Todos nós temos, de uma maneira quase que instintiva, a intenção de nos tornarmos melhores em tudo o que fazemos e principalmente de nos tornarmos melhores do que já somos. Não por vaidade ou por alguma necessidade de parecermos superiores aos nossos irmãos, mas sim por essa inevitável e eterna busca por conhecer os nossos próprios limites, para que assim possamos superá-los e encontrarmos de fato um caminho menos doloroso para a nossa evolução.
Costuma-se dizer que todas as mudanças acontecem pelo Amor ou pela dor, mas na verdade, todas as provas, amorosas ou dolorosas, que a Vida nos oferece são exatamente as que precisamos. Assim como na escola ou em um exame, nós necessitamos passar por elas para podermos alcançar o grau necessário de conhecimento de nós mesmos perante os desafios que nos são inevitáveis.
Muitas vezes quando estamos sofrendo, e talvez por isso mesmo, não conseguimos desenvolver a percepção adequada para entendermos os ensinamentos contidos naquele flagelo. Fica difícil perceber que a Vida está nos oferecendo uma oportunidade ímpar de crescimento.
Quando nos permitimos encarar as provas que nos são inevitavelmente impostas no decorrer da nossa existência, quando percebemos que essas provas são como oportunidades de desenvolvimento da nossa Humildade e da nossa Sabedoria, quando conseguimos nos adaptar, mesmo que à duras penas, ao que em muitas situações nos parece ser a única possibilidade de sobrevivência, quando entendemos que fazemos parte de um contexto muito maior do que a nossa própria existência, quando passamos a nos ver como uma peça não descartável no “tabuleiro” da criação, começamos a nos Amar e a nos Respeitar com a Dignidade e a elegância de um “mestre sala”. Somente dessa forma entenderemos que todas as atitudes que possamos tomar, e até mesmo as que deixamos para trás, podem e devem se tornar a combinação perfeita para a construção de um novo Ser Humano.
O escritor Caio Fernando Abreu traz uma mensagem que casa muito bem com essa reflexão:
“Eu preciso muito deixar acontecer o momento da renovação, trocar de pele, mudar de cor. Tenho sentido necessidades do novo, não importa o quê, mais que seja novo, nem que sejam os problemas. Preciso deixar a casa vazia para receber a nova mobília. Fazer a faxina da mente, da alma, do corpo e do coração. Demolir as ruínas e construir qualquer coisa nova, quem sabe um castelo.”
Essa renovação interior depende da nossa capacidade de nos observarmos, de fazermos uma avaliação sincera e imparcial, para que através desse exercício possamos conhecer nossas verdadeiras Virtudes e fraquezas. Só depois de conseguirmos entender quem realmente somos e onde realmente estamos, poderemos direcionar a nossa atenção ao centro do nosso Ser, esse algo Imortal e Eterno que habita em nós e não necessita de renovação, pois sempre foi e sempre será a nossa Essência Divina, e através dela estivemos, estamos e estaremos eternamente nos renovando. Que encontremos o nosso centro, pois só assim seremos Novos Homens, melhores e renovados a cada dia.