio a tantas cobranças, comparações, prazos, estudos, trabalho e expectativas sociais, essa “trend” nos lembra que a autonomia não nasce de conquistas gigantes, e sim de hábitos que são cultivados todos os dias. Esses hábitos, somados, criam um ciclo de autoconfiança, clareza e propósito para quem os vive. Os dias passam a ter sentido, e a vida ganha novas perspectivas.

Jovem criando algo sozinho, com expressão de realização
DIY como caminho para a liberdade e autoconhecimento

O movimento DIY, portanto, vai muito além de uma trend do TikTok, ou mais uma febre entre os jovens. O que se busca para além do aspecto objetivo, ou seja, do aprender a fazer por conta própria móveis, ou customização de roupas, é o retorno a conectar consigo mesmo. Ninguém deseja ser dependente, afinal, o caminho da humanidade é buscar ser livre, e isso exige autonomia.

Logo, ao viver esse estilo de vida, podemos aprender a sermos nós mesmos, sem nos limitarmos ao que não sabemos fazer ou por não sentir que estamos sob o controle de nossas próprias vidas. Nesse sentido, o “fazer você mesmo” é, na verdade, um caminho de construção: não de coisas, mas sim de nossa verdadeira essência humana.

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